Trabalho e Família

Trabalho e Família

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Em meu consultório atendo diariamente executivos, bancários, comerciantes, profissionais liberais e autônomos, e quase todos se dividem na mesma angústia, a falta de tempo para se dedicarem à família. Este desconforto ultrapassa o limite da ansiedade, tornando-se até mesmo um fator desencadeador de doenças, como a dispepsia (má digestão) e a Síndrome do Intestino Irritável.

Cito sempre como exemplo um paciente que trabalha em São Paulo, mas que tem esposa e filhos em Belo Horizonte. Durante a semana, apesar da dieta regrada, apresenta vários episódios de dor abdominal, queimação e diarréia. No entanto, nos finais de semana em Belo Horizonte, apesar de uma dieta muito pouco indicada, incluindo alimentos gordurosos e frituras, ele não apresenta qualquer sintoma.

Deixo claro que ao escrever este artigo não estou desestimulando a necessidade de empenho profissional, da dedicação, da vontade de crescer profissionalmente. Na verdade, a minha intenção é incentivar a todos a se organizarem, que tentem manter uma agenda compatível com as suas obrigações e ambições profissionais com as necessidades da sua família. Em anos de carreira atendi muitos pacientes com doenças graves, e nunca ouvi deles o arrependimento por não terem investido ações na empresa “X”, ou por não terem sido presidentes de uma grande Companhia. Entretanto, todos comentaram que se pudessem voltar no tempo se dedicariam mais às suas famílias.

Pessoalmente, dedico-me a minha família de maneira intensa, observando e apoiando as necessidades da minha esposa, participando ativamente da educação do meu filho, reservando horários para programas em família. Mais do que isso, estou sempre disponível a ouvi-los, e interessado em ajudá-los e orientá-los, em uma relação sempre baseada em amor e carinho. Apesar deste envolvimento familiar tão evidente, o meu crescimento profissional sempre superou expectativas, e a qualidade do atendimento prestado aos meus pacientes nunca foi comprometido, porque eu sei que cumpri o meu papel como marido e pai, e que posso me dedicar ao trabalho de forma muito tranqüila.

Como médico, acredito que aquele que não consegue entender as necessidades da sua própria família, terá poucas chances de compreender o que se passa com os seus pacientes, entender de forma profunda as relações familiares por que passa uma família com um parente doente, ter a capacidade de acalmar as angústias, e reverter isto em apoio familiar.

Como escreveu Stephen Kanitz, administrador formado em Harvad e colunista da Revista Veja, qual o verdadeiro “sucesso” de ter um filho drogado por falta de atenção, carinho e tempo para ouvi-lo no dia-a-dia? Tenha sempre em mente que nenhum sucesso na vida compensa um fracasso no lar. Por mais brilhantes que sejam as nossas carreiras, nós nunca seremos completamente felizes se as pessoas que amamos também não forem.

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