Nesta última semana, o meu Pai foi consagrado com o Prêmio “Sócio Honorário Técnico de 2007? pela Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), fruto de uma carreira profissional irreparável e digna deste reconhecimento. Mas, no momento de receber o prêmio, ele como sempre não se utilizou da oportunidade para fomentar as suas conquistas, e em vez disto, fez uma grande e merecida homenagem à minha Mãe. Neste artigo gostaria de tornar pública a minha admiração por estas duas pessoas tão especiais.
O meu Pai imigrou de Portugal ainda criança. Pouco depois de chegar ao Brasil, perdeu a mãe vitimada pela tuberculose, e foi abandonado pelo próprio pai, sendo a partir daí criado pelos irmãos mais velhos. Com todas as ondas da vida se quebrando em sua direção, ele conseguiu remar de forma brava, cursou colégios públicos, e se formou em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina. De todos os bons exemplos que tenho do meu Pai, o profissional é sempre o mais evidente. Ele jamais chegou atrasado ao trabalho, jamais deixou de lutar com coragem pelo sucesso de toda a sua equipe, mesmo que isto lhe custasse algumas rugas precoces, jamais trapaceou ou foi desonesto com qualquer pessoa que tenha cruzado, independentemente do cargo ocupado. Para aqueles fãs do network e das amizades com interesses futuros, saibam que eu nunca vi um chefe do meu Pai dentro da minha casa ou o vendo comprando algum presentinho especial de aniversário. Ele sempre tratou as Empresas por onde passou com muito zêlo, como se elas fossem suas, sem para isto precisar desrespeitar a hierarquia, algo que por sinal sempre valorizou, e muito. Se você conhece a expressão “vestir a camisa”, o meu Pai é um exemplo vivo de que ela existe. Caso você ache que eu sou um filho muito “coruja”, eu o convido a ir ao meu consultório e folhear os cadernos de colégio do meu Pai, e duvido que os seus tenham sido tratados melhores do que os dele.
Mas, para que tanta dedicação profissional fosse possível, alguém se transformou em uma gigante de 1,50m capaz de cuidar e educar de forma incessante quatro filhos, organizar uma casa, e principalmente, ser a sustentação emocional e cultural de toda uma família. Se hoje todos somos tão felizes e estruturados, inclusive o meu Pai, é a minha Mãe quem merece todos os louros. O agradecimento que o meu Pai fez à ela no seu momento de glória serviu para reafirmar o grande exemplo de Pai que tenho, e como sempre ele mostrou que ninguém será tão grande se não houver uma estrutura vigorosa por trás. Para que o meu Pai recebesse este Prêmio, a minha Mãe aceitou morar no interior do Espírito Santo na década de 80, mesmo com toda a sua família
Mas como nem tudo são flores, no momento em que ele recebia este prêmio, alguns “colegas de profissão” se retiraram do auditório, e não o cumprimentaram pelo reconhecimento público que acabava de receber. Se você conversar sobre isto com o meu Pai, há uma chance de 100% de que ele desconverse o assunto e banalize esta atitude, ele é infinitamente melhor do que isto. Mas como filho, gostaria de deixar um recado aos colegas em questão: vocês têm muito poder, mas ele geralmente atrai a inveja e dinheiro. Mas se você tem autoridade moral, retidão ética, decência, companheirismo, compromisso e honestidade, você atrai admiração e carinho, coisas muito mais significantes quando você olha para trás e vê o legado que deixou. Poder se perde facilmente, respeito se conquista arduamente, e é um mérito dos fortes. O meu Pai não precisar provar mais nada a qualquer pessoa que seja, ele foi autodidata em quase tudo, principalmente na paternidade.
Se você quer fazer uma avaliação sobre mim, leve muito em consideração o tipo de educação que recebi e tenha certeza de que ela é espelhada nos exemplos dados pelos meus Pais. Saiba que eu tenho muito orgulho disto.
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