A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o fator de risco modificável mais comum para as doenças cardiovasculares. Atualmente, estima-se que exista mais de 1 bilhão de adultos com hipertensão no Mundo, sendo que este número deve chegar a 1,5 bilhão de pessoas até 2025. Atualmente, a hipertensão arterial está envolvida em 9 milhões de óbitos por ano, o que é muito significante. Devido a alta incidência e morbidade desta doença, um enorme esforço deve ser feito para se reduzir os efeitos do aumento da pressão e das doenças cardiovasculares. Por isso, inúmeros estudos indicam estratégias para o controle da pressão e prevenção das doenças cardiovasculares através da alimentação, como a redução do sódio (sal) e o incremento da ingestão de potássio.
As principais recomendações dietéticas a respeito do sódio sugerem que ele não seja ingerido em volume maior que 2 gramas ao dia. No entanto, quando se estudou este assunto em 181 Países diferentes, observou-se que o consumo médio de sódio foi de 3,95 gramas por dia, variando de 2,18 a 5,15 gramas por dia. Desta forma, pode-se concluir que 92% da população adulta do Mundo consome mais sódio do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A grande questão é que já se provou que a redução da ingestão de sódio realmente reduz a pressão arterial. Sabe-se que cada redução da ingestão de sódio em 2,3 gramas por dia poderiam reduzir a pressão arterial em 3,82 mmHg, o que é muito interessante. No entanto, a redução do sódio pode ter um efeito diverso quando se levam em consideração alguns fatores. Por exemplo, os idosos respondem de forma mais intensa ao controle dietético do sódio do que os jovens, assim como os negros respondem melhor do que os caucasianos.
Um estudo importante publicado na revista médica The New England Journal of Medicine e patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates sobre a associação do sódio com a hipertensão arterial sistêmica, mostrou resultados assustadores e que devem ser lembrados por médicos e pacientes. Baseando-se na correlação entre a ingestão de sódio e hipertensão arterial, e entre a hipertensão e a mortalidade por motivos cardiovasculares, e usando como referência a ingestão de sódio indicada 2 gramas ao dia, foi possível concluir que 1,65 milhão de pessoas morreram de causas cardiovasculares pelo Mundo em 2010 em decorrência do consumo de sódio acima do valor indicado. Dentre estes óbitos, 41,7% ocorreram devido a doenças coronarianas e 41,6% devido a acidentes vasculares cerebrais (AVC). Quando se pensa na faixa etária dos óbitos, 40,4% das mortes ocorreram prematuramente, ou seja, em pessoas com menos de 70 anos. Conclui-se assim que 17,8% das mortes prematuras devido a doenças cardiovasculares foram atribuídas à alimentação com excesso de sódio.
O mais importante agora é saber que um número de enorme de mortes pode ser potencialmente evitada somente com a redução da ingestão de sódio na dieta. Por esta razão, algumas orientações dietéticas foram descritas. Atualmente, a melhor dieta utilizada para o controle da hipertensão arterial se chama DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension ou Abordagem Dietética para Controle da Hipertensão), com diminuição da pressão sistólica (mais alta) em 4 a 12 mmHg. A dieta DASH mostra resultados relevantes na redução da pressão arterial, principalmente quando a ingestão diária máxima de sódio é de 1,5g. Lembro que 6 gramas de sal de cozinha representam 2,3 gramas de sódio. Os princípios da dieta DASH são a ingestão de 4 a 5 porções de frutas ao dia, 4 a 5 porções de vegetais ao dia, 2 a 3 porções de leites e derivados desnatados ao dia, ingestão máxima de sódio de 2,3 gramas, redução do peso e realização de atividades físicas pelo menos 3 vezes na semana. Desta forma, a meta para a população geral a ser atingida é de 2,3 gramas de sódio. No entanto, pessoas hipertensas e em tratamento, adultos acima de 51 anos e pacientes com insuficiência renal, a dose diária máxima deve ser de 1,5 gramas de sódio. Além disso, para que se diminua a ingestão de sódio em exagero, recomenda-se que se evitem os salgadinhos, fast foods, alimentos processados, sopas de pacote, temperos prontos, pizza, pipoca, queijos em excesso. Por outro lado, incentiva-se a ingestão de frutas e verduras.
Dados do autor:
Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Nutrólogo e Proctologista
São Paulo, SP
Consultas: particulares e Omint
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Dr. Fernando Valério