No último final de semana levei o meu filho à Academia de Natação onde ele faz aula, para que fosse realizado o exame médico obrigatório. Obviamente, como médico, achei um desperdício de tempo e de dinheiro, mas não quis contestar as regras do local, aceitei a “consulta” e fiz o pagamento. No entanto, ao conversar com a médica que realizava o exame, pude mais uma vez observar como este País é segregador em relação ao crescimento profissional e ao acesso à Educação. Neste artigo contarei a história desta médica recém-formada, a compararei com a minha, e assim você poderá entender as diferenças das nossas carreiras e dos seus resultados, e de como dependemos unicamente dos esforços das nossas Famílias para podermos crescer.
A médica em questão acabou de se formar em Medicina, e por coincidência, na mesma Faculdade que eu. E a partir daí tudo começa a ficar diferente para nós dois. Ela prestou uma única prova de Residência Médica, já que só tinha condições financeiras para prestar um teste, em Psiquiatria, e passou. Ou seja, neste momento ela conseguiu algo mais difícil do que se passar no Vestibular de Medicina, que é ser aprovada em um exame de Residência, lembrando que ela só teve esta chance. E por sua vez, a Sociedade acabou de receber a oportunidade de ter mais um profissional realmente habilitado para o atendimento médico. Só que para a minha surpresa, ela me disse que abandonou a vaga conquistada e não fez a matrícula: “eu não teria condições de pagar o transporte, e preciso colocar dinheiro em casa”. Foi neste momento que as nossas carreiras seguiram caminhos totalmente diversos. Eu, ao contrário dela, nunca precisei trabalhar enquanto não acabei a minha formação médica, ou seja, dediquei-me exclusivamente aos estudos. Mais do que isto, os meus Pais colocaram à minha disposição qualquer tipo de literatura médica que eu necessitasse, e por várias vezes estudei em livros importados e caros, além de ter transporte próprio e acesso irrestrito à tecnologia, como a Internet. Hoje, ela trabalha fazendo exames médicos de Academias e atendendo
Eu tenho certeza que este texto fala por si só, mas não posso deixar de mostrar a indignação que tenho pelos políticos deste País, que se recusam a fazer as reformas Tributária e Trabalhista, o que favoreceria o aumento de empregos formais e aumentaria a renda das Famílias, que lutam para diminuir a própria carga horária de trabalho e para aumentar os seus salários, que não primam em nada pela ética, que trocam favores para manter a CPMF sem lembrar que ela nos penaliza cada vez que compramos um litro de leite ou um livro, e que amputam, sem anestesia, o desejo e a necessidade de crescimento dos jovens deste País.
Que você possa contar com os seus Pais, porque não poderá contar com o seu País.
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