Todos nós associamos a felicidade ao dinheiro, já que com ele temos acesso às mais diferentes coisas que o Mundo pode oferecer, e que aparentemente, podem nos fazer mais felizes. Primeiramente, desafio você a dar uma boa definição de felicidade, o que é quase impossível, visto que em toda a História, poucos o fizeram de forma completa e inquestionável, se é que conseguiram. Depois desta tentativa você já deve ter percebido que passamos a vida buscando algo que simplesmente não conseguimos nem mesmo dizer o que significa, mas temos a certeza que o dinheiro pode ser uma boa opção de caminho para achá-la. Será?
No livro “Felicidade”, escrito pelo economista Eduardo Giannetti, há a descrição completa de um dos estudos mais famosos sobre a relação ser feliz e ter dinheiro. Este estudo mostra que é muito difícil se chegar à felicidade quando as nossas necessidades básicas não são atendidas, como um plano de saúde para a família, moradia decente, escola para os filhos, transporte e algum lazer. Sendo assim, neste panorama ter dinheiro pode fazer alguém mais feliz. No entanto, quando extrapolamos as necessidades básicas já atendidas para o luxo, o que o estudo mostra é que não há diferença entre ser feliz ou não. Pelo contrário, em alguns casos isto acarreta frustração, já que o esforço que se faz, como a não convivência familiar por exemplo, pode trazer uma série de transtornos e arrependimentos. O que o estudo conclui é: os ricos são mais felizes que os pobres, mas os riquíssimos, não são mais dos que os ricos. Gostaria apenas de ressaltar que não estou incentivando o abandono pelo aprimoramento profissional, apenas estou tentando lhe dizer que o dinheiro deve ser fruto do seu preparo e conquistas, e não o objetivo principal.
O psicólogo Daniel Gilbert, professor em Harvard e autor do livro “O que nos faz felizes” também demonstra que apesar da evolução tecnológica, e com todas as facilidades que ela nos trouxe, além do aumento da renda per capta mundial, não houve aumento dos níveis de felicidade em relação às gerações passadas. Isto mesmo, se você imagina que alguém viveu sem computador, sem telefone celular, sem forno de microondas, sem carros potentes, sem avião, e que por isso não era feliz, você errou. Estas pessoas eram tão felizes naquela época quanto nós somos hoje. Há duas explicações para isto. A primeira, é que simplesmente não podemos sentir falta do que não tivemos experiência ou contato, e no passado toda esta tecnologia não passava de ficcção científica. No seu livro, o Prof. Gilbert descreve o caso de duas irmãs que se descrevem extremamente felizes, cada uma com a sua profissão e sonhos. Mas no final do capítulo ele faz uma grande revelação: elas são gêmeas siamesas, ou seja, são duas pessoas dividindo o mesmo corpo. Você pode achar absurdo que elas se julguem felizes, mas elas simplesmente não sabem como é viver separadas uma da outra, e nós não sabemos como é estar ao lado do seu irmão o tempo todo. E a segunda, é que nós simplesmente nos adaptamos com as nossas aquisições, assim como uma criança que ganha um brinquedo novo, mas que depois de alguns minutos vai deixá-lo no canto, por mais excitada que tenha ficado ao receber o presente. Se você já teve um carro “zero”, sabe que depois do primeiro mês o encanto já passou, e que o carro deixou de ser um sonho e virou um meio de transporte que tem seguro a ser pago, precisa ser abastecido e que consome o seu dinheiro com manutenção.
Na minha opinião, a felicidade não é um estado de espírito, e sim a conclusão de uma vida inteira, e se refere muito mais ao que eu fiz do que ao que eu tive. A nossa felicidade é diretamente proporcional às nossas realizações, e que deve ser construída durante toda a nossa vida, já que ela nunca será um estado final, e sim algo cultivado permanentemente.
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