Ambição e Ética

Nos tempos atuais, nada se discute mais neste País do que a ética (na verdade, a falta dela). Mas este é o ponto, muito se discute, e nada se faz. O que se faz decorre muito mais da ambição. Primeiramente, devemos definir o que são estas duas palavras: ética e ambição.

A ética é o limite das nossas ambições, ou seja, é ela quem define até que ponto podemos chegar para alcançar os nossos objetivos. A ética é instituída por padrões sociais, familiares e religiosos, mas o bom senso deve ser sempre o fator preponderante nas nossas decisões. A ambição, por outro lado, é tudo aquilo que você pretende fazer e ter na vida. Infelizmente, a ambição quase sempre está associada ao dinheiro. Lembrem-se, o dinheiro não é o objetivo final e sim o meio. Ou seja, é apenas o instrumento que nos permite ter ambições mais relevantes, como oferecer uma boa escola aos nossos filhos, ter um bom plano de saúde, viajar para lugares culturalmente interessantes e morar confortavelmente. Além disso, devemos ter outras ambições mais profundas, como simplesmente buscar a felicidade, o respeito ao ser humano, a paz e a civilidade.

No meio médico, a ética também é um tema importante de discussão, e aí não se restringe apenas ao nosso País. No livro Freakonomics, o economista americano Steven Levitt descreve um caso muito interessante. Segundo estudos realizados em algumas cidades americanas, quando o índice de nascimentos está em queda, o número de partos cesarianas aumenta. E, ao inverso, quando o número de nascimentos aumenta, os índices de partos cesarianas diminuem. Chega-se a conclusão óbvia de que, quando a demanda cai, os médicos tentam impingir procedimentos mais caros e mais rentosos. Como se observou no exemplo acima, os procedimentos são definidos pela ambição, ou seja, a necessidade de maior lucro, e não pela ética. Se estes médicos fossem éticos, a decisão de se realizar os partos cesarianas seria baseada em fundamentos médicos e acadêmicos, e não financeiros.

Quando se fala em ética, devemos nos lembrar que os pequenos deslizes também nos fazem seres anti-éticos. Furar a fila no banco, passar no caixa rápido do supermercado com número excedente de mercadorias, passar no farol vermelho, não honrar as nossas dívidas, “colar” nas provas, pular a roleta do metrô, “roubar” a vaga no estacionamento do shopping ou conversar no cinema, também caracterizam falta de ética. Antes de sermos críticos arrogantes da pouca ética alheia, devemos olhar para dentro de casa e pensar que conceitos éticos estamos passando para os nossos filhos. Se você prefere que o seu filho vença no futebol da Escola, mesmo sabendo que o jogo foi “roubado”, do que ensiná-lo que a derrota é parte do jogo e que nos incentiva ao crescimento, repense os seus conceitos de ética.

Espero que o título deste artigo seja o único lugar em que a ambição veio antes da ética. Defina o quanto antes a sua ética, porque ela sempre deverá anteceder a sua ambição, e não deixe que a falta de perspectiva em alcançar um objetivo, afrouxe o rigor ético previamente estabelecido e interiorizado.

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