O “TISS” e a bagunça nos Convênios.

Você que costuma passar em consultas médicas através do seu convênio perceberá que houve uma grande mudança nos formulários a serem assinados por você. Por exemplo, aquela máquina para imprimir o seu cartão de segurado deixou de ser utilizada. Estas alterações decorrem da implantação do padrão TISS (Troca de Informações para Saúde Suplementar) pela Agência Nacional de Saúde (ANS). O padrão TISS passou a vigorar em todo o País a partir de 31 de maio de 2007, e tem como objetivo a uniformização de formulários pelos convênios, e a comunicação de dados mais eficiente para o Ministério da Saúde. Até aí, tudo parecia ir muito bem, até que se descobriu que a maioria dos convênios não se preparou para esta mudança, e que por sinal foi comunicada em outubro de 2006. E mais uma vez quem arcou com as conseqüências foram médicos e pacientes.

Em um destes convênios, durante a minha tentativa de receber orientações quanto ao preenchimento dos novos formulários, recebi a seguinte resposta: “ainda não estamos antenados com o TISS, e não sabemos orientar aos médicos”. Esta ligação ocorreu no dia 30 de maio de 2007, ou seja, um dia antes da implantação do TISS. O mais interessante é que nesta mesma noite eu recebi um e-mail deste convênio, comunicando-me de que faltava apenas um dia para a utilização do novo padrão. Conclusão, este convênio cultivou a hipocrisia de parecer muito atento às novas determinações do Governo, mas na verdade nem mesmo treinou os próprios funcionários. Alguém duvida de que começou a temporada de glosas de contas médicas nos convênios? Eu não.

Um outro convênio foi muito mais longe. Simplesmente não disponibilizou os formulários novos para a rede referenciada, o que era a sua obrigação legal. No entanto eu só descobri esta barbaridade após visitar quatro postos de entrega de formulários, e que por sinal haviam sido indicados pelo próprio convênio. Vendo que a situação se agravava entrei em contato com a seguradora em questão, e orientaram-me a utilizar as guias antigas. No entanto, no dia 31 de maio quando fui utilizá-las, descobri que esta orientação não passava de uma embromação da central de atendimento para se livrar do médico “chato”, e que os meus atendimentos não seriam considerados porque não foram assinados nas novas guias de consulta, e que por sinal, eram apenas virtuais e não existiam. Tentando sanar a sua incapacidade explícita, este convênio permitiu a impressão das guias através da Internet, e mais uma vez a responsabilidade da seguradora passou para as mãos dos médicos. Sinceramente, o meu consultório não é uma gráfica para “quebrar galhos” de empresas incompetentes e desorganizadas, razão pela qual imprimi estas guias com absoluta revolta.

Infelizmente, as leis do nosso País mais parecem recados escritos em guardanapos de bar do que determinações sérias, e as autoridade permitem que os grandes se achem no direito de não respeitarem estas ordens, enquanto os pequenos são punidos sem direito a argumentação. Agora, faça me um favor e diga-me como se educar um filho com critérios rígidos de moral e decência, se em alguns anos ele irá se deparar de frente com este estado de desrespeito? Eu não sei.