Há 3 semanas eu e a minha esposa vivemos alguns momentos de terror em decorrência da saúde do meu filho. Ao chegar da escola, percebemos que ele apresentava alguns hematomas pelo corpo, mas um pouco diferente daqueles que os meninos geralmente apresentam, causados por um excesso de energia natural da idade e do sexo. Estes hematomas eram azulados, elevados e em locais pouco habituais (dedos, abdomen e nas costas), e estas características nos fizeram pensar de algo não estava bem com ele. Obviamente, o amor parterno e materno nos fez sublimar o sentimento de medo, e nos forçava a pensar de que todas estas manchas eram causadas por traumas na escola, tão comuns por sinal. No entanto, a razão e o conhecimento médico de ambos, já que a minha esposa é fisioterapeuta, e tem experiência ao atendimento de pacientes em Unidades de Tratamento Intensivo e de Unidades Cardíacas, nos fez crer de que havia a necessidade de se procurar ajuda médica. Não é fácil para um Pai médico perceber que o seu maior bem pode estar severamente doente, e que a resolução deste problema pode depender de uma atitude dele. E aí eu deixo um conselho a todos: em caso de dúvida, procure um médico, pois foi esta atitude quem salvou a vida do meu filho.
Desta forma, procuramos o Pediatra, o Dr. Gustavo Foronda, que além de um excepcional médico, nos ajudou afetivamente em todo este processo, e a quem devemos profunda gratidão. Ele obviamente solicitou os exames de sangue, que foram realizados imediatamente, e que deveriam ser entregues pelo laboratório no dia seguinte. No entanto, às 20 horas deste mesmo dia, eu recebi uma ligação inesquecível do próprio Dr. Gustavo. O meu filho realmente estava doente, e apresentava uma doença sangüínea chamada Púrpura Trombocitopênica, que causa a destruição de células denominadas plaquetas, que são células responsáveis pela coagulação sangüínea. Para que se tenha idéia da gravidade, o número normal de plaquetas varia de 450.000 a 150.000, e o resultado do exame mostrava que ele tinha apenas 19.000, o que lhe deixava em enorme risco, até mesmo de que um sangramento espontâneo pudesse ocorrer. Assistir ao choro da minha esposa neste momento, trouxe-me uma tristeza muito profunda, mas fez com que nos uníssemos ainda mais nesta briga que se iniciava.
Os dias seguintes foram muito estressantes, longos, com cuidados extremos para que ele não se machucasse ou caísse, intermediado pela realização de exames. Foi difícil ver uma criança tão ativa e alegre ter que ficar enjaulada, e com todos os seus passos monitorados por adultos. Mas felizmente, o meu filho teve uma resolução espontânea deste quadro após um período de cinco dias, e no momento de avisá-lo de que estava curado, tivemos um dos momentos mais especiais das nossas vidas. Nós descobrimos como a vida deve ser valorizada, vivida, curtida, acompanhada das pessoas que você realmente ama, e que jamais se deve perder o sorriso pueril. Assim que avisamos a ele de que já estava curado, ele nos perguntou se já poderia correr, como sempre fez, e logicamente e com muita alegria nós dissemos que sim. Nesta hora, ele saiu correndo pela casa feito um “furacão”, pulou em cima da gente, pulou na cama, lutou “espada”, saltou durante o banho, e nos ensinou que estar vivo é um milagre, e que cada minuto deste milagre deve ser aproveitado e agradecido.
Mas como o título deste artigo diz, a vida muda rápido, muito rápido. Se há algumas semanas eu tive muito medo de pensar na possibilidade de perder um filho, hoje eu comemoro com muita alegria a possibilidade de uma nova criança em nossas vidas, já que nesta semana soubemos que a minha esposa se encontra no início de outra gestação. Se estar vivo é um milagre, ajudar a Deus a dar a vida é uma benção, e esta Família pode se dizer agraciada, já que acima de tudo, somos muito felizes.
Postado por:
Dr. Fernando Valério