O trânsito, os motoboys e você.

O trânsito, os motoboys e você.

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Na noite passada, quando retornava de um restaurante em São Paulo, fui verbalmente agredido por um motoboy, porque, segundo ele, eu havia comprometido a sua passagem por uma das pistas da avenida. O interessante é que, enquanto eu aguardava o semáforo abrir, este mesmo “instrutor” de trânsito, “furou” dois sinais vermelhos, além de se mostrar altamente agressivo na maneira de pilotar, costurando entre os carros. Na semana passada, assisti a um motoboy destruir o retrovisor de um carro propositadamente com um chute, simplesmente porque ele achou que o motorista à minha frente havia deixado pouco espaço para que ele utilizasse um corredor imaginário entre os carros. A razão pela qual discuto este assunto aqui é a de analisarmos este tipo de comportamento, que, em alguns casos, chega a bandidagem.

A venda de motocicletas no Brasil representa 6% do mercado. No entanto, quando as estatísticas anuais de acidentes são observadas, as motos estão envolvidas em 37% dos casos. Estes números refletem o que todos já sabem, andar de moto é mais arriscado que de carro, principalmente quando o motoqueiro participa de ações que favorecem aos riscos. Todos os dias, centenas de rapazes são atendidos nas ruas de São Paulo após se envolverem em acidentes. Só que, além da preocupação com a integridade do motoqueiro, você deve se preocupar com a sua. Quando estes acidentes ocorrem, vários “colegas de trabalho” do acidentado param no local do acidente, e nem sempre por solidariedade. É muito comum que o condutor do carro seja cercado, hostilizado e ameaçado. Em várias situações, os motoboys chegam a se comportar como verdadeiros membros de quadrilha. Por isso, tome cuidado ao se envolver em discussões no trânsito, nunca saia do seu carro (a não ser para prestar socorro) e evite manifestações que gerem a ira destes “ameaçadores de duas rodas”, como buzinar ou sinalizar com gestos desrespeitosos, porque só você tem o que perder.

Como a indústria do delivery (entrega em casa) se alastrou pela cidade, devido principalmente à insegurança e ao conforto, muitos restaurantes utilizam estes motoboys. Em 2005, a prefeitura da Cidade de São Paulo obrigou os motoboys a se cadastrarem, a utilizarem um número de identificação nas suas caixas transportadoras e a vestirem todo o equipamento de segurança. Mas, como esperado, a lei não pegou. Os chefes de quadrilha organizaram várias manifestações contra a lei, que a princípio dava credibilidade à sua profissão (o que é muito estranho). Preferiram continuar clandestinos e ilegais. A nossa maneira de impor esta lei, para a nossa própria segurança, é não realizar pedidos em restaurantes que não tenham motoboys devidamente inscritos na Prefeitura. Quando os donos destes estabelecimentos perceberem no bolso esta atitude, nós estaremos mais seguros.

Se há uma coisa que abomino é o preconceito e a generalização. Mas, sinceramente, até que os motoboys tenham um comportamento mais gentil e educado, há pouca probabilidade de não nos comportarmos desta maneira em relação a eles. Sendo assim, proteja-se, dirija defensivamente e não extravase as suas tensões do dia a dia no trânsito. Valorize a sua vida e dos seus familiares, pois estes conflitos com motoboys podem ter conseqüências trágicas, e para ambos os lados.

Postado por:

Dr. Fernando Valério