01 fev 06
Diverticulite Aguda

O que é?

Divertículos são formações saculares que podem ser encontradas em todo o tubo digestivo, localizando-se, entretanto, com maior freqüência ao longo do intestino grosso. Estas saculações são o resultado da fraqueza de alguns locais da parede do intestino grosso, principalmente na musculatura desta parede.
Esta doença atinge 8% da população mundial, e aumenta progressivamente com a idade. Sabe-se que um terço das pessoas com mais de 60 anos apresentam divertículos intestinais. Em contrapartida, é menos freqüente em pessoas com idade inferior a 40 anos (2 a 5%).
A diverticulite aguda ocorre devido à obstrução destes divertículos por fezes ou por alguns alimentos, o que levaria a um grande processo inflamatório na parede intestinal, associado a uma infecção do local. A diverticulite aguda é uma complicação comum na evolução e história natural da doença diverticular, e ocorre em 10 a 25% dos pacientes com divertículos intestinais.
A evolução da diverticulite aguda pode ser para a resolução pelo tratamento clínico, ou então se complica pela formação de abscesso (pus), perfuração e peritonite (infecção da cavidade abdominal). De acordo com esta evolução, a diverticulite aguda se apresenta em quatro graus: (1) inflamação e infecção limitada à parede do intestino grosso; (2) abscesso (presença de pus) próximo ao divertículo comprometido; (3) perfuração do abscesso com vazamento de pus para toda a cavidade abdominal; e (4), o vazamento de fezes para a cavidade abdominal devido à perfuração do divertículo.

diverculite

Sintomas

Apesar da diverticulite aguda acometer qualquer idade, ela é mais comumente observada em pacientes com mais de 50 anos de idade. A dor é a sua principal característica, estando esta localizada no lado esquerdo do abdome. O sintoma doloroso é semelhante ao da apendicite aguda, só que no lado esquerdo. A dor tem um início lento, mas progressivo, tornando-se constante com a evolução do processo inflamatório, e se apresenta como cólica intestinal.
Observam-se náuseas, mas os vômitos são infreqüentes, e quando presentes podem sugerir intenso processo inflamatório intestinal. A distensão do abdome é uma queixa freqüente, principalmente após as refeições. A febre é outro sintoma normalmente referido e, quando elevada, sugere a possibilidade de diverticulite com abscesso. Alterações do hábito intestinal, como diarréia e, principalmente constipação, também são muito comuns. Surtos repetidos de diverticulite aguda levam ao estreitamento do intestino grosso, causando distensão do abdome e alteração na forma das fezes (em fita ou “bolinhas”).
Devido à proximidade do intestino grosso com a bexiga e o ureter, alguns pacientes referem sintomas semelhantes aos da infecção urinária, como a ardência ao urinar.
Ao exame físico, o paciente refere dor à palpação do abdome, e dependendo da intensidade (abscesso ou peritonite), o exame é extremamente desconfortável para o paciente. Em alguns casos, o intestino grosso acometido pela diverticulite é facilmente palpável devido ao grande processo inflamatório ou à presença de abscesso volumoso.

Diagnóstico

O exame de sangue (hemograma) mostra um aumento das células de defesa (leucócitos), podendo ser este aumento discreto (diverticulite leve) ou intenso (abscesso e peritonite).
A ultra-sonografia e a tomografia computadorizada do abdome são métodos úteis no diagnóstico da diverticulite aguda, pois mostram a inflamação da parede do intestino grosso, além da presença do abscesso. Nos casos que atendo em meu consultório, dou preferência à tomografia, já que este é um método de maior eficácia do que a ultra-sonografia no diagnóstico da diverticulite e das suas complicações, além de possibilitar o diagnóstico de outras doenças (ginecológicas e apendicite aguda), quando não se tem certeza se a causa dos sintomas é mesmo a diverticulite.
Um outro exame importante no diagnóstico da diverticulite é o enema opaco. Neste exame injeta-se contraste no interior do intestino, e desta forma, o exame mostra a presença dos divertículos, do processo inflamatório na parede do intestino grosso, além, da diminuição do calibre do intestino. No entanto, este exame só pode ser realizado por médico experiente, pois a colocação do contraste no intestino gera um aumento da pressão em seu interior, o que levaria ao risco de perfuração do divertículo.

Tratamento

O tratamento depende da intensidade dos sintomas e da presença ou não de complicações. As diverticulites muito leves podem apresentar resolução em ambiente domiciliar, e os pacientes são orientados a fazerem dieta sem fibra, e recebem antibióticos para o tratamento da infecção associada, de analgésicos, para o tratamento dos sintomas dolorosos, de antieméticos para a prevenção de náuseas e vômitos e antigases, para a melhora da distensão abdominal.
Nas formas não complicadas, nas quais o paciente apresenta dor mais forte, febre, desconforto à palpação do abdome e alteração no hemograma, o tratamento clínico deve ser indicado. O tratamento clínico consiste em hospitalização, jejum ou dieta leve para promover o “repouso intestinal”, e hidratação. Estes pacientes recebem antibióticos e analgésicos por via endovenosa (veia). Após a melhora dos sintomas dolorosos e do quadro infeccioso, a dieta é reintroduzida de forma progressiva. O tratamento clínico permite a cura em 70 a 85% dos pacientes com diverticulite aguda.
O tratamento cirúrgico está indicado nos casos em que houve falha no tratamento clínico ou na existência de complicações, como o abscesso e a perfuração intestinal. A operação consiste na ressecção (retirada) da parte do intestino grosso comprometida pelos divertículos e pela diverticulite, com reconstrução do intestino (junção).
Nos casos em que há uma grande infecção intestinal associada à presença de pus e fezes na cavidade abdominal, a ressecção do intestino também é realizada. No entanto, a reconstrução do intestino pode ser perigosa devido ao risco de fístula (vazamento) no local de junção das partes do intestino. Nestes casos, realiza-se uma colostomia (exteriorização do intestino grosso através da parede do abdome). Depois de resolvido o processo inflamatório e infeccioso por completo, o paciente é submetido à reconstrução do trânsito intestinal normal, com fechamento da colostomia. Este segundo tempo da cirurgia é realizado, em geral, dois meses após o primeiro tempo do tratamento cirúrgico.

O que é? Divertículos são formações saculares que podem ser encontradas em todo o tubo digestivo, localizando-se, entretanto, com maior freqüência ao longo do intestino grosso. Estas saculações são o resultado da fraqueza de alguns locais da parede do intestino grosso, principalmente na musculatura desta parede. Esta doença atinge 8% da população mundial, e aumenta […]
01 fev 06
Síndrome do Intestino Irritável

O que é?

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é distúrbio gastrointestinal que se caracteriza-se pela presença de dor abdominal crônica e pela alteração do hábito intestinal, na ausência de qualquer causa orgânica. Esta doença afeta de 10 a 15% das pessoas em todo o Mundo. Destes pacientes, apenas 15% procuram ajuda médica, mas como o número de pessoas comprometidas pela doença é grande, a SII representa de 25 a 50% das consultas em gastroenterologistas. A dor abdominal e o desconforto intestinal experimentados pelos pacientes com SII causam a piora na qualidade de vida, e fazem com que estes pacientes procurem ajuda médica. A SII é a segunda causa de falta ao trabalho por motivos médicos, ficando atrás apenas das gripes e resfriados comuns.
A SII ocorre em idades variáveis, mas é mais frequente em adolescentes e adultos jovens. O início dos sintomas após 50 anos de idade é incomum. As mulheres são duas vezes mais afetadas do que os homens, e a associação com períodos de estresse psicossocial é evidente.

 

 

Sintomas

Os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável são dor abdominal (cólica), distensão abdominal (gases), diarréia e constipação. A dor abdominal pode ser de média a forte intensidade, podendo se relacionar com a dieta e estresse, e localiza-se mais comumente na parte inferior do abdome. A diarréia é um sintoma comum e inconveniente, já que altera o estilo de vida (idas freqüentes ao banheiro), incontinência fecal (perda involuntária de fezes), urgência evacuatória e ansiedade. A diarréia acontece predominantemente após o despertar e após as refeições, e pode ser precedida de desconforto abdominal. A evacuação de fezes com muco pode estar presente em 50% dos casos. A constipação está associada à distensão abdominal, flatulência, dor abdominal e alteração estética. Os pacientes ainda podem referir a sensação de evacuação incompleta, mesmo quando o reto se encontra vazio. Em alguns casos há alternância dos sintomas, ou seja, em um período o paciente se queixa da diarréia, e em outro, da constipação.
Alguns outros sintomas gatrointestinais são descritos, como a dispepsia (má-digestão), o refluxo gastroesofágico, saciedade precoce e náusea. Além disso, um dos sintomas mais comumentes decritos é a presença de gases intestinais. Em relação às manifestações não-gastrointestinais, as mais comuns são a dor torácica não associada a problemas cardíacos, aumento da frequência e urgência urinárias, dor à relação sexual (mulheres), piora da função sexual e desencadeamento de sintomas de doenças reumatológicas (como a fibromialgia).
Deve-se sempre lembrar que a SII é uma doença funcional, ou seja, não há qualquer lesão anatômica associada. Desta forma, não há motivos para sangramento intestinal, febre, anorexia, anemia, desnutrição e perda de peso. Quando estes sintomas estão presentes, outras doenças devem ser pesquisadas e a ajuda médica torna-se imprescindível. Sendo assim, todos os exames complementares, como exames de sangue e endoscopias mostram resultados normais na SII.
O exame físico dos pacientes com SII mostra alterações discretas, como dor à palpação abdominal e a constatação da distensão abdominal. Nos casos com diarréia, pode haver um aumento dos ruídos intestinais.

Como ocorre a Síndrome do Intestino Irritável?

As causas da Síndrome do Intestino Irritável são desconhecidas, mas acredita-se que estejam associadas a aumento da sensibilidade intestinal e a alterações motoras do intestino. A ansiedade e o estresse psicossocial devem ser sempre lembrados, já que são eles que desencadeiam e mantém, na maior parte das vezes, os sintomas intestinais e abdominais. As alterações de sensibilidade intestinal (hipersensibilidade) caracterizam-se pelo surgimento da dor em cólica em condições em que a pressão intestinal aumenta, como na flatulência e na constipação. O que chama a atenção nos pacientes com SII é que a pressão que seria bem tolerada em uma pessoa sem a doença, causa um imenso desconforto e dor nos pacientes portadores desta enfermidade.
Quanto às alterações motoras intestinais, estas se caracterizam pelo funcionamento anormalmente rápido ou lento do intestino. Quando o funcionamento intestinal é rápido, a diarréia é o sintoma preponderante, e quando lento, é a constipação que se faz presente.
Em 10% dos pacientes, os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável se iniciaram após um episódio de infecção intestinal bacteriana, o que se denomina SII pós-infecciosa, também conhecida como “distúrbio intestinal pós-disenteria”. Este processo é mais comum naqueles pacientes que apresentaram quadros diarréricos severos e prolongados, jovens e mulheres.

Tratamento Não Medicamentoso

O tratamento não medicamentoso é adequado para muitos pacientes, e deve ser mantido quando se opta pelo tratamento medicamentoso. Primeiramente, deve haver um bom relacionamento médico-paciente, já que a doença é crônica e se caracteriza pela presença de recidiva dos sintomas, e o paciente deve estar seguro de que está sendo bem assistido. Além disso, o paciente deve ser esclarecido sobre as razões dos seus sintomas e sobre as opções de tratamento. A alteração no estilo de vida deve ser levada em consideração, já que o estresse e a ansiedade são os fatores que desencadeiam e mantém os sintomas intestinais. Neste aspecto, a realização de exercícios físicos também tem grande valor.
O cuidado com a dieta é importante, e deve-se evitar alguns tipos de alimentos, como a cafeína em excesso, alimentos ricos em gordura, excesso de lactose (leite, queijo). No caso da lactose, 25% dos pacientes com a SII podem apresentar intolerância a esta substância, e portanto a dimuição do seu consumo pode evoluir com a melhora dos sintomas em alguns casos. Nos pacientes com constipação, deve-se estimular a dieta rica em fibras. Nos casos em que há distensão abdominal devido a gases intestinais, alimentos como feijão, lentilha, cenoura, uva-passa, damasco, brócolis, couve-flor e cebola devem ser evitados.
A utilização de suplementos de fibras é estimulada nos pacientes com SII, já que nestes casos, as fezes se tornam mais pastosas e lubrificadas, e os movimentos intestinais são mais eficientes, com conseqüente evacuação menos traumática. Quanto às opções de fibras, as solúveis são mais efetivas que as insolúveis. Alguns estudos mostram que os suplementos de fibras trazem benefícios aos pacientes com constipação, mas podem piorar os sintomas em pacientes com diarréia.
A psicoterapia é utilizada naqueles pacientes em que os fatores emocionais estão fortemente relacionados aos sintomas. Nos pacientes com diarréia e dor abdominal, a psicoterapia mostra bons resultados. Infelizmente, o mesmo não se observa nos pacientes com constipação.

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Tratamento Medicamentoso

O tratamento medicamentoso da Síndrome do Intestino Irritável inclui medidas que controlem os sintomas relacionados à constipação, diarréia e dor abdominal, já que se trata de doença crônica e sem cura definitiva. Nos pacientes com constipação, o objetivo do tratamento é tornar a evacuação um evento sem traumas, o que reduziria a dor abdominal e a flatulência, e consequente distensão abdominal. Nos casos com diarréia, o objetivo é a redução da urgência evacuatória e da freqüência de evacuações.
O tratamento da constipação consiste na utilização de fibras e de aceleradores do trânsito intestinal. Nos pacientes com diarréia, utiliza-se medicamentos anti-diarréicos. Deve-se lembrar que estes medicamentos só devem ser utilizados após a realização de um diagnóstico preciso da SII e prescritos por um médico especialista.
Nos casos com cólica intestinal, o uso de medicação anti-espasmódica relaxa a musculatura intestinal, levando a diminuição do quadro doloroso. No entanto, deve-se lembrar que estes medicamentos são efetivos para a dor abdominal, mas apresentam pouco efeito em relação à diarréia e a constipação.
Alguns pacientes se beneficiam do uso de antidepressivos em baixas doses, provavelmente devido à diminuição da sensibilidade intestinal. O uso de antidepressivos traz melhores resultados para pacientes com diarréia, já que um dos efeitos colaterais dos antidepressivos é causar constipação. O uso de antidepressivos é indicado principalmente nos casos em que a dor abdominal é proeminente ou quando outras terapias falharam.
Atualmente novas medicações vêm sendo testadas, principalmente os agonistas e antagonistas da serotonina, que é uma substância estimuladora da função intestinal. No entanto, como estes medicamentos podem apresentar efeitos colaterais cardiovasculares, obstipação severa e colites isquêmicas, o seu uso ainda é muito restrito e controlado. Em relação à flatulência, alguns estudos sugeriram a utilização de antibióticos para a redução da flora intestinal, que seria a responsável pela formação dos gases. No entanto, não conseguiu se provar que ocorra um aumento desta flora em pacientes com SII, e por isso esta conduta não é adotada por mim em relação aos meus pacientes.

O que é? A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é distúrbio gastrointestinal que se caracteriza-se pela presença de dor abdominal crônica e pela alteração do hábito intestinal, na ausência de qualquer causa orgânica. Esta doença afeta de 10 a 15% das pessoas em todo o Mundo. Destes pacientes, apenas 15% procuram ajuda médica, mas como […]
01 fev 06

O que é?

Câncer de estômago (gástrico) é a presença de tumor maligno no estômago. Os países com maiores índices de câncer de estômago são o Japão e o Chile. No Brasil, este tipo de câncer é o quarto mais freqüente.
O câncer gástrico é mais freqüente em homens do que em mulheres, e a sua incidência e mortalidade aumentam com a idade. Está relacionado ao baixo índice sócio-econômico, refletindo fatores culturais, sociais e ocupacionais da doença.

Fatores de Risco

A dieta tem recebido muita atenção como um potencial fator de risco para o desenvolvimento do câncer de estômago. As principais substâncias relacionadas a este tipo de câncer são os nitratos e nitritos, que quando digeridos são transformados em nitrosaminas (agente causador do câncer). Estas substâncias são encontradas, principalmente, em alimentos defumados, que contém altos níveis de sal, nitritos e nitratos. Vegetais guardados em conserva e carnes conservadas à base de sal (peixes, carne do Sol) também apresentam os nitratos e os nitritos. Em contrapartida, algumas substâncias (beta-caroteno e ácido ascórbico) encontradas nas frutas e verduras frescas, atuam como protetoras, já que evitam a conversão de nitritos para nitrosaminas. Em algumas regiões do Brasil, onde os alimentos não são conservados em geladeira e a sua preservação é ruim, o número de pacientes com câncer de estômago ainda é muito alto.
Outro fator de risco seria a presença de uma bactéria no estômago conhecida como Helicobacter pylori. Esta bactéria é encontrada em algumas pessoas, e está associada ao aparecimento de alguns tipos de gastrites e úlceras de estômago, além do desenvolvimento do câncer de estômago. A incidência desta bactéria é maior onde o nível sócio-econômico é mais baixo. A presença do H. pylori aumenta em 3 a 6 vezes o risco de surgimento do câncer gástrico. O H. pylori causa uma gastrite crônica, que se não tratada, evolui para a gastrite atrófica e para a atrofia gástrica. Sabe-se que a atrofia gástrica é um fator de risco importante para o desenvolvimento do câncer de estômago.
Os pólipos adenomatosos de estômago são lesões benignas da mucosa do estômago, mas que apresentam o potencial de malignização, ou seja, podem se tornar tumores malignos de estômago. Estes pólipos ocorrem mais comumente entre a quinta e sétima décadas de vida. O risco de desenvolvimento de câncer de estômago em pólipos adenomatosos é de 10 a 20%, sendo mais evidente nos pólipos maiores que 2cm. Os pólipos são diagnosticados com a endoscopia digestiva alta, podendo até mesmo ser biopsiados e ressecados (retirados) durante este exame. Pacientes com múltiplos pólipos adenomatosos (pré-malignos) devem ser tratados com a ressecção do estômago.
Há evidência forte de que cirurgias prévias de estômago para o tratamento de lesões benignas de estômago (úlceras principalmente) são fatores de risco para o desenvolvimento de câncer gástrico. Este tipo de câncer apresenta prognóstico ruim, e é diagnosticada em estágios mais avançados e em pessoas mais velhas. Devido a isto, pessoas que foram submetidas à ressecção parcial de estômago no passado, devem realizar freqüentemente endoscopias digestivas para a prevenção do câncer de estômago.

Estadiamento

Sabe-se que o prognóstico do câncer está relacionado à penetração do tumor na parede do estômago e a presença de gânglios linfáticos comprometidos pelo câncer. Devido a este fato, o câncer de estômago é classificado de acordo com a presença de tumor nas camadas da parede do estômago e dos locais e número dos gânglios linfáticos doentes, além é claro, da presença de metástases, que é a disseminação do tumor para locais distantes ao estômago.
Quanto maior a penetração do tumor no estômago, e quanto maior o número de gânglios linfáticos e mais distantes do estômago eles estejam, menores são as chances de cura para estes pacientes. Estes dados explicam porque o diagnóstico do câncer de estômago em uma fase precoce apresenta melhor possibilidade de cura, já que quanto mais precoce é o câncer, menor é o comprometimento da parede do estômago e menor a chance de se encontrar tumor em gânglios linfáticos.

Sintomas

Os sintomas do câncer gástrico em sua fase precoce são vagos e inespecíficos, e eles se assemelham aos sintomas relacionados à gastrite e úlceras de estômago. Os sintomas não se tornam evidentes até que o tamanho do tumor seja suficiente para causar alteração da motilidade do estômago, para diminuir o espaço para a passagem dos alimentos e para sangrar devido à ulceração do tumor.
Os sintomas mais comuns são a perda de peso, dor abdominal (principalmente na região do estômago), perda do apetite, náusea e sensação precoce de satisfação durante as refeições. O sangramento digestivo também poderá ocorrer devido ao tumor do estômago, e será caracterizado por vômito com sangue, ou pela evacuação de fezes muito enegrecidas, pastosas e com odor muito forte (chamada melena).
Ao exame físico, o paciente pode referir dor à palpação do estômago. O exame também pode mostrar a presença de gânglios linfáticos comprometidos pelo tumor. A palpação do tumor só acontece quando este se encontra em fase muito avançada.
Como se observa, os sintomas do câncer do estômago não são específicos, e sendo assim, pessoas que apresentem este quadro devem procurar o seu médico e realizar exames preventivos.

Exames Diagnósticos

O principal exame diagnóstico é a endoscopia digestiva alta, que observa com facilidade a presença de lesão tumoral, assim como permite a realização de biópsias, garantindo o diagnóstico preciso do câncer de estômago. Um avanço tecnológico da endoscopia digestiva é a ultra-sonografia endoscópica, ou seja, uma endoscopia com ultra-sonografia. A ultra-sonografia endoscópica permite a visualização da parede do estômago em sua espessura, mostrando até que profundidade esta parede foi acometida pelo tumor. Além disso, este tipo de ultra-sonografia detecta a presença de gânglios linfáticos comprometidos e de metástases em órgãos próximos ao tumor (fígado, pâncreas, intestino).
A tomografia computadorizada e a ultra-sonografia de abdome têm como principal função mostrar se há comprometimento dos órgãos adjacentes ao estômago ou se há metástase à distância. Sendo assim, são métodos importantes no estadiamento dos tumores. Em alguns casos, estes exames detectam o câncer gástrico devido ao espessamento da parede do estômago causada pelo tumor, mas de forma alguma, devem substituir a endoscopia digestiva como melhor método diagnóstico.

Tratamento

A ressecção (retirada) da parte do estômago afetada pelo câncer (parcial) ou de todo o estômago (total) é o tratamento de escolha para o câncer gástrico, e ainda é a única opção de cura para estes pacientes. Esta cirurgia é chamada de gastrectomia, e consiste da ressecção do tumor, com reconstrução imediata do trânsito intestinal, ligando o intestino à parte restante do estômago (gastrectomia parcial) ou ao esôfago (gastrectomia total). Durante esta cirurgia, todos gânglios linfáticos e os tumores em outros órgãos (fígado, pâncreas e intestino) também devem ser retirados, promovendo assim, a melhor chance de cura para estes pacientes.
Nos casos mais avançados, em que há metástase à distância, e onde as chances de cura são menores, acredito que a cirurgia ainda deva ser realizada. Nestes casos, o objetivo da cirurgia é melhorar a qualidade de vida dos pacientes, evitando que estes continuem a apresentar dor abdominal, sangramento e obstrução pelo tumor.
Em geral, os pacientes permanecem internados durante 5 a 10 dias, período em que haverá a adaptação da dieta (de líquidos até dieta livre) por parte do paciente.

Quimioterapia e Radioterapia

A quimioterapia e a radioterapia estão indicadas nos casos mais avançados do câncer gástrico. Na fase pré-operatória, estes métodos de tratamento têm como função diminuir o tamanho do tumor, fazendo com que os pacientes apresentem uma melhora de estadiamento. Desta forma, ocorre a facilitação do procedimento cirúrgico, assim como, aumenta a chance de cura para estes pacientes.
Nos pacientes operados com intenção curativa, mas em que houve a presença de gânglios linfáticos comprometidos, o tratamento complementar com quimioterapia e radioterapia pode dar maior chance de cura, evitando a recidiva do tumor.
Apesar dos avanços no uso da quimioterapia e radioterapia para o tratamento pré ou pós-operatório do câncer de estômago, estes ainda são limitados, e de forma alguma superam a cirurgia como a melhor forma de tratamento.

O que é? Câncer de estômago (gástrico) é a presença de tumor maligno no estômago. Os países com maiores índices de câncer de estômago são o Japão e o Chile. No Brasil, este tipo de câncer é o quarto mais freqüente. O câncer gástrico é mais freqüente em homens do que em mulheres, e a […]
01 fev 06

O que é?

As úlceras pépticas são feridas que penetram na parede do estômago e do duodeno (primeira porção do intestino delgado). A úlcera péptica é uma doença comum, e de 5 a 10% das pessoas apresentarão seus sintomas durante a vida. Os homens apresentam incidência duas vezes maior para o desenvolvimento da úlcera do que as mulheres, principalmente quando se refere às úlceras duodenais.
As úlceras duodenais são mais comuns do que as úlceras gástricas (estômago). A úlcera duodenal geralmente provoca os primeiros sintomas entre os 25 e os 55 anos, enquanto a úlcera gástrica, entre os 40 e 70 anos.

Por que ocorre a Úlcera Péptica?

Uma bactéria conhecida como Helicobacter pylori é a principal responsável pelo desenvolvimento das úlceras pépticas, e alguns estudos atuais sugerem que de 90 a 95% das úlceras de estômago e duodeno sejam causadas por ela. A infecção é adquirida pela ingestão da bactéria, e ocorre principalmente na infância, tornando-se uma infecção crônica no adulto. A infecção por esta bactéria é mais comumente observada em países em desenvolvimento, e está associada à água e saneamento básico. Nos países industrializados, a transmissão se faz principalmente de uma pessoa para a outra através da saliva, vômito ou fezes.
A bactéria Helicobacter pylori causa a úlcera péptica através da destruição da proteção da mucosa (camada de revestimento interno) do estômago e duodeno. Desta forma, o ácido presente no estômago e duodeno agiria diretamente sobre a mucosa, causando a ferida conhecida como úlcera.
Outra causa importante para o aparecimento das úlceras pépticas são a utilização de medicamentos anti-inflamatórios. Os anti-inflamatórios usados cronicamente também destroem a proteção da mucosa, favorecendo a ação do ácido contra a parede do estômago e duodeno.
O tabagismo também é relacionado como uma possível causa de úlcera péptica.

Sintomas

A úlcera péptica apresenta-se como um quadro doloroso na parte superior do abdome, associada a náuseas e vômitos, perda de apetite, emagrecimento, distensão abdominal após as refeições, empachamento, queimação e eructação freqüentes.
A dor abdominal é descrita como uma queimação ou pontada, em geral aliviada pela ingestão de alimentos. Os episódios de dor são curtos, mas fortes, e duram alguns minutos. O jejum prolongado pode desencadear o quadro doloroso, e alguns pacientes referem acordar no meio da noite devido a dor abdominal.
O exame físico é pouco útil no diagnóstico da úlcera péptica, e em geral ocorre apenas um desconforto à palpação da região do estômago.

Complicações das Úlceras Pépticas

As úlceras pépticas apresentam três complicações que podem ser graves e fatais: a hemorragia (sangramento), a perfuração e a obstrução.
O sangramento é a complicação mais comum da úlcera péptica, e ocorre em 15 a 20% dos pacientes com úlcera duodenal e em 10 a 15% dos pacientes com úlcera de estômago. A hemorragia é causada pela erosão de um vaso sangüíneo no interior da úlcera, e pode se manifestar clinicamente pelo vômito com sangue ou a evacuação de fezes escurecidas devido à presença de sangue. O paciente pode apresentar sintomas relacionados ao sangramento, como queda da pressão arterial, sudorese e aumento da freqüência cardíaca (taquicardia).
A úlcera pode penetrar de forma tão profunda na parede do estômago e duodeno, que causará a perfuração destes órgãos. A perfuração da úlcera péptica causa dor abdominal constante, súbita e de forte intensidade. A dor inicia-se na região do estômago, mas logo se irradia para todo o abdome devido à contaminação da cavidade abdominal pelo suco gástrico. Ao exame físico, o paciente apresenta muita dor à palpação do abdome, além de queda de pressão arterial e taquicardia.
A obstrução da saída do estômago e duodeno ocorre devido à cicatrização e do processo inflamatório das úlceras, que diminuem o espaço para a passagem dos alimentos. Este tipo de complicação ocorre em úlceras com vários anos de duração. A obstrução retarda o esvaziamento do estômago, e geralmente causa náuseas, vômitos, plenitude ou distensão do estômago, e até mesmo, medo de comer. Pode ocorrer emagrecimento importante devido à baixa ingestão de alimentos. A dor abdominal está presente, mas é aliviada pelo vômito.

Diagnóstico

O diagnóstico da úlcera péptica é realizado através da Endoscopia Digestiva Alta. Este exame permite a observação da lesão ulcerosa, as suas características e a localização no estômago e duodeno. Além disso, este exame possibilita a realização de biópsias, utilizadas para a confirmação da infecção pelo Helicobacter pylori.
A Endoscopia Digestiva Alta, alem de um método diagnóstico, também pode ser uma forma de tratamento. Nos casos de úlceras hemorrágicas, a endoscopia digestiva é utilizada de forma terapêutica para interromper o sangramento destas lesões, evitando muitas vezes que estes pacientes necessitem de cirurgia.

Tratamento

O tratamento da úlcera péptica se inicia com a erradicação da bactéria helicobacter pylori, que é a maior responsável pelo desenvolvimento desta doença. O tratamento é realizado com medicamentos que diminuam a acidez do estômago e com antibióticos. A diminuição da acidez gástrica torna o ambiente gástrico menos favorável à bactéria, e desta forma ela fica mais susceptível ao tratamento com os antibióticos. O paciente deve sempre ter em mente que sem o tratamento da infecção, não haverá melhora do quadro ulceroso.
Nos casos em que a úlcera péptica está associada ao uso de anti-inflamatórios, estes devem ser evitados. Além disso, o paciente deverá fazer uso de medicamentos que diminuam a acidez gástrica, permitindo assim a cicatrização da úlcera.
Medidas alimentares também devem ser instituídas, como fazer uma dieta fracionada, ou seja, várias refeições ao dia, mas com redução no volume dos alimentos, evitar alimentos ricos em gordura e frituras, condimentados, doces, refrigerantes, bebidas alcoólicas e chocolates.
O tabagismo é apontado como lesivo à cicatrização da úlcera, e por isso deve ser abandonado.

O que é? As úlceras pépticas são feridas que penetram na parede do estômago e do duodeno (primeira porção do intestino delgado). A úlcera péptica é uma doença comum, e de 5 a 10% das pessoas apresentarão seus sintomas durante a vida. Os homens apresentam incidência duas vezes maior para o desenvolvimento da úlcera do […]
01 fev 06

O que é?

Gastrite é a inflamação da camada mais interna do estômago, a mucosa. Pode estar localizada em alguma região do estômago, ou estar atingindo toda a extensão deste órgão. A gastrite é dividida em aguda ou crônica. A aguda é autolimitada, ou seja, a inflamação desaparecerá em um curto tempo. Em contrapartida, a gastrite crônica persiste por longos períodos de tempo.

Causas

A gastrite é causada por substâncias que irritam a mucosa do estômago e através de infecções (vírus e bactérias), que levam ao processo inflamatório.
Algumas substâncias como os medicamentos antiinflamatórios, o álcool, o cigarro, café, os doces em excesso e os alimentos condimentados estão relacionados ao surgimento da gastrite. Algumas infecções virais também são causadoras de gastrite, principalmente na forma aguda. Os hábitos alimentares também têm papel relevante no surgimento da gastrite, como o jejum prolongado durante o dia, e o excesso na ingestão de gorduras e frituras.
Estas substâncias levariam a um defeito na barreira de proteção que protege a mucosa do estômago em relação ao ácido gástrico utilizado na digestão dos alimentos. Sendo assim, o ácido produzido no próprio estômago agiria como irritante da mucosa, causando o processo inflamatório.
As gastrites crônicas, por sua vez, estão relacionadas à infecção pela bactéria Helicobacter pylori. Esta bactéria vive muito bem em lugares com muito ácido, como o interior do estômago, e tem como característica destruir a barreira de proteção da mucosa contra o ácido. A infecção por esta bactéria é mais comum em lugares com condição sócio-econômica mais precária, e a transmissão se dá por via oral-fecal. A infecção prolongada pelo Helicobacter pylori pode levar ao desenvolvimento de gastrite atrófica, atrofia do estômago, e até mesmo câncer de estômago. Desta forma, pacientes com dores de estômago crônicas devem procurar um médico especialista para o diagnóstico e tratamento da infecção por esta bactéria.

Sintomas

Os sintomas mais comuns da gastrite são dor de estômago caracterizada por queimação, sensação de “empachamento” após as refeições, distensão do abdome na região do estômago, má-digestão, náuseas e vômitos, eructações (arrotos) freqüentes, soluços e azia.
Nos casos mais graves, pode haver sangramento do estômago devido ao processo inflamatório, e então a gastrite é denominada de gastrite hemorrágica. Nestes casos, o paciente apresentará vômitos com sangue e evacuação de fezes muito escurecidas e com odor fétido (chamadas de melena) devido a presença do sangue.
O exame físico de pacientes com gastrite apresenta pouca alteração, como desconforto discreto à palpação do estômago. Nos casos com gastrite hemorrágica, o paciente apresentará sintomas relacionados ao sangramento, como a queda da pressão arterial, palidez da pele, sudorese e aumento da freqüência cardíaca.

Diagnóstico

O diagnóstico da gastrite é realizado através da Endoscopia Digestiva Alta. Este exame permite a visualização de toda a mucosa do estômago, tornando o diagnóstico da gastrite muito evidente. Através da endoscopia digestiva também é possível a realização de biópsias, que permitem o diagnóstico histológico (microscópico) da gastrite, assim como a pesquisa da bactéria Helicobacter pylori.
Deve-se chamar a atenção para os pacientes com mais de 55 anos e naqueles com sinais de alarme como sangramento, anemia, perda de peso não intencional, vômito persistente, história familiar prévia de câncer gastrointestinal. Estes pacientes devem realizar a endoscopia digestiva em caráter de urgência, para a exclusão de gastrite hemorrágica, úlceras e câncer de estômago.
O diagnóstico da infecção por Helicobacter pylori também pode ser realizado através das fezes, de testes respiratórios e exames de sangue.

Tratamento

O tratamento inicial da gastrite está relacionado aos hábitos alimentares. Os pacientes devem evitar alimentos muito condimentados, frituras e gorduras, doces e chocolates, café, refrigerantes, balas, chicletes e álcool. Também deve ser realizada dieta regrada com horários definidos. Os pacientes com gastrite devem realizar dietas fracionadas, ou seja, alimentar-se várias vezes ao dia, mas com quantidades menores de alimentos. Desta forma, os alimentos reagiriam com o ácido gástrico durante grande parte do dia, e este último não causaria a inflamação da mucosa.
Em relação ao tratamento medicamentoso, este é feito com remédios que diminuam a acidez do estômago, permitindo assim, que a mucosa cicatrize, e cessando a queixa de queimação. Além disso, em alguns pacientes, está indicada a utilização de medicamentos pró-cinéticos, ou seja, que promovam o esvaziamento mais rápido do estômago. Estes medicamentos diminuem a distensão do abdome e a sensação de empachamento.
Nos pacientes portadores de infecção por Helicobacter pylori, o tratamento consiste no uso de medicações que diminuam a acidez no estômago, tornando o ambiente menos favorável à bactéria, além do uso de antibióticos específicos.

O que é? Gastrite é a inflamação da camada mais interna do estômago, a mucosa. Pode estar localizada em alguma região do estômago, ou estar atingindo toda a extensão deste órgão. A gastrite é dividida em aguda ou crônica. A aguda é autolimitada, ou seja, a inflamação desaparecerá em um curto tempo. Em contrapartida, a […]
01 fev 06
Refluxo Gastroesofágico e Hérnia de Hiato

O que é?

Refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo do estômago, como o suco gástrico (ácido) e alimentos, para o esôfago. Quando este refluxo se apresenta de forma intensa e em vários episódios durante o dia, ele é chamado de refluxo gastroesofágico patológico. A doença do refluxo gastroesofágico ocorre devido ao funcionamento precário dos mecanismos anti-refluxo.
O refluxo gastroesofágico apresenta uma grande incidência na população, e pode ou não apresentar sintomas, e estar ou não associado a outras doenças, como a hérnia de hiato. O refluxo gastroesofágico corresponde a 75% das doenças do esôfago.
A hérnia de hiato é o deslizamento do estômago em direção ao esôfago, sendo que esta alteração anatômica ocorre devido à diferença entre a alta pressão dentro do abdome em relação à baixa pressão dentro do tórax. Acredita-se que a incidência de hérnia de hiato seja de 5 casos para cada 1000 habitantes. A presença da hérnia de hiato confirma a fraqueza da musculatura do diafragma, que é responsável pela manutenção do mecanismo anti-refluxo.

Sintomas

Os sintomas da doença do refluxo gastroesofágico podem ser mínimos, ou mesmo estarem ausentes. Nos casos com queixas mais evidentes, os pacientes referem queimação ou dor no tórax, azia e refluxo de suco gástrico até a boca (regurgitação). Os sintomas tendem a piorar após as refeições e ao se deitar, e alguns pacientes chegam a despertar do sono assustados e engasgados . Desta forma, é muito comum que os pacientes excluam o jantar, ou o realizem muito cedo, evitando assim o refluxo durante a noite.
Alguns pacientes apresentam sintomas atípicos, mas que devem ser lembrados, como rouquidão, tosse seca, asma, sinusite, náusea e vômitos.

Diagnóstico

O diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágica é baseado em quatro exames: a endoscopia digestiva alta, a pHmetria esofágica, a manometria esofágica e a esôfago-estômago-duodenografia (Raio X).
A endoscopia digestiva alta é um exame de imagem, em que é possível se visualizar a inflamação do esôfago (esofagite), decorrente da exposição prolongada da mucosa do esôfago ao suco gástrico, assim como a presença de lesões pré-malignas decorrentes desta inflamação crônica. Além disso, avalia a presença de hérnia de hiato. Outra função importante da endoscopia digestiva alta é permitir a realização de bióspsias.
A pHmetria esofágica realiza a medição do pH (acidez) do esôfago durante 24 horas, através de uma pequena sonda introduzida pelo nariz do paciente. Desta forma avalia, de acordo com a acidez do esôfago, o número e a intensidade dos episódios de refluxo durante todo o dia. De acordo com os dados colhidos, é possível dizer com certeza se o paciente é ou não portador de refluxo gastroesofágico patológico.
A manometria esofágica mede a pressão da musculatura da região esôfago-gástrica (esfíncter esofagiano). Esta musculatura exerce um mecanismo anti-refluxo, e quando ocorre a sua fraqueza, o paciente apresenta a predisposição ao refluxo.
A esôfago-estômago-duodenografia é um exame radiológico (Raio X) em que o paciente ingere contraste e é radiografado em diferentes posições. O exame tem como objetivo avaliar o refluxo do contraste ingerido, do estômago para o esôfago.

Refluxo Gastroesogáfico e Câncer de Esôfago

A inflamação crônica do esôfago (esofagite) é causada pelo refluxo de ácido do estômago para o esôfago. Nos casos mais leves, a esofagite é auto-limitada. No entanto, nos casos em que o refluxo é persistente, a mucosa do esôfago tende a passar por modificações para uma melhor adaptação à presença contínua do ácido. Desta forma, a mucosa do esôfago troca de tecido por um mais resistente ao ácido, processo este conhecido como metaplasia, e a este novo tecido dá-se o nome de esôfago de Barret. A confirmação da presença do esôfago de Barret se realiza através da visualização pela endoscopia digestiva, e através e exame anátomo-patológico (biópsia).
O grande problema do esôfago de Barret é que este é um tecido pré-maligno, ou seja, pode evoluir para o câncer de esôfago caso nenhum tratamento seja instituído, e o refluxo persista. Segundo a literatura médica atual, o único método capaz de evitar a progressão do esôfago de Barret para o câncer é a cirurgia para o tratamento do refluxo gastroesofágico.

Tratamento Clínico

O tratamento clínico está indicado nos casos mais leves e nos que não há a presença de lesões pré-malignas no esôfago. Este tratamento consiste na diminuição da produção de ácido pelo estômago através de remédios que inibam a formação do ácido. Desta forma, ocorre a diminuição da acidez no líquido refluído, e o esôfago tem a chance de apresentar melhora do processo inflamatório.
Uma outra medicação utilizada são as drogas pró-cinéticas. Estas medicações têm como função fortalecer a musculatura do esôfago, além de promover um rápido esvaziamento do estômago, evitando assim, que haja tempo do suco gástrico refluir para o esôfago.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico está indicado em pacientes que apresentem lesões esofágicas pré-malignas (esôfago de Barret) decorrentes do refluxo gastroesofágico, pacientes que mantém a sintomatologia do refluxo, mesmo durante o tratamento clínico, e nos pacientes que se tornaram dependentes de remédios por tempo indefinido, ou seja, só ficam livres dos sintomas enquanto estão fazendo uso de medicação. Nos meus pacientes, além de seguir estes critérios de indicação de cirurgia, faço questão de que haja comprovação do refluxo gastroesofágico patológico através da endoscopia digestiva, da pHmetria e da manometria esofágica. A realização destes exames é fundamental para que a melhor técnica cirúrgica seja aplicada em cada caso.
Atualmente, o tratamento é realizado por via vídeo-laparoscópica, ou seja, através da introdução de pinças no abdome do paciente, sem a necessidade de uma grande incisão (corte). Desta forma, os pacientes apresentam uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, podendo retornar mais rapidamente às suas atividades habituais. Além disso, o benefício estético é indiscutível. Os pacientes recebem alta hospitalar em dois a três dias.
A cirurgia consiste no tratamento da hérnia de hiato, com a sutura (pontos) na porção do músculo diafragma que ficou mais fraca. Além disso, é confeccionada uma válvula anti-refluxo com o próprio estômago, tratando definitivamente o refluxo gastroesofágico.

O que é? Refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo do estômago, como o suco gástrico (ácido) e alimentos, para o esôfago. Quando este refluxo se apresenta de forma intensa e em vários episódios durante o dia, ele é chamado de refluxo gastroesofágico patológico. A doença do refluxo gastroesofágico ocorre devido ao funcionamento precário dos […]