Esofagite é o termo que se usa para determinar a presença de uma inflamação na mucosa do esôfago. Em geral, as esofagites estão muito relacionadas à presença de refluxo gastroesofágico, que têm como característica permitir o retorno de conteúdo ácido para o esôfago, que não suporta a agressão e se inflama. A esofagite eosinofílica marca um contraste em relação à esofagite associada ao refluxo, visto que tem relação com alterações da imunidade, como as alergias, e a primeira descrição deste tipo de lesão eosinofílica no trato digestivo ocorreu em 1937. Por esta razão, a esofagite eosinofílica também é chamada de esofagite alérgica. Acomete 1% da população, tanto adultos quanto crianças, e costuma causar dor esofágica (disfagia) e impactação dos alimentos. Este quadro pode ocorrer de forma isolada (somente esôfago) ou associada com o comprometimento gastrointestinal, o que é denominado gastroenterite eosinofílica. O que chama a atenção para estes casos é que os pacientes apresentam azia e que não respondem bem aos medicamentos antiácidos mais comumente usados para a esofagite por refluxo. Este quadro pode ter relação com antecedentes familiares, já que 7% dos pacientes com esofagite eosinofílica têm antecedente familiar da doença. A maioria dos pacientes se apresenta entre 20 e 30 anos, apesar da doença ocorrer em pessoas mais velhas.
Os sintomas mais comuns são a disfagia, que pode ou não estar associada a alterações da estrutura do esôfago. O relato de dificuldade de passagem dos alimentos pelo esôfago é comum. Alterações na motilidade do esôfago ocorrem e são consequência do comprometimento da musculatura do esôfago pela doença. Uma história de antecedente de alergia (atopia) é encontrada em 50% dos casos, incluindo rinite e alergias alimentares. A história familiar de alergia está presente em 70% dos casos.
A esofagite eosinofílica deve ser considerada em pacientes que têm disfagia com ou sem alterações na estrutura do esôfago, particularmente em homens jovens, e naqueles com histórico de alergias. Alguns exames laboratoriais são indicados, como a Imunoglobulina E, que pode estar elevada. O aumento do número de esosinófilos no sangue pode ocorrer, e é diagnosticado através de um hemograma comum. No entanto, o diagnóstico é realmente confirmado com a biópsia da região esofágica acometida pelo processo inflamatório, que mostrará a presença de número elevado de eosinófilos, principalmente quando já se tentou tratar o paciente com medicamentos que controlam a produção de ácido pelo estômago, como no tratamento do refluxo gastroesofágico. Além disso, deve-se excluir a presença de alterações que poderiam causar o aumento do número dos eosinófilos, como reações a medicamentos, parasitoses e lesões malignas.
O melhor tratamento para a esofagite eosinofílica ainda não foi estabelecido. Além disso, ainda não há um posicionamento se o objetivo do tratamento é a cura ou o simples controle dos sintomas. Os tratamentos clínicos mais comuns são a eliminação da dieta de agentes que possam levar a processo alérgico (leite, soja, ovo e milho, por exemplo), medicamentos antirrefluxo, corticóides e antialérigicos (antihistamínicos). Os corticóides são os medicamentos com melhor resposta, e mais de 90% dos pacientes respondem bem ao tratamento após 2 semanas dos seu início, apesar de que recidivas do quadro podem ocorrer. Nos casos em que há estreitamento (estenose) do esôfago devido ao infiltrado eosinofílico na musculatura, uma dilatação através de endoscopia digestiva pode ser necessária.
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Dr. Fernando ValérioDOENÇAS, EXAMES e TRATAMENTOS Dr Fernando Valério Esofagite Eosinofílica Gastroenterologia Intolerâncias e alergias alimentares Refluxo Gastroesofágico e Hérnia de Hiato