03 set 18

Pelo terceiro ano consecutivo o Dr. Fernando Valério é convidado pelo Colégio Ítaca para ministrar a palestra “Estilo de vida, alimentação e atividade física: por que se preocupar desde jovens?” para os seus alunos do 9° ano.
Como sempre o resultado foi muito positivo e abrangente. Esta é uma atividade que traz imenso orgulho e que mostra que todos somos responsáveis pelo crescimento dos nossos jovens. Poder falar diretamente com eles de maneira responsável e aberta, discutir sobre as suas escolhas e opções, fazê-los refletir em cima de dados, ponderar sobre o uso do álcool e as suas consequências, e principalmente orientá-los sobre uma vida saudável é realmente muito importante e engrandecedor.

Na palestra foram abordados temas como a alimentação saudável e suas fontes , as doenças relacionadas a um estilo de vida equivocado (diabetes, hipertensão arterial, câncer, obesidade), medidas de avaliação de composição corporal, macro (proteínas, carboidratos e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais) e a importância da atividade física.

Pelo terceiro ano consecutivo o Dr. Fernando Valério é convidado pelo Colégio Ítaca para ministrar a palestra “Estilo de vida, alimentação e atividade física: por que se preocupar desde jovens?” para os seus alunos do 9° ano. Como sempre o resultado foi muito positivo e abrangente. Esta é uma atividade que traz imenso orgulho e […]
16 ago 18

No último dia 08 de agosto, o Dr. Fernando Valério, em parceria com a Omint, ministrou a palestra “Estilo de vida e promoção da saúde” no banco americano Goldman Sachs.
A discussão foi muito proveitosa e se abordaram temas como os riscos de um estilo de vida inadequado, aspectos motivacionais e táticas de comportamento para mudanças de atitude. E obviamente, falou-se muito sobre a prática alimentar correta, sem manias ou vícios da moda.

Foi uma ótima oportunidade para se discutir com profundidade os resultados de um estilo de vida mais adequado, com mudanças na alimentação e na prática de atividades físicas. Durante a palestra discutiu-se as consequências destes erros comportamentais, como o aumento do risco de infarto agudo do miocárdio, da obesidade,  de acidente vascular cerebral, doenças demenciais, tumores malignos, alterações ósseas e articulares, e perda de massa muscular. Mas também foi possível mostrar possibilidades e táticas para uma mudança produtiva, racional, baseada em comprovações médicas e não em modismos.

No último dia 08 de agosto, o Dr. Fernando Valério, em parceria com a Omint, ministrou a palestra “Estilo de vida e promoção da saúde” no banco americano Goldman Sachs. A discussão foi muito proveitosa e se abordaram temas como os riscos de um estilo de vida inadequado, aspectos motivacionais e táticas de comportamento para […]
19 jun 18

A Gastroenterologia é a especialidade médica ligada ao estudo dos distúrbios digestivos. A Nutrologia é a especialidade médica relacionada ao estudo dos alimentos e a sua relação com a nossa saúde e doenças. Como o aparelho digestivo tem como principal função a ingestão, digestão e absorção dos alimentos, é óbvio que o estudo destas especialidades se complementam de maneira muito produtiva.  Na minha prática médica vivo isto de maneira muito interessante, já que o profundo entendimento das doenças digestivas me permitem entender as alterações ocorridas e as suas consequências, avaliar e solicitar os exames necessários prontamente, indicar tratamentos medicamentosos e, principalmente, orientar a alimentação e dieta a serem seguidas.

O gastro nutrólogo pode atuar em diversas doenças digestivas e trazer ótimos resultados aos seus pacientes, visto que consegue ter uma visão global de tudo que envolve a doença digestiva e os seus aspectos alimentares. Vou citar abaixo algumas doenças em que a abordagem de um gastroenterologista nutrólogo pode ser muito útil:

Doença diverticular (diverticulose) e diverticulite aguda:
Orientar a alimentação adequada para que pacientes com doença diverticular não sofram com novas crises de diverticulite aguda. E também orientar tratamentos medicamentosos (antibióticos) e dieta durante o quadro de diverticulite aguda, e posteriormente a   crise.

Doença Celíaca (intolerância ao glúten), intolerância à lactose, sensibilidade ao glúten não celíaca e alergias alimentares:
O médico pode através da história clínica suspeitar de algumas destas alterações do aparelho digestivo, solicitar os exames laboratoriais e de imagem (endoscopia digestiva alta), corrigir as consequências nutricionais destas alterações, e indicar uma dieta adequada como forma de tratamento.

Diarreia e constipação crônica:
Avaliar as possíveis causas de diarreia (infecciosas, doenças funcionais e inflamatórias), indicar tratamentos medicamentosos e dieta constipante. Por outro lado, também pode avaliar os motivos de alterações de defecação e constipação intestinal, além de orientar dieta rica em fibras e laxativas.

Aumento de gases intestinais e Síndrome do Intestino Irritável (SII):
Tratar os pacientes que sofrem da SII com medicamentos específicos, e orientar quais os alimentos que podem levar ao aumento da flatulência (gases) e diarreia.

Doenças inflamatórias intestinais:
As colites, como a Doença de Crohn e a Retocolite ulcerativa, são doenças complexas e que podem evoluir com quadros de deficiência de minerais, vitaminas e proteínas. Por isso o gastroenterologista nutrólogo deve se preocupar em fazer uma avaliação da composição corporal e dos níveis de vitaminas e minerais no sangue, com a possibilidade de correção destes distúrbios nutricionais consequentes à inflamação intestinal.

Gastrite, dispepsia, refluxo gastroesofágico e esofagite:
O esôfago e estômago são os primeiros órgãos do aparelho digestivo a receberem os alimentos após a deglutição, e portanto podem sofrer com a ingestão de alimentos que tragam algum desconforto ou lesão. Na prática médica, é possível que se faça a avaliação destas lesões através de endoscopia digestiva alta, que se trate com medicamentos específicos e que se oriente a parte alimentar.

–  Esteatose hepática:
A esteatose é o aumento do depósito de gordura no fígado, e está muito relacionado a obesidade e aumento de glicemia/diabetes. Nestes casos é importante avaliar a integridade do fígado e prevenir inflamações decorrentes do depósito de gordura no órgão, assim como orientar uma alimentação adequada para o controle da obesidade e de glicemia e diabetes.

Descrevi neste artigo as alterações digestivas mais importantes e que trato em minha prática clínica associando os conhecimentos de gastroenterologia e nutrologia,  e mostrando como as associação das duas especialidades é interessante e extremamente produtiva aos pacientes que sofrem com estes distúrbios.

 

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

A Gastroenterologia é a especialidade médica ligada ao estudo dos distúrbios digestivos. A Nutrologia é a especialidade médica relacionada ao estudo dos alimentos e a sua relação com a nossa saúde e doenças. Como o aparelho digestivo tem como principal função a ingestão, digestão e absorção dos alimentos, é óbvio que o estudo destas especialidades se […]
24 abr 17

A obesidade é uma doença endêmica em todo o Mundo, e no Brasil a prevalência desta doença metabólica e suas consequências cresce visivelmente. Sabemos que atualmente 54,1% dos brasileiros adultos está com sobrepeso ou é obeso. E o que mais preocupa é que as crianças também estão sofrendo com este mal, onde 15% das nossas crianças já estão acima do peso. Pensando apenas em crianças abaixo de 5 anos, 7,3% deste grupo etário já está afetado pelo excesso de peso. Segundo alguns dados recentes, a obesidade infantil aumentou 300% nos últimos 40 anos. Como médico, a preocupação é que as consequências da obesidade infantil são óbvias, com alterações psicossociais, endócrinas, gastrointestinais, ortopédicas e cardiorrespiratórias. Além disso, crianças acima do peso serão em 40% das vezes adultos obesos, enquanto 80% dos adolescentes obesos também manterão este padrão de peso na idade adulta. O objetivo médico imediato é identificar as crianças com sobrepeso e obesidade, orientar as famílias e ajudar no controle dos fatores de risco para doenças crônicas.

Como a obesidade e suas comorbidades se tornaram o maior desafio médico global quando se pensa em doenças que afetam crianças e adolescentes de todas as idades, a identificação dos fatores de risco é muito importante. Estes fatores são divididos em intrauterinos e pós-natais.

Fatores intrauterinos:

  • Diabetes gestacional
  • Hipertensão arterial materna
  • Excesso de ganho de peso materno durante a gestação
  • Alterações no crescimento fetal intrauterino (pequeno ou grande para a idade gestacional)
  • Exposição fetal ao cigarro e cocaína

 

Fatores pós-natais:

  • Introdução precoce de alimentos sólidos ao bebê (menos de 4 meses de idade)
  • Amamentação materna por período menor que 6 meses
  • Pais com excesso de peso
  • Excesso de tempo utilizando aparelhos eletrônicos (TV, videogames, tablets, celulares)
  • Relação materno-infantil frágil

 

A história alimentar e de peso dos pais e familiares deve ser associada à presença da obesidade infantil, já que padrões genéticos e comportamentais podem estar presentes. A evidência de que uma significante relação entre variáveis genéticas e comportamentais existe e já foi comprovada. Além disso, crianças com pais e familiares obesos costumam seguir os mesmos padrões dietéticos e alimentares, o mesmo gasto de tempo em frente à televisão e aparelhos eletrônicos, pouco prática de atividades físicas, o que explica a tendência de que toda a família esteja fora dos padrões de peso e comportamento alimentar adequados. Estudos recentes também mostram que alterações na flora intestinal (microbiota) poderiam explicar em parte a presença da obesidade infantil, já que as bactérias intestinais afetariam o processamento de nutrientes pelo intestino, além de gerar resposta imunológica e inflamatória que colaborariam com o desenvolvimento da obesidade. Uma explicação para que a flora intestinal se alterasse em crianças seria o uso de antibióticos em idade inferior a dois anos. Mesmo que a flora intestinal se recuperasse após o término do uso do medicamento, já poderia ter havido uma persistente alteração nos padrões de metabolismos e aspectos físicos da criança.

A definição mais clara da obesidade é o excesso de massa gordurosa. A principal maneira como se identificam as crianças com excesso de peso são as medidas antropométricas, que utilizam o peso e altura. Outras formas de medida, como a densitometria, bioimpedância e ressonância magnéticas não são utilizadas rotineiramente na prática clínica para a avaliação de crianças. Por isso, métodos como o índice de massa corpórea e medidas da circunferência abdominal e pregas cutâneas são praticamente os métodos exclusivos de medida. Após a realização destes cálculos, os dados devem ser aplicados a curvas que consideram a idade da criança. Ou seja, índices de massas corpóreas podem ser considerados normais ou não dependendo da faixa etária. E mesmo que este método de avaliação não defina a massa muscular, óssea e gordurosa de maneira individualizada, o seu padrão de resultados é bem aceitável e compatível com a realidade na maior parte dos casos.

Quando se identifica e se comunica o excesso de peso em crianças é sempre importante que o médico fique atento ao estigma que este diagnóstico trará. Crianças “gordas” são comumente associadas à comportamentos preguiçosos, à falta de atratividade e até mesmo, estupidez. É por isso que médicos, nutricionistas e familiares devem entender e estar sensíveis aos sentimentos que a criança demonstra de vergonha, falta de motivação e até mesmo de depressão frente a um problema físico aparente. Os pais não devem se sentir julgados e criticados quando os seus filhos recebem o diagnóstico de sobrepeso e obesidade, e sim colaborar com a equipe de saúde para que o seu filho se trate de maneira adequada e responsável. O sentimento de culpa não ajuda a qualquer parte durante o processo, seja a criança ou os pais. Por outro lado, médicos não devem apenas explicar sobre a doença, mas também propor cuidados e tratamentos.

Além do óbvio efeito estético que o sobrepeso e a obesidade causam, há ainda uma enormidade de complicações relacionadas a esta doença. São elas:

  • Psicossocial: distúrbios de autoimagem, vitimização, baixa autoestima, prejuízo na socialização, ansiedade, sintomas depressivos e distúrbios alimentares comportamentais.
  • Cardiovascular: dislipidemia (aumento de colesterol e triglicérides), hipertensão arterial, desenvolvimento de placas de atero-esclerose precocemente.
  • Endocrinológica: aumento de insulina, pré-diabetes, diabetes tipo 2, síndrome metabólica.
  • Respiratória: apneia do sono.
  • Gastrointestinal: esteatose hepática (gordura no fígado).
  • Ortopédicas: dores articulares em membros inferiores, piora na mobilidade.

 

Quanto ao tratamento, obviamente ele exige uma mudança de estilo de vida da criança, e provavelmente, de toda a família. Melhores escolhas alimentares, orientação quanto à horários das refeições e definição das porções dos alimentos são sempre medidas necessárias. Uma medida didática criada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos é a regra do 5-2-1-0, que corresponde às seguintes orientações.

  • 5 ou mais porções de frutas, verduras ou legumes ao dia.
  • 2 horas ou menos de televisão ou videogames ao dia.
  • 1 hora ou mais de alguma atividade física.
  • 0 (zero) consumo de bebidas e alimentos adoçados com açúcar.

 

Os resultados quando se realizam estas medidas comportamentais de média ou alta intensidade costumam ser efetivos na redução do índice de massa corpórea em um período de 12 meses. Alguns estudos mostram que após a reeducação alimentar esta adequação do peso pode ser duradoura. Em casos extremos, quando não se consegue que medidas comportamentais sejam instituídas, quando estas não atingem os resultados esperados ou quando não se consegue controlar as complicações decorrentes da obesidade, o uso de medicamentos pode ser necessário. Atualmente, os Estados Unidos liberaram apenas o uso do orlistate como tratamento medicamentoso específico para crianças. Mas no caso de crianças com pré-diabetes ou diabetes, medicações que reduzem a glicemia (hipoglicemiantes) podem ser usados. Alguns estudos sugerem alguma redução de peso com o uso destas medicações. Nas crianças em que a esteatose hepática gerou um processo inflamatório no fígado (esteato-hepatite), o uso de suplementos de vitamina E tem sido proposto.

Quanto à cirurgia bariátrica, este método de tratamento mais radical tem espaço em adolescentes, mas desde que estes sigam regras rigorosas de indicação do procedimento. É preciso sempre reforçar que esta cirurgia visa o controle de comorbidades e complicações causadas pela obesidade, e não deve ser usada como um artifício estético. Dentre os critérios de inclusão para a realização da cirurgia estão a falta de resultado com medidas alimentares e atividade física, a capacidade do adolescente em decidir comprovada, ter maturidade psicológica, ter índice de massa corpórea maior que 50 ou maior de 40 com comorbidades associadas (hipertensão arterial, diabetes, apneia do sono), ter a capacidade de entender as consequências da cirurgia, ser capaz de aderir a programas de adequação de estilo de vida após a cirurgia, e no caso da meninas, não engravidar por um período de até um ano após o procedimento.

Acredito que com este artigo consegui passar informações que lhes comprovem a gravidade do que significa uma criança estar com sobrepeso ou obesa, as suas consequências, além de algumas medidas e orientações para que esta doença possa ser tratada de maneira correta e duradoura. Obviamente estas crianças precisam ser acompanhadas por profissionais habilitados e que trabalhem juntamente com as famílias para que bons resultados sejam atingidos.

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

A obesidade é uma doença endêmica em todo o Mundo, e no Brasil a prevalência desta doença metabólica e suas consequências cresce visivelmente. Sabemos que atualmente 54,1% dos brasileiros adultos está com sobrepeso ou é obeso. E o que mais preocupa é que as crianças também estão sofrendo com este mal, onde 15% das nossas […]
18 abr 17

Nós vivemos um momento social em que a ingestão do glúten passa por diversos questionamentos e dúvidas. Na minha opinião, existe uma série de exageros, modas e mitos a este respeito, além de muitas informações divulgadas sem respaldo científico comprovado e feito por pessoas sem capacidade profissional para emitirem estes pareceres. O que traz preocupação é que algumas pessoas realmente apresentam distúrbios digestivos ligados ao glúten, e que podem ter o seu diagnóstico retardado em razão da banalização deste tema. Estas doenças podem levar de um discreto comprometimento da qualidade de vida pessoal e social até doenças e sintomas graves. São exemplos destes distúrbios intestinais ligados ao glúten a doença celíaca (intolerância ao glúten), a alergia e a sensibilidade ao glúten. O tema deste artigo é discutir as indicações dos exames e quais destes são realmente úteis para o diagnóstico da doença celíaca. Infelizmente há no mercado uma serie de exames caros e sem fundamentação médica, e sem utilidade para o diagnóstico da doença celíaca, e por isso esta acredito que esta descrição seja importante.

O glúten é uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Por isso, todos os alimentos que contenham esta proteína deverão ser evitados por pacientes com a doença celíaca. São alguns exemplos destes alimentos as bolachas, massas, sorvetes, pães, pizzas, cervejas, refrigerantes e chocolates. A doença celíaca é uma doença gastrointestinal crônica, que afeta 1% da população, e que leva a um processo inflamatório na mucosa do intestino devido a uma resposta imunológica em pessoas geneticamente susceptíveis ao glúten. Ou seja, o nosso organismo reconhece o glúten como um “agressor”, e tenta neutralizá-lo através de anticorpos que nós mesmos produzimos. O problema é que estes anticorpos também agem contra a nossa mucosa intestinal, prejudicando a integridade e funcionamento do nosso intestino. Esta resposta inflamatória exagerada pode causar uma variedade de sintomas intestinais e extra-intestinais, como a deficiência de nutrientes (vitaminas do complexo B e D, ferro, cálcio, intolerância à lactose), osteoporose, anemia, crescimento inadequado, doenças auto-imunes (hepatite, diabetes, tireoidite) e tumores (principalmente o linfoma). Esta gama de complicações que podem surgir durante a vida destes pacientes é o que justifica o esforço para que o diagnóstico seja realizado o quanto antes. Sabe-se que diagnósticos precoces são essenciais para o que se previnam estas complicações.

Como a doença celíaca pode se apresentar com sintomas discretos ou até mesmo atípicos, esta possibilidade diagnóstica às vezes não chama a atenção do médico, o que prejudica e muito as chances de um diagnóstico precoce. A falta de atenção para esta possibilidade desta doença é tão comum que o intervalo entre o começo dos sintomas e a confirmação da presença da doença celíaca é em média de 12 anos. Por isso, um grande grupo de situações impõe aos médicos a necessidade de triar estes pacientes para um possível diagnóstico da doença celíaca. São exemplos destas situações dor e distensão abdominais, flatulência e aumento de gases intestinais, diarreia crônica, anemia causada por deficiência de ferro, síndrome do intestino irritável, osteopenia e osteoporose, retardo na puberdade e crescimento, baixa estatura, vômitos recorrentes, irritabilidade, perda de apetite (anorexia), fadiga crônica, doença hepática auto-imune, doença de tireoide auto-imune, elevação de enzimas hepáticas e perda de peso inexplicada.

O diagnóstico de certeza para a doença celíaca é realização de endoscopia digestiva alta, com biópsia intestinal (duodeno). No momento do exame e da biópsia, para que o diagnóstico seja firmado com maior tranquilidade e certeza, é preciso que o paciente esteja com dieta normal em relação ao glúten, ou seja, ingerindo regularmente esta proteína. A biópsia mostra a atrofia das vilosidade intestinais e o processo inflamatório característico da doença.

No entanto, o exame endoscópico é invasivo, requer sedação, além de ter um maior custo quando se pensa em triagem de grandes grupos. Por isso, os exames sorológicos (sangue) são tão importantes. Os exames laboratoriais confirmam a presença de anticorpos que reagem à presença do glúten na nossa alimentação, e que em níveis sanguíneos elevados podem representar o diagnóstico de doença celíaca. Os mais utilizados são os anticorpos antiendomísio, antitransglutaminase tecidual (teste preferido) e antigliadina (deamidada). Mas é importante lembrar que estes exames laboratoriais são sempre usados como triagem, e que o diagnóstico definitivo será feito através de biópsia intestinal colhida em endoscopia digestiva alta.

Um outro ponto importante para se discurtir a respeito do diagnóstico de doença celíaca são os testes genéticos. Esta doença tem um enorme componente genético, e por isso parentes de primeiro grau são muito mais sujeitos a manifestar a doença. Por isso realizam-se também testes genéticos de suscetibilidade, como o exames HLA DQ2 e DQ8. Mas lembro que estes exames genéticos não mostram ou confirmam a presença da doença no momento, e sim um risco potencial. Para que se tenha uma boa ideia sobre este exame, mais de 30% da população de pele branca apresenta positividade para estes testes, mas somente 4% destas pessoas com exame positivo realmente desenvolverão a doença.

Conclui-se portanto que os exames laboratoriais são muito úteis quando há suspeita de doença celíaca, e que o diagnóstico precoce é muito importante quando se pensa em prevenir as complicações desta doença e que a biópsia intestinal é realmente o exame que confirma a doença. E uma informação muito importante! Não se começa uma dieta sem glúten até que um diagnóstico seja realmente estabelecido. Não há razão para se causar um transtorno pessoal, social e financeiro sem a confirmação de que o glúten realmente causa alguma alteração digestiva.

 

Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint

Nós vivemos um momento social em que a ingestão do glúten passa por diversos questionamentos e dúvidas. Na minha opinião, existe uma série de exageros, modas e mitos a este respeito, além de muitas informações divulgadas sem respaldo científico comprovado e feito por pessoas sem capacidade profissional para emitirem estes pareceres. O que traz preocupação […]
04 abr 17

O tratamento do câncer pode aumentar muito a demanda nutricional do nosso corpo. Por isso é muito relevante que neste período de terapia a dieta seja sempre saudável e rica em alimentos nutritivos. Os principais objetivos nutricionais durante o tratamento do câncer é manter um peso corporal compatível com a normalidade e comer alimentos adequados que possam suprir o nosso corpo com calorias e nutrientes. Desta forma conseguimos promover ao corpo energia suficiente para que a reparação, recuperação e cicatrização dos órgãos e tecidos afetados ocorram da melhor maneira possível.

Pacientes com câncer devem receber uma dieta equilibrada e medicamente comprovada, com recomendações individuais e personalizadas, e baseada em inúmeros fatores, como o tipo de câncer, o estágio da doença, o tratamento planejado e proposto, a história nutricional e de peso, resultados de avaliação de composição corporal e os valores dos exames laboratoriais. Esta é uma doença grave e com riscos óbvios, por isso não se deve perder tempo com informações e condutas não estudadas e com efeitos que não foram rigorosamente examinados. Infelizmente a parte alimentar é uma das que mais sofre com informações equivocadas, principalmente quando se pensa que alimentos “mágicos” podem resolver muitas questões e até mesmo curar o paciente. Dietas alternativas e sem o aval de estudos sérios mostram-se prejudiciais aos pacientes com câncer. Assim como toda pessoa saudável, o paciente com câncer deve comer uma dieta correta e equilibrada, que inclui frutas e vegetais, quantidades moderadas de grãos integrais, boas fontes de proteínas (carnes peixe, frango e carne vermelha magra), lacticínios com baixo teor de gordura, leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico) e tofu, por exemplo. Ou seja, uma dieta comum, sem segredos, mas adequada e pensada para cada caso. Se houver necessidade, suplementos alimentares podem ser indicados por especialistas em nutrição, principalmente quando não se atinge o requerimento alimentar mínimo necessário com a dieta regular.

E se apesar de toda uma oferta alimentar adequada e rica em opções o paciente não conseguir comer de maneira correta durante o tratamento? Este é o grande problema que aflige pacientes, familiares e equipe de saúde quando se pensa em alimentação e pacientes com câncer. Infelizmente os efeitos colaterais decorrentes do tratamento podem comprometer os hábitos alimentares e o status nutricional. (mais…)

O tratamento do câncer pode aumentar muito a demanda nutricional do nosso corpo. Por isso é muito relevante que neste período de terapia a dieta seja sempre saudável e rica em alimentos nutritivos. Os principais objetivos nutricionais durante o tratamento do câncer é manter um peso corporal compatível com a normalidade e comer alimentos adequados […]