Você deve estar se questionando sobre a minha pergunta tão direta, e que pode até mesmo ser considerada muito deselegante por alguns. Também pode estar se perguntando: qual razão de um médico estar escrevendo sobre economia? Apesar da sua estranheza, saiba que a definição de saúde pela Organização Mundial de Saúde é o “bem estar físico, mental e social“, e desta forma, ter as suas finanças saudáveis também pode representar um bom hábito. Mas ao contrário do que você pode estar pensando, eu não sou daqueles que se divertem olhando a conta bancária todos os dias ou que acreditam que guardar dinheiro seja o objetivo principal da vida. Não, a minha opinião sobre dinheiro está muito longe disto, e ele deve ser usado sim, mas de forma consciente e adequada. O dinheiro é um meio necessário para que possamos realizar alguns sonhos, estudar, conhecer lugares interessantes, oferecermos saúde e moradia à nossa Família, além de nos proporcionar conforto na nossa velhice. E este último ponto é o que me incentivou mais a escrever este artigo, já que com um sistema previdenciário falido como o do nosso País, deveremos ter condição de nos sustentar quando não estivermos mais ativos no mercado de trabalho. Acreditem em mim, eu atendo todos os dias aposentados que trabalharam a vida toda, e agora tem as suas consultas pagas pelos filhos porque o seu padrão de renda despencou, e posso lhes garantir que eles se sentem muito humilhados por isso. Desta forma, este artigo se concentrará em dois pontos, manter a sua vida financeira organizada e saber investir o dinheiro guardado com tanto esforço.
Quanto se pensa em organizar as suas finanças, vamos a um ponto básico, mas desrespeitado por muitos: não se gasta mais do que se ganha. Vou mais além. Como não trabalharemos até o último dia das nossas vidas, deveremos fazer uma reserva para a aposentadoria, e por isso, uma parte do nosso salário deveria se investido para este período. O quanto guardar depende das possibilidades de cada um, mas uma regra segura seria manter investido 20% do que ganhamos todos os meses. Sintetizando este pensamento, digo-lhes que deveríamos viver um degrau abaixo das nossas possibilidades, e sabermos aguardar o momento correto para aquela viagem dos sonhos ou da compra do apartamento na praia. Quando antecipamos os gastos por impaciência, sacrificamos o nosso projeto de qualidade de vida no futuro, que por sinal, chega bem rápido. Você está achando utópico esta parte do texto, mas pense bem e veja se o seu carro não está um pouco acima das suas condições, e o obrigou a entrar em um financiamento eterno? Ou abra o seu armário e veja quantas roupas quase repetidas você tem, e pior, quantas estão esquecidas lá dentro e nunca foram usadas. Pois é, guardar dinheiro, assim como tudo na vida, exige esforço, disciplina e perseverança. Mas lembre-se, você não precisa ter uma fazenda com vários tratores e funcionários para plantar um pé de feijão, e portanto comece guardando o que você pode, mas faça isto sempre até que a sua colheita seja grande. Lembre-se que você é um cliente bancário, e que quanto mais dinheiro você colocar no seu banco, mais facilidades eles lhe darão, como por exemplo a diminuição de taxas.
Um outro ponto interessante a se pensar é que coisas ruins acontecem, e que uma parte da população morre jovem, ainda mais com uma violência exacerbada como a atual. Por isto, se você é o responsável pelas finanças da sua Família, lembre-se que se você morrer e ainda não tiver tido tempo para acumular riqueza, os seus filhos terão muita dificuldade em se manter em uma boa escola ou de terem um bom plano de saúde. É por isso que quem não tem riqueza acumulada o suficiente para manter uma Família com os rendimentos das suas aplicações após a nossa morte devem ter um seguro de vida eficiente e com uma apólice que cubra realmente as despesas futuras dos seus parentes, principalmente os dependentes mais queridos, os nossos filhos.
Agora imagine que você se esforçou muito e conseguiu guardar um certo volume de dinheiro no último ano, mas por um um infortúnio você está com apendicite e precisará ser internado para realizar uma cirurgia de urgência. Mas você tem um “pequeno” problema: você e a sua Família não têm um plano de saúde! E agora, não há o que fazer e assumir a despesa inesperada. Posso lhes garantir que as despesas hospitalares serão muito maiores do que se você tivesse pago um plano de saúde. Lembre-se, assim como o seguro de vida, planos de saúde não devem ser vistos como uma despesa, e sim como um necessidade. O esforço em pagar estes seguros garantirão dignidade às pessoas que você ama e a si próprio. Certa vez atendi um paciente que se alegava que “pagar convênio é jogar dinheiro fora”, o que é uma opinião pessoal, e que eu devo respeitar. Mas o interessante é que ele tinha o seu carro e o da esposa avaliados em mais de cem mil reais, e não achava que o pagamento do seguro, do IPVA e da manutenção dos carros, que obviamente eram altos, um desperdício de dinheiro. Juízo minha gente, nós vivemos em um País em que não podemos depender do auxílio do gorverno. Pelo contrário, ele nos leva embora um terço do que ganhamos em forma de impostos, fora o que vem embutido em tudo o que compramos no supermercado e farmácias.
Agora passemos para o outro lado, você conseguiu guardar dinheiro e vai começar a investir. Neste momento você já é uma exceção e já poderá dormir em paz, você não tem qualquer dívida. Mas antes de começarmos a tratar deste assunto você deverá saber que poupar é diferente de investir, já que está última ação representa fazer o seu dinheiro trabalhar a seu favor, aumentando de forma significativa o volume acumulado. Vou lhes dar um exemplo prático e real que ocorreu bem próximo de mim. A minha esposa tinhas as suas suadas economias aplicadas em um fundo de investimento de um grande banco, com um rendimento anual de 8%. O problema é que naquele ano a infação foi de 4%, depreciando pela metade o valor da aplicação dela. Além disso, o banco cobrava uma taxa de 4% para administrar o fundo (os bancos não são instituições beneficentes), o que comia a outra metade do rendimento. Em resumo, ela simplesmente não perdia o poder de compra, mas de forma alguma lucrou com o investimento, ao contrário do que aconteceu com o banco, que teve um lucro real.
Desta forma, algumas considerações devem ser feitas aqui. Se você não é um especialista em investimentos ou alguém muito antenado neste assunto, você deverá pedir a ajuda a quem sabe e ler sobre o assunto, que foi o que eu fiz. Após ler muito e discutir com pessoas especializadas, como Adriana Gatti e Danny Rappaport (investport), é que eu pude começar a entender o que significava a sopa de letras e palavras como PGBL, VGBL, CDB, CDI, alavancagem, multimercado, taxa de carregamento, taxa de administração, índices e rebalanceamento. Pior que isto, descobri que pagava taxas exorbitantes ao banco, assim como a minha esposa, que as previdências privadas pagas por mim e por ela há anos estavam erradas, e que sofríamos bitributação, ou seja, pagávamos o mesmo imposto duas vezes. Neste momento deixo um recado claro e sincero, e que não deverá ser esquecido: o gerente da sua conta é funcionário do banco, e tem como função tornar a instituição que paga o salário dele uma empresa que gere lucros, e nem sempre o que é bom para o banco é bom para você. Nos últimos tempos pude constatar algumas oportunidades de bons investimentos perdidas, e que nunca foram orientadas pelo banco. Pelo contrário, o banco sempre me procurou para empurrar produtos que só gerariam gastos, como os cartões de créditos. É por isso que você deve ter a ajuda de pessoas que realmente lucrarão com os seus lucros, e que além do mais, estudam e vivem o assunto muito mais do que você.
A partir de agora, sempre que você pensar em fazer uma compra pense: eu preciso? eu quero? eu posso? Estas três perguntas poderão lhe garantir um futuro muito seguro e agradável. Boa sorte!
Postado por:
Dr. Fernando Valério