Nesta época do ano é quase impossível não fazermos uma reflexão sobre o porquê de tantas taxas e impostos. Mais ainda, é muito difícil não nos revoltarmos com a sensação de que estamos jogando dinheiro adquirido com tanto esforço e dedicação no lixo. A quantidade de impostos é tão grande, que poderíamos fazer uma sopa de letrinhas com elas, comermos e com certeza, passarmos por uma grande indigestão.
Os impostos governamentais são os que mais nos dão a sensação de estarmos sendo furtados, já que não há retorno de qualquer serviço de qualidade no setor público. Pagamos IPVA para conservação de ruas e estradas, e é óbvio que isto não ocorre. Ao redor da minha residência o número de buracos é tão grande, que na semana passada havia mais palmeiras plantadas nestes buracos, como uma forma de orientação para que os motoristas não fossem engidos pelos mesmos, do que em praças. Pensando em carros, o governo criou em São Paulo a inspeção veicular para verificação de emissão de poluentes pelos carros no meio ambiente. A idéia é interessante, mas somente os carros novos serão avaliados, enquanto os verdadeiros poluidores estão livres desta taxa e chateação. Obviamente esta inspeção será cobrada. O IPTU, a mesma coisa, principalmente quando se pensa que as empresas gastam uma fortuna com ele. Se o dinheiro gasto com o IPTU fosse menor, com certeza haveria maior disponibilidade de empregos formais, mas a ganância de alguns não permitem isto. E por último, mas não menos indecentes, os impostos federais. É tão interessante pagarmos imposto de renda, PIS, COFINS, INSS, FGTS, e termos que assistir a uma saúde pública caótica, uma tremeda insegurança pública, educação de nível precário e aposentadoria ridícula (principalmente para os que atuaram no setor privado). O pior é que depois de tantos gastos, nós ainda precisamos pagar escolas particulares para os nossos filhos, planos de saúde, segurança condominal e previdência privada. Ou seja, a nossa taxa de impostos sobe para mais de 70% dos nossos salários, o que nos torna os maiores bobos do Mundo. E tem muito brasileiro que gosta disto, afinal de contas a aprovação do nosso presidentes é igual a taxa de impostos que pagamos.
Além disso, ainda temos as nossas taxas profissionais, como sindicatos e conselhos. A minha esposa é fisioterapeuta, e por isso anualmente pagamos as taxas de CREFITO, que é o conselho responsável pela Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Posso lhe dizer que as únicas vezes em que ela foi lembrada por este conselho foram na época de pagamento e eleições do conselho (que por sinal cobra multa em caso de não comparecimento). No meu caso, por exemplo, pago o Conselho Regional de Medicina, Associação Paulista de Medicina, Associação Médica Brasileira e Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, mas quando preciso estudar em artigos médicos recentes ou utilizar bibliotecas médicas de alto nível, sou obrigado a procurar Hospitais em que sou credenciado.
Como se percebe, em todos os níveis temos uma péssima utilização e administração de dinheiro que é tirado de nossas casas, da educação do nossos filhos, da nossa saúde e da nossa segurança. Já passou da hora de nos revoltarmos com esta situação, e de cobrarmos na justiça serviços de qualidade para tudo o que nos é cobrado e não realizado.
Postado por:
Dr. Fernando Valério