27 fev 20
Atrofia intestinal: doença celíaca! Ou …?

INFLAMAÇÃO E ATROFIA DO DUODENO – SEMPRE CELÍACAS?
A doença celíaca se caracteriza pelo número aumentado de células inflamatórias (LINFÓCITOS) no intestino delgado e pela ATROFIA intestinal. Este diagnóstico é geralmente confirmado pela presença de ANTICORPOS no sangue (anti-transglutaminase, anti-endomísio, e anti-gliadina).
E quando estes anticorpos não são encontrados? Será uma DOENÇA CELÍACA SORO-NEGATIVA? Ou temos outras causas a serem lembradas?
Pensar em doença celíaca é óbvio e necessário nestes casos, mas precisamos ter a mente aberta. As repercussões de um diagnóstico equivocado são enormes. Ninguém quer ter uma dieta restritiva por uma vida sem uma razão digna. Mas também é importante pensar em outras razões que justifiquem estas alterações, já que elas podem gerar riscos e necessitar de tratamentos específicos.
Dentre as causas não-celíacas mais comuns estão:
– Autoimunes e imunológicas: doença de Crohn, enteropatia autoimune, imunodeficiências variadas comuns.
– Infecciosas: AIDS, giardíase, tuberculose, enterite viral, supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO), Helicobacter pylori.
– Nutricionais e alimentares: desnutrição, alergias alimentares, enterite eosinofílica.
– Medicamentosas: anti-hipertensivos (olmesartana), anti-inflamatório, colchicina, inibidores de bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol, esomeprazol).
– Tumorais e infiltrativas: linfoma de intestino delgado, enteropatia associada a linfoma de células T, enterite microscópica (colagenosa), úlcera duodenal.
– Outros: enteropatia por radiação (pós-radioterapia), doença do receptor vs hospedeiro (pacientes transplantados).
Como viram temos uma lista enorme de alterações que devem ser pensadas nestes casos!
E como médicos devem proceder quando o paciente lhe pergunta: “e agora, SOU CELÍACO ou NÃO”?
Primeiro, lembrar que história clínica é sempre muito importante! A doença celíaca tem uma série de sintomas e doenças autoimunes associadas que podem estar presentes. Há relação destes sintomas com a ingestão do glúten?
A doença é uma patologia com base genética! Os genes foram estudados? Há algum familiar celíaco?
Os anticorpos da doença são baseados na Imunoglobina A (IgA) e na ingestão de glúten. Alguém se lembrou de dosar a IgA? O paciente estava ingerindo glúten quando dosou os anticorpos?
E a biópsia? Foi realizada com a técnica correta? O material biopsiado foi tratado com “carinho” para não gerar artefatos na preparação da lâmina? Além da inflamação e atrofia, outros pontos foram analisados? A forma das células intestinais foram avaliadas, onde predomina a presença de linfócitos na vilosidade? São muitas variáveis, e precisamos de especialistas também no laboratório!
E quanto às outras patologias? Elas também merecem questionamentos! Teve febre, viajou e teve alguma infecção intestinal, tem animais em casa (estão vermifugados?), tem alguma doença crônica, toma medicamentos diariamente, perdeu peso, fez radioterapia, é transplantado, tem evacuado sangue, costuma ter alergias, usa drogas?
Este é o cenário! Difícil, mas que deve ser avaliado com calma e paciência.
A doença celíaca requer estudo, dedicação e uma série de conhecimentos agregados. Por isso, precisamos formar mais profissionais capazes e conscientizar sempre sobre a doença. Esta é a missão!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença celíaca e glúten, alergias e intolerâncias alimentares, e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

INFLAMAÇÃO E ATROFIA DO DUODENO – SEMPRE CELÍACAS? A doença celíaca se caracteriza pelo número aumentado de células inflamatórias (LINFÓCITOS) no intestino delgado e pela ATROFIA intestinal. Este diagnóstico é geralmente confirmado pela presença de ANTICORPOS no sangue (anti-transglutaminase, anti-endomísio, e anti-gliadina). E quando estes anticorpos não são encontrados? Será uma DOENÇA CELÍACA SORO-NEGATIVA? Ou […]
27 fev 20
O eixo cérebro-intestinal: entendendo esta relação.

Alguma vez alguém já lhe disse: “não coma muito à noite, você terá pesadelos!”? E você, já teve um quadro de diarreia ou dor de estômago após um período de grande estresse? E o termo “enfezado”, o mau humor que vem das fezes constipadas, faz sentido? Há realmente tanta intimidade assim entre o sistema nervoso e o digestivo?
SIM! Sabemos que o relacionamento entre o cérebro e o intestino é muito próximo, e o chamamos de EIXO-CÉREBRO-INTESTINAL. Esta relação nasce durante o início do nosso desenvolvimento e persiste durante toda a vida. É uma longa amizade! O eixo-cérebro-intestinal regula o equilíbrio entre estes sistemas, principalmente quanto à sensibilidade (dor) e função motora do trato digestivo. Mas quando um dos amigos sofre, o outro pode ser muito solidário!
O trato digestivo é regulado através do sistema nervoso autônomo, uma aparelho nervoso independente do cérebro, chamado de SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO (SNE). O SNE consiste de mais de 100 milhões de neurônios, e também é conhecido como SEGUNDO CÉREBRO. Mas apesar da sua capacidade de agir de forma autônoma, geralmente isto não ocorre, já que há uma COMUNICAÇÃO contínua e bidirecional com o cérebro. São como confidentes!
Uma das maneiras de se comunicarem é através de neurotransmissores, sendo a SEROTONINA a mais destacada. A serotonina tem um papel importante no eixo-cérebro-intestinal. No cérebro, ela modula a cognição e fatores emocionais (ansiedade e depressão). Apesar de ser um neurotransmissor cerebral dos mais importantes, somente 3% da nossa serotonina se encontra no cérebro. Na verdade, 95% da totalidade desta substância é produzida no trato digestivo! No intestino, a serotonina participa do controle motor, da regulação das secreções digestivas, da integridade da mucosa intestinal e do desenvolvimento da nossa microbiota. A serotonina é um importante elo de ligação entre o nosso cérebro, intestino e flora intestinal. Esta é a explicação para que alguns antidepressivos sejam usados para o controle de sintomas digestivos, principalmente dor abdominal. Estes medicamentos estão agindo no eixo-cérebro-intestinal.
Um outros fator nesta relação de amizade é o sistema límbico, o centro cerebral das emoções. Em momentos de estresse e ansiedade, por exemplo, o sistema límbico libera substâncias que estimularão a secreção do CORTISOL, o chamado “hormônio do estresse”. O cortisol age sobre a inervação intestinal, causando aumento de sensibilidade dolorosa e alteração motora intestinal.
A microbiota intestinal também influencia a relação cérebro-intestinal. Como age no metabolismo de vários neurotransmissores, como a serotonina e dopamina, pode estimular uma parte no do nosso sistema nervoso, causando até alterações de aprendizado e de memória.
A importância da relação cérebro-intestinal também se comprova na presença de sintomas emocionais em pelo menos 50% dos pacientes que apresentam dores abdominais e alterações do ritmo intestinal em doença digestivas funcionais, como na Síndrome do Intestino Irritável. Mais ainda, sabemos que pacientes com estas alterações emocionais são mais sintomáticos e que respondem de forma mais modesta aos tratamentos. Estes achados também justificam a necessidade de atividade física, lazer e boas horas de sono no tratamento destes pacientes. O intestino funciona melhor quando o seu melhor amigo, o cérebro, também está bem.
Como visto aqui, a Neurogastroenterologia pode nos ajudar muito a compreender o funcionamento digestivo e suas doenças funcionais. Mantenham alimentação e estilo de vida saudáveis. o seu eixo-cérebro-intestinal agradecerá!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e glúten, alergias e intolerâncias alimentares, e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Alguma vez alguém já lhe disse: “não coma muito à noite, você terá pesadelos!”? E você, já teve um quadro de diarreia ou dor de estômago após um período de grande estresse? E o termo “enfezado”, o mau humor que vem das fezes constipadas, faz sentido? Há realmente tanta intimidade assim entre o sistema nervoso […]
23 fev 20
Doença Celíaca e consulta médica

A CONSULTA MÉDICA é o mecanismo mais antigo para se diagnosticar e tratar pacientes com as mais diversas doenças. O meu objetivo neste post é discutir as peculiaridades das consultas para o atendimento de PACIENTES CELÍACOS. Esta publicação é especial porque não se trata de uma revisão técnica da literatura médica, e sim um relato da minha experiência pessoal e da impressão que tive em muitos atendimentos a este grupo seleto de pacientes.
– Recepção: a maioria dos celíacos já sofreu em muitas consultas improdutivas, demorou para ser diagnosticado, teve frustrações prévias por vários motivos, e chegam com muita ansiedade e esperança depositadas neste novo encontro. Carinho, atenção e acolhimento são fundamentais desde o início.
– Ouvir: celíacos sempre têm muitas histórias para contar! São muitos sintomas, consultas e exames prévios para serem rediscutidos, doenças associadas e milhares de perguntas sobre a alimentação (principalmente sobre a contaminação cruzada!). Uma vida precisa ser contada! É função do profissional ouvir, prestar atenção e valorizar todas as informações. Consultas de pacientes celíacos são, e necessitam ser, longas. Poder falar e ser ouvido é fundamental para uma relação de confiança. Por isso peço que os meus pacientes sejam pontuais (porque eu sou!) e aproveitem ao máximo o seu tempo de consulta.
– Explicar: estamos falando de uma doença crônica, complexa, socialmente restritiva e emocionalmente desgastante. Pacientes celíacos viverão com esta doença por toda a vida, e é preciso que entendam sobre ela com riqueza de detalhes. É necessário que com muita didática e paciência se discutam os pontos principais da doença. Genética (risco familiar), alterações intestinais, sintomas, carências nutricionais, doenças autoimunes, exames e dieta são todos temas importantes, e podem ser abordados com bom gosto, sem necessariamente ocorrer um “massacre” de informações técnicas.
– Segurança: o paciente celíaco precisa ter a certeza de que o profissional que o está acompanhando realmente conhece a doença, com detalhes e que se mantém atualizado. São muitas informações para serem estudadas, e os pacientes trarão as mais diversas dúvidas e necessidades. Esta com certeza não é uma doença para quem não gosta de ler!
– Aconselhamento nutricional: este é um dos pontos chaves da consulta do celíaco. Mas além de orientar a alimentação sem glúten de uma maneira genérica, é preciso que se reforce os riscos de transgressão da dieta e dos efeitos deletérios da contaminação cruzada.
– Acompanhamento: além da parte alimentar, toda doença crônica deve ser acompanhada com consultas regulares e realização de exames. Há protocolos específicos para os celíacos que contemplam a dosagem de anticorpos, marcadores de inflamação, nutrientes, endoscopia com biópsia e marcadores de doenças associadas. Os intervalos das consultas e exames são determinados pelo tempo do diagnóstico, sintomas e melhora clínica.
O objetivo aqui não foi criar um manual, cada profissional desenvolve os seus métodos da melhor maneira. Mas achei importante compartilhar a minha experiência com vocês.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e glúten, intolerâncias e alergias alimentares, e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

A CONSULTA MÉDICA é o mecanismo mais antigo para se diagnosticar e tratar pacientes com as mais diversas doenças. O meu objetivo neste post é discutir as peculiaridades das consultas para o atendimento de PACIENTES CELÍACOS. Esta publicação é especial porque não se trata de uma revisão técnica da literatura médica, e sim um relato […]
23 fev 20
Doença Celíaca: entendendo a biópsia.

DOENÇA CELÍACA: ENTENDENDO A BIÓPSIA
O intestino é o alvo preferencial das agressões que ocorrem na doença celíaca, o que justifica a presença de sintomas digestivos e nutricionais em grande parte dos pacientes.
E como ocorre esta agressão?
Quando um celíaco ingere o glúten, este desencadeia um processo inflamatório AUTOIMUNE na mucosa intestinal através de células chamadas linfócitos (LINFOCITOSE INTRAEPITELIAL), e assim começa a agressão contra este tecido. Após esta agressão inicial, segue-se uma resposta adaptativa à esta inflamação chamada HIPERPLASIA DE CRIPTAS, que significa o aumento do número de células na região inflamada. Caso o processo não cesse, haverá o maior problema relacionado à doença celíaca, a ATROFIA DA MUCOSA intestinal.
Para pesquisar estas alterações e confirmar o diagnóstico da doença é necessário que se realize a ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA e BIÓPSIA.
A presença destas três características baseia a famosa CLASSIFICAÇÃO descrita por MARSH em três graus: linfocitose intraepitelial (1), hiperplasia de criptas (2) e atrofia da mucosa intestinal (3).
Mas é preciso entender as características da doença no intestino para que a biópsia seja tecnicamente bem feita e com resultado confiável:
1) o duodeno é a primeira porção do intestino delgado, e deve ser biopsiado em dois segmentos: o bulbo e a segunda porção. A doença pode acometer segmentos distintos do duodeno. Saiba que em 13% dos casos a doença se restringe apenas ao bulbo duodenal, e não biopsiar esta região (o que é infelizmente comum) pode mostrar um resultado falso-negativo.
2) fazer várias biópsias: o acometimento da mucosa no intestino se apresenta de maneira “desigual” (patchy), entremeada por áreas normais, como se fosse um retalho em uma colcha. Por isso, recomenda-se pelo menos 2 biópsias em bulbo duodenal e 4 na segunda porção do duodeno.
Imagine um cão da raça dálmata! Se fizéssemos apenas uma ou duas biópsias em um cão destes, provavelmente acharíamos que ele teria apenas pêlos brancos OU pretos, e jamais perceberíamos que se tratava de um cão malhado! Este é o erro que ocorre quando se realizam poucas biópsias e em uma área restrita da mucosa. Podemos acreditar que o tecido é normal porque restringimos a pesquisa no número de biópsias e na extensão da área.
Por isso, recomendo que os pedidos de endoscopia reforcem a necessidade de que este protocolo seja seguido, e que o médico que solicita mostre claramente que há a suspeita de doença celíaca. Atualmente a incidência mundial de pessoas celíacas diagnosticadas em exames de sangue é de 1,4%, mas a de celíacos com diagnóstico confirmado também com biópsia é 0,7%. Precisamos melhorar estes números!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e glúten, intolerâncias e alergias alimentares, e doenças intestinais funcionais
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

DOENÇA CELÍACA: ENTENDENDO A BIÓPSIA O intestino é o alvo preferencial das agressões que ocorrem na doença celíaca, o que justifica a presença de sintomas digestivos e nutricionais em grande parte dos pacientes. E como ocorre esta agressão? Quando um celíaco ingere o glúten, este desencadeia um processo inflamatório AUTOIMUNE na mucosa intestinal através de […]
23 fev 20
Doença celíaca: uma alteração sistêmica.

A doença celíaca é uma alteração desencadeada pelo glúten, em pessoas geneticamente predispostas.
O foco aqui é mostrar que o processo em geral se inicia no intestino, mas que devido às características SISTÊMICAS e AUTOIMUNES, pode afetar diversos órgãos.
As fotos mostram o caso de uma paciente que diagnostiquei no começo deste ano. Segundo ela, estas lesões na pele causavam dor e sangramento. Além desta dermatite nas mãos, insônia, diarreia, artrose, perda de peso e alteração de força motora e sensibilidade também eram sintomas que ela apresentava.
Como é nítido nas imagens, a melhora após a retirada do glúten foi incrível! Mas sem uma suspeita clínica e um diagnóstico preciso ela ainda estaria passando cremes nas mãos sem nenhum resultado!
E que lições podemos tirar deste caso?
– A pele nos chama a atenção porque é visível, mas os celíacos sofrem na mesma intensidade que vocês veem nestas lesões cutâneas em outros órgãos. Dor de cabeça, depressão, fadiga, dor muscular, tireoidite, aftas, hepatite, infertilidade, anemia, diabetes, osteoporose e alterações de memória são apenas exemplos de repercussões da doença que não vemos, mas que comprometem muito a vida destes pacientes.
– Esta é uma doença de responsabilidade de várias especialidades. Gastroenterologistas, reumatologistas, dermatologistas, neurologistas, ortopedistas, endocrinologistas, pediatras, clínicos, ginecologistas, hematologistas, devem estar todos atentos a este diagnóstico.
– A ignorância sobre a doença traz imenso sofrimento psicológico. Como esta paciente me disse, “as lesões na pele causavam repulsa nas pessoas”. Comportamentos assim trazem afastamento social e isolamento.
– Por isso, quando um celíaco lhe perguntar mil vezes sobre a presença do glúten em uma comida, trate-o com carinho e paciência. Você pode não entender a razão para tantos questionamentos, mas o paciente com certeza sabe.
– E por último, deixo um pensamento para a reflexão: “Só sabe o que acha quem sabe o que procura!”
Este é um caso feliz porque a paciente está ótima, com qualidade de vida excepcional quando comparado ao momento em que a diagnostiquei. Agradeço muito a esta paciente querida que me autorizou compartilhar estas imagens com vocês. Foi um gesto de carinho sincero e de respeito a toda comunidade celíaca.
E fica o recado, a doença celíaca ainda é uma doença muito negligenciada por médicos e profissionais da saúde, e precisa ser diagnosticada com maior precisão.

Dr. Fernando Valério
Especialista em Doença Celíaca e glúten, intolerâncias e alergias alimentares, e doenças intestinais funcionais
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

A doença celíaca é uma alteração desencadeada pelo glúten, em pessoas geneticamente predispostas. O foco aqui é mostrar que o processo em geral se inicia no intestino, mas que devido às características SISTÊMICAS e AUTOIMUNES, pode afetar diversos órgãos. As fotos mostram o caso de uma paciente que diagnostiquei no começo deste ano. Segundo ela, […]
23 fev 20
Sangramento anal: procure um Proctologista.

O SANGRAMENTO ANAL recorrente, de forma autolimitada e crônica, é um dos sintomas mais comuns apresentados por pacientes portadores de doenças intestinais e anais. Estima-se que 15% dos adultos tenham este sintoma. Mas sabe-se que apenas 14% das pessoas com este tipo de sangramento procuram ajuda médica em até um ano após o início do sintoma! O sangramento anal pode ser percebido no papel higiênico, no vaso sanitário e nas fezes (externamente ou misturado). Infelizmente algumas vezes este sintoma é banalizado e muitas doenças mais graves deixam de ser diagnosticadas, trazendo inclusive risco de morte a estas pessoas.
Sabe-se que em 90% dos casos este tipo de sangramento está relacionado a doenças benignas, mas há exceções! Várias doenças proctológicas e intestinais podem apresentar o sangramento anal como sintoma. São exemplos as hemorroidas (causa mais comum), fissura anal, as doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativa, doença de Crohn), pólipos de intestino, câncer de intestino, proctite (inflamação do canal anal) e retite.
A AVALIAÇÃO de um PROCTOLOGISTA é NECESSÁRIA! A correta determinação da causa do sangramento é importante para que se exclua doenças graves e que necessitem de tratamentos mais complexos.
Este cuidado deve ser ainda maior nas pessoas com idade superior a 40 anos e para aqueles com história familiar de CÂNCER DE INTESTINO. Como o risco de desenvolvimento do câncer de intestino é maior e o diagnóstico precoce traz chances reais de cura, a pesquisa da origem e da causa do sangramento deve ser mais rigorosa. O SANGRAMENTO ANAL É UM DOS SINTOMAS MAIS COMUNS DO CÂNCER DE INTESTINO.
Outro dado muito importante é que A PRESENÇA DE HEMORROIDAS NÃO EXCLUI A POSSIBILIDADE DE OUTRA CAUSA DE SANGRAMENTO. Caso você já tenha um diagnóstico de hemorroidas realizado por seu médico, e comece a apresentar mudança no padrão do sangramento, como aumento na intensidade e frequência, sangue misturado às fezes, presença de coágulos, alteração na forma das fezes e constipação, discuta novamente o seu caso.
É FUNDAMENTAL ENTENDER A CAUSA DO SANGRAMENTO ANAL!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista, Proctologista e Nutrólogo

O SANGRAMENTO ANAL recorrente, de forma autolimitada e crônica, é um dos sintomas mais comuns apresentados por pacientes portadores de doenças intestinais e anais. Estima-se que 15% dos adultos tenham este sintoma. Mas sabe-se que apenas 14% das pessoas com este tipo de sangramento procuram ajuda médica em até um ano após o início do […]
23 fev 20

Celíacos do Mundo todo têm as mesmas dúvidas neste momento de pandemia: somos mais suscetíveis à infecção pelo coronavírus? Caso a infecção ocorra, ela é mais forte nos celíacos?
Sabidamente, este é um vírus novo e todos estamos aprendendo a lidar com ele e com as suas repercussões. Por isso, não há qualquer artigo científico que tenha estudado especificamente esta infecção em celíacos (fiz esta pesquisa!).
E como fazemos então? Nos apoiamos no conhecimento de profissionais experientes, observamos como se comportaram as últimas grandes epidemias (como a do H1N1) e nos mantemos atento a tudo de sério e responsável que é dito e publicado.
No caso dos celíacos, vou me apoiar muito no que foi dito pelo Dr. Alessio Fasano, diretor do Centro de Tratamento e Pesquisa em Doença Celíaca da Universidade de Harvard, e compartilho abaixo um link com o vídeo que o Dr. Fasano publicou sobre este tema.
Assim como poderíamos imaginar, celíacos que estão controlados, bem adaptados à dieta e com anticorpos normais, estão com a sua imunidade funcionando de maneira eficiente. Ou seja, não estão imunocomprometidos! Por isso, correm o mesmo risco de infecção pelo coronavírus que a população geral.
No caso de celíacos que ainda apresentam processo inflamatório ativo e não estão com a doença controlada, infelizmente podem ter a sua imunidade comprometida. Isto obviamente aumenta o risco de que infecções ocorram, o que inclui o coronavírus.
Desta forma, todos devemos estar calmos, serenos, mas não podemos de forma alguma banalizar a gravidade desta pandemia! Sigam todas as recomendações que estão sendo compartilhadas por médicos e Ministério da Saúde de maneira irrestrita.
Cuidem-se!
Vídeo Dr. Alessio Fasano: https://www.youtube.com/watch?v=3RzvCeObFME&feature=youtu.be

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e glúten, intolerâncias e alergias alimentares, e doenças intestinais funcionais
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Celíacos do Mundo todo têm as mesmas dúvidas neste momento de pandemia: somos mais suscetíveis à infecção pelo coronavírus? Caso a infecção ocorra, ela é mais forte nos celíacos? Sabidamente, este é um vírus novo e todos estamos aprendendo a lidar com ele e com as suas repercussões. Por isso, não há qualquer artigo científico […]
23 fev 20
Glúten: como ele invade o nosso intestino?

Como já descrevi anteriormente, o AUMENTO DA PERMEABILIDADE INTESTINAL pode ser muito danoso para nosso intestino e todo o nosso corpo. A mucosa intestinal é uma membrana seletiva capaz de permitir a entrada de nutrientes e fluidos, mas que deveria impedir a entrada de microrganismos e substâncias tóxicas à nossa saúde.
Quando a permeabilidade intestinal aumenta e fica descontrolada, os agressores invadem as camadas mais profundas do intestino, causando processo inflamatório local e que se dissemina através nossa corrente sanguínea para vários órgãos.
É isso que o GLÚTEN faz!
O glúten é uma proteína formada pelas substâncias glutenina e GLIADINA. Esta última tem em sua composição pelo menos 33 aminoácidos que não somos capazes de digerir completamente. Mas este não deveria ser um problema. Muitos vegetais que comemos têm a celulose (também não digerível) em sua composição, e nem por isso ela nos causa problemas graves de saúde. Mas o glúten é especial, ele consegue “arrombar as portas” da nossa mucosa intestinal porque descobriu o segredo da fechadura, a ZONULINA.
A gliadina é capaz de estimular a produção intestinal da proteína zonulina, que aumentará a permeabilidade da mucosa intestinal, permitindo assim a sua entrada para as camadas mais profundas do intestino. Assim que isto ocorre o nosso sistema imunológico identifica a gliadina como um “corpo estranho”, e gera uma resposta inflamatória local.
Este mecanismo de defesa ocorre em todas as pessoas que comem glúten, neutralizando-o como se ele fosse uma bactéria ou um vírus que nos deparamos todos os dias, a princípio não nos causando maiores problemas. A questão é que nos celíacos este processo inflamatório não cessa por aí! Devido a uma alteração genética, a inflamação intestinal local se intensifica ainda mais com a presença do “glúten invasor”, causando atrofia da mucosa do intestino, com consequências nutricionais e digestivas. E pior, este “invasor” induz a formação de auto-anticorpos, e a partir deste momento os celíacos passarão a ter os efeitos sistêmicos e as doenças autoimunes relacionadas ao glúten.
Entender a relação entre o glúten, a zonulina e o aumento da permeabilidade intestinal foi fundamental para que hoje pudéssemos falar sobre medicamentos viáveis para pacientes celíacos e para que entendêssemos ainda mais sobre os mecanismos de algumas doenças autoimunes, como a própria doença celíaca.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e glúten, alergias e intolerâncias alimentares e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Como já descrevi anteriormente, o AUMENTO DA PERMEABILIDADE INTESTINAL pode ser muito danoso para nosso intestino e todo o nosso corpo. A mucosa intestinal é uma membrana seletiva capaz de permitir a entrada de nutrientes e fluidos, mas que deveria impedir a entrada de microrganismos e substâncias tóxicas à nossa saúde. Quando a permeabilidade intestinal […]
23 fev 20
Permeabilidade intestinal aumentada: a porta de entrada para muitas doenças.

A MUCOSA INTESTINAL é a maior área de contato entre o corpo humano e o ambiente externo (mais do que a pele!). E funciona como uma “PORTA”! Permite a entrada de nutrientes e fluidos essenciais para a nossa sobrevivência, mas restringe a passagem de bilhões de bactérias, vírus, fungos, substâncias tóxicas e de alguns componentes alimentares indesejáveis que ingerimos diariamente. Este mecanismo de abertura e fechamento de portas do nosso intestino é crucial para a nossa saúde.
O intestino consegue regular o mecanismo de PERMEABILIDADE INTESTINAL através de ligações entre as células da mucosa intestinal chamadas “ZÔNULAS de OCLUSÃO” (ou junções de oclusão). É como se as células da mucosa intestinal estivessem coladas umas às outras. Por outro lado, quando acham conveniente, estas células “abrem” estas junções momentaneamente e permitem a passagem do que é importante para o nosso corpo.
A nossa mucosa intestinal funciona é como um “filtro de café”! Deixa passar a água e o maravilhoso sabor do café, mas isto não quer dizer que precisamos comer o pó! É o que chamamos de barreira semipermeável.
E quando este mecanismo seletivo falha e as camadas mais profundas do intestino são invadidas pelo que não queríamos? Passamos a sofrer com o AUMENTO DA PERMEABILIDADE INTESTINAL, o chamado “LEAKY GUT”! Este é um processo danoso que pode gerar um quadro inflamatório tanto no intestino (localmente) quanto em todo o nosso corpo (sistemicamente).
Defeitos no controle da permeabilidade intestinal participam dos mecanismos de doenças intestinais como a doença celíaca, síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e retocolite ulcerativa). E é associado a doenças autoimunes e metabólicas como o lúpus, diabetes, esclerose múltipla, fadiga crônica, fibromialgia, doenças cardiovasculares e esteatose hepática.
O aumento de permeabilidade intestinal é ocasionado por inflamação e infecção intestinais, alimentos alergênicos, substâncias tóxicas, medicamentos, estilo de vida, drogas e alterações da nossa microbiota.
Na “festa” chamada “intestino” só os convidados devem entrar! Mas quando os “penetras” conseguem driblar a segurança a nossa saúde sofre sérios riscos!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em doença celíaca e glúten, intolerâncias e alergias alimentares e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

A MUCOSA INTESTINAL é a maior área de contato entre o corpo humano e o ambiente externo (mais do que a pele!). E funciona como uma “PORTA”! Permite a entrada de nutrientes e fluidos essenciais para a nossa sobrevivência, mas restringe a passagem de bilhões de bactérias, vírus, fungos, substâncias tóxicas e de alguns componentes […]
23 fev 20
Larazotide: controlando a entrada do glúten no intestino

LARAZOTIDE: CONTROLANDO A ENTRADA DO GLÚTEN NO INTESTINO!
O único tratamento indicado aos pacientes com DOENÇA CELÍACA e SENSIBILIDADE ao GLÚTEN é a restrição completa à ingestão do glúten. Ainda não há um medicamento disponível que controle efetivamente os sintomas destas doenças, reestabeleça a integridade da mucosa intestinal e previna uma série de complicações, algumas potencialmente fatais.
Felizmente estamos a alguns passos de ter em nossas mãos um medicamento que possa nos ajudar com estas questões: o LARAZOTIDE! Este medicamento atua na mucosa intestinal impedindo a entrada do glúten e controlando a permeabilidade intestinal que se encontra aumentada (leia os textos que publiquei anteriormente sobre estas questões!). Um dos mecanismos mais importantes de agressão do glúten é que ele “invade” as camadas mais profundas do intestino, gerando transtornos inflamatórios e autoimunes em pessoas geneticamente predispostas. O glúten consegue isto porque age sobre o “porteiro” da nossa mucosa, estimulando uma proteína chamada ZONULINA, que de maneira equivocada abre a porta para o invasor!
Atualmente o larazotide está em fases finais de estudo e, caso seja aprovado, entrará no mercado em alguns anos. Em laboratório (in vitro), o larazotide mostrou a melhora da integridade da mucosa intestinal reduzindo a permeabilidade e a produção de substâncias inflamatórias, assim como bloqueou a passagem do glúten pela mucosa intestinal. Quando testado em humanos o medicamento se mostrou seguro e bem tolerado. Uma boa notícia é que o larazotide é mais eficiente quando usado em doses baixas, o que diminui a incidência de efeitos colaterais. Além disso, os resultados até o momento mostram diminuição de sintomas como diarreia, dor abdominal e diminuição dos níveis de anticorpos (anti-transglutamisase). Mas ainda é preciso que se avalie melhor as alterações microscópicas da mucosa com o uso do larazotide, como a presença de células inflamatórias e atrofia intestinais.
Outro ponto muito importante é que o larazotide se mostrou útil em pacientes REFRATÁRIOS e que não respondem bem à dieta sem glúten. Este é um resultado a ser muito comemorado caso se confirme.
Portanto, os dados atuais indicam que o larazotide pode ter um efeito benéfico na tolerância a MÍNIMAS quantidades de glúten, que correspondem a ingestão inadvertida como a contaminação cruzada, melhorando a qualidade de vida dos pacientes celíacos. Mas ainda precisa ser melhor estudado em outras condições em que a permeabilidade intestinal aumentada pode ter participação, como na Síndrome do Intestino Irritável e sensibilidade ao glúten não-celíaca.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em doença celíaca e glúten, intolerâncias e alergias alimentares e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

LARAZOTIDE: CONTROLANDO A ENTRADA DO GLÚTEN NO INTESTINO! O único tratamento indicado aos pacientes com DOENÇA CELÍACA e SENSIBILIDADE ao GLÚTEN é a restrição completa à ingestão do glúten. Ainda não há um medicamento disponível que controle efetivamente os sintomas destas doenças, reestabeleça a integridade da mucosa intestinal e previna uma série de complicações, algumas […]
18 fev 20
Helicobacter pylori: o que esta bactéria faz no nosso estômago?

HELICOBACTER PYLORI: o que esta bactéria causa no nosso estômago?
Esta é uma das infecções mais comuns em todo o Mundo e muito prevalente no Brasil (60 % da população!), causando uma série de distúrbios gástricos e sintomas digestivos. Geralmente é adquirida na infância, com maior incidência em países com restrições sócio-econômicas. A falta de saneamento básico é um alto fator de risco para a infecção, visto que a transmissão é fecal-oral. Como comparação, a incidência nos Estados Unidos é de 20%. Por outro lado, no Vietnã, Camboja e Índia, de 80%.
A bactéria tem relação com os casos de ÚLCERAS benignas de duodeno/estômago (90% dos casos são causados por ela), GASTRITE crônica, ATROFIA gástrica, LINFOMA gástrico e CÂNCER de estômago. Mas também está associada a quadros de DISPEPSIA, caracterizados por dor de estômago e desconforto pós-alimentar (distensão, náusea, eructações e refluxo gastroesofágico). Pesquisar a presença de Helicobacter pylori está indicada em todos estes casos.
Em relação à parte nutricional, a deficiência de ferro e anemia ferropriva (carência de ferro) são as alterações mais relevantes, e decorre da e inflamação e atrofia que a bactéria causa na mucosa gástrica e duodenal. A infecção pelo Helicobacter pylori deve ser sempre lembrada como possível causa de carência de ferro não explicada por outros motivos.
Também é importante se lembrar que pacientes que farão uso crônico de AAS (aspirina) e outros anti-inflamatórios, devido ao risco associado de lesões gástricas (úlcera e sangramento), devem ter o diagnóstico de infecção pelo Helicobacter pylori estabelecido previamente.
O diagnóstico é realizado através de endoscopia digestiva alta com biópsia, teste respiratório e pesquisa da bactéria nas fezes. A vantagem de se realizar a endoscopia é poder visualizar alguma lesão, e caso seja necessário, biopsiá-la para estudo. Enquanto os outros métodos são interessantes por não serem invasivos.
O tratamento consiste em utilizar medicamentos que controlem a acidez do estômago e uma combinação de antibióticos. Todos os esquemas antibióticos costumam ter duração de 10 a 14 dias, podendo haver falha de tratamento em pelo menos 10% dos casos (devido a resistência bacteriana). Por isso, é importante que se revise se a bactéria foi realmente erradicada com o tratamento realizado. E que os médicos estejam atualizados sobre os esquemas terapêutico mais eficazes para cada região.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo

HELICOBACTER PYLORI: o que esta bactéria causa no nosso estômago? Esta é uma das infecções mais comuns em todo o Mundo e muito prevalente no Brasil (60 % da população!), causando uma série de distúrbios gástricos e sintomas digestivos. Geralmente é adquirida na infância, com maior incidência em países com restrições sócio-econômicas. A falta de […]
18 fev 20
Dieta “low  glúten” e doença celíaca: isso não existe!

Dieta “Low Gluten” e Doença celíaca: isso NÃO EXISTE!
A doença celíaca é uma alteração desencadeada pelo GLÚTEN em pessoas geneticamente predispostas. Esta é uma informação mais do que sabida!
O ponto a ser discutido aqui é: qual a QUANTIDADE de glúten pode ser TOLERADA por um celíaco?
É aí que devemos estar TODOS atentos, bem informados e seguros.
O nosso sistema imunológico é capaz de reconhecer corpos estranhos e invasores com extrema capacidade e eficiência, mesmo em quantidades ou dimensões praticamente não mensuráveis. Conseguimos nos defender de vírus e bactérias, que obviamente são estruturas microscópicas. Não precisamos de um kilo destes microrganismos para que o as nossas defesas sejam ativadas! Também somos capazes de perceber partículas de alimentos não digeridas, toxinas e até remédios, mesmo que em quantidades desprezíveis.
No caso dos celíacos, a mínima quantidade de glúten já é capaz de estimular a autoagressão conhecida como autoimunidade, com alterações intestinais e sistêmicas severas.
Sabe-se que se um celíaco dividir uma fatia de pão em 40 partes, e ingerir uma destas “migalhas” por 90 dias, terá o mesmo padrão de atrofia intestinal que um celíaco que ingere glúten livremente (o que é um enorme erro!). Usando termos técnicos, produtos sem glúten devem conter menos que 20 partículas por milhão (20mg/kg). Esta quantidade é menor do que encontramos em muitos medicamentos capazes de gerar enormes efeitos colaterais em nosso corpo. E por que o glúten não seria capaz de fazer o mesmo em pessoas que não o toleram?
Podemos concluir desta forma que:
A DIETA “LOW GLÚTEN” NÃO É SEGURA PARA OS CELÍACOS! Celíacos que ingerem glúten propositalmente ou se contaminam com frequência apresentam mais sintomas, doenças autoimunes associadas e tem uma expectativa de vida menor! Por favor, não duvidem disto.
Entendo a enorme dificuldade que é manter uma dieta completamente isenta de glúten por toda uma vida, o custo social e emocional que isto representa e o quanto isto pode ser frustrante. Mas o objetivo é manter os celíacos saudáveis, capazes de realizar sonhos, de concluir projetos pessoais, profissionais e familiares. É por isso que que grupos sociais, associações, federações e profissionais que realmente se dedicam ao estudo da doença lutam diariamente.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca, intolerâncias e alergias alimentares e doenças gastrointestinais funcionais
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Dieta “Low Gluten” e Doença celíaca: isso NÃO EXISTE! A doença celíaca é uma alteração desencadeada pelo GLÚTEN em pessoas geneticamente predispostas. Esta é uma informação mais do que sabida! O ponto a ser discutido aqui é: qual a QUANTIDADE de glúten pode ser TOLERADA por um celíaco? É aí que devemos estar TODOS atentos, […]
18 fev 20
Doença Celíaca: é preciso fazer o diagnóstico!

Esta foto é a imagem da noite de Ano Novo em uma praia do nosso litoral, e que recebeu 1 milhão de pessoas!
As minhas questões são: quantos ali SÃO celíacos? Quantos SABEM que são celíacos?
A doença celíaca é uma alteração que ocorre em pessoas geneticamente predispostas, com características autoimunes e sistêmicas, sendo desencadeada por uma proteína chamada glúten. E é uma doença que ACOMETE 1% da população, mas infelizmente SOMENTE 15% dos celíacos estão diagnosticados.
Ou seja, se temos 1 milhão de pessoas nesta praia, podemos supor que aproximadamente 10.000 pessoas que estão comemorando e celebrando esta festa podem ser celíacos. Só que, infelizmente, no mínimo 8.500 podem não saber disto.
E quais as consequências desta desinformação? Esta é uma doença que causa sintomas digestivos, nutricionais, inúmeras doenças autoimunes e alterações sistêmicas. Estabelecer um diagnóstico traz uma melhora incrível na qualidade de vida, evita uma série de sintomas limitantes e o desenvolvimento de outras doenças autoimunes e câncer.
Para que estes níveis precários de diagnóstico aumentem é preciso que os mais diversos médicos especialistas se lembrem que a doença celíaca tem manifestações digestivas, neurológicas, dermatológicas, ósseas, ginecológicas, hematológicas, cardiológicas e reumatológicas. Ter um alto índice de suspeita é fundamental para que mais diagnósticos sejam estabelecidos.
Mas há um grupo de pessoas que deveria ser sempre o nosso foco: os FAMILIARES de celíacos. Por medo do diagnóstico ou de terem que mudar a sua rotina alimentar, muitos destes familiares não buscam ou se negam a ser avaliados em relação à doença. É preciso haver uma maior conscientização deste grupo de risco para que possamos incrementar os índices de diagnóstico. Este é um caminho óbvio na jornada “diagnosticando celíacos”.
O diagnóstico é realizado através de exames laboratoriais e biópsia intestinal. Mas para que estes exames sejam realmente fidedignos é preciso o glúten esteja sendo ingerido.
Por isso, JAMAIS se retira o glúten da dieta até que o diagnóstico da doença seja estabelecido ou excluído! Esta é uma informação é fundamental e deve ser sempre lembrada!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca, intolerâncias e alergias alimentares e doenças gastrointestinais funcionais
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Esta foto é a imagem da noite de Ano Novo em uma praia do nosso litoral, e que recebeu 1 milhão de pessoas! As minhas questões são: quantos ali SÃO celíacos? Quantos SABEM que são celíacos? A doença celíaca é uma alteração que ocorre em pessoas geneticamente predispostas, com características autoimunes e sistêmicas, sendo desencadeada […]
18 fev 20
Doença celíaca e Doença Inflamatória Intestinal: posso doar sangue?

Esta é uma pergunta frequente, com respostas conflitantes, já que os bancos de sangue se comportam de forma heterogênea a respeito de assunto.
Por isso, entrei em contato com a Dra. Araci Massami Sakashita, hematologista e coordenadora do Banco de Sangue do Hospital Albert Einstein, um dos mais rigorosos e qualificados em nosso País.
Segundo a Portaria 158 (Fevereiro de 2016) do Ministério da Saúde, os portadores de DOENÇA AUTOIMUNE QUE COMPROMETA MAIS DE UM ÓRGÃO estão definitivamente excluídos da possibilidade de doar sangue.
A DOENÇA CELÍACA é uma alteração autoimune que compromete outros órgãos, como tireóide, pâncreas, cérebro, nervos, pele, coração e fígado, por exemplo. O mesmo processo ocorre nas doenças inflamatórias intestinais (DOENÇA DE CROHN e RETOCOLITE ULCERATIVA IDIOPÁTICA), que afetam articulações, olhos, fígado e vias biliares, e pele. Todas estas doenças se enquadram neste grupo citado pela portaria.
Entendo a frustração de pacientes celíacos, com doenças inflamatórias intestinais e outras doenças autoimunes, que mesmo com os sintomas e exames controlados, não podem realizar este ato espontâneo de generosidade. Poder ajudar ao próximo doando sangue é um ato bonito e puro, já que nunca sabemos realmente quem receberá o nosso sangue. Mas existe uma regra chamada “Princípio da Precaução”, que atinge e defende os doadores e receptores de qualquer risco. E é nesta regra que a lei se baseia.
Felizmente há muitas outras maneiras de ajudar a quem precisa e nos pede ajuda, tão nobres quanto doar sangue e que não trazem restrições ou riscos.
O amor sincero não segue apenas um caminho! Basta estar atento ao que está nossa volta e saberemos como e a quem ajudar!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca, intolerâncias e alergias alimentares, e doenças gastro-intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Esta é uma pergunta frequente, com respostas conflitantes, já que os bancos de sangue se comportam de forma heterogênea a respeito de assunto. Por isso, entrei em contato com a Dra. Araci Massami Sakashita, hematologista e coordenadora do Banco de Sangue do Hospital Albert Einstein, um dos mais rigorosos e qualificados em nosso País. Segundo […]
18 fev 20
Refluxo gastroesofágico: por que os remédios não estão me ajudando?

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é “uma condição que se desenvolve quando o conteúdo do estômago reflui para o esôfago causando sintomas e complicações”.
Tradicionalmente, a DRGE é tratada com medicamentos que diminuem a produção de ácido pelo estômago (omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol), mas em pelo menos 30% DOS CASOS ESTES MEDICAMENTOS NÃO FUNCIONAM! Por quê?
A primeira razão é que estes medicamentos conseguem controlar bem o refluxo ácido, mas NÃO SÃO EFETIVOS quando o REFLUXO é NÃO-ÁCIDO ou levemente ALCALINO. Sabe-se que 28% dos episódios de refluxo são deste tipo. Os exames comuns para o diagnóstico da DRGE (pHmetria) não identificam este refluxo atípico. Na prática, os medicamentos que controlam a acidez são muito efetivos quando o paciente tem o esôfago claramente exposto ao ácido, sente queimação e regurgitação, ou quando há inflamação (esofagite).
Mas há duas CAUSAS FUNCIONAIS interessantes que explicam pacientes sintomáticos que não respondem aos medicamentos tradicionais, e que não apresentam sintomas e alterações típicas do refluxo. São elas:
– REFLUXO HIPERSENSÍVEL: ocorre quando episódios de refluxo fisiológico (sim, nós todos refluímos algumas vezes ao dia!) já são capazes de nos causar sintomas, algo que não deveria ocorrer.
– QUEIMAÇÃO FUNCIONAL: ocorre sem que qualquer estímulo de refluxo seja identificado, seja ele fisiológico ou patológico. Na verdade, neste caso há a presença de sintomas, mas não há um refluxo real. Não há uma causa orgânica ou estrutural que justifique o quadro.
E como estes quadros funcionais se desenvolvem?
– devido a presença de esofagite microscópica, que são lesões esofágicas não aparentes na endoscopia e só visíveis ao microscópio. Esta inflamação compromete a “barreira” esofágica, expondo os receptores sensíveis do esôfago e gerando dor torácica e queimação.
– aumento de sensibilidade dos receptores nervosos do esôfago e central (cérebro). Ou seja, o estímulo começa no esôfago, mas o cérebro também é estimulado. Isto faz com que a área de dor aumente e se irradie a pontos mais distantes, como tórax e abdome.
– fatores psicológicos que aumentam a percepção dos sintomas.
– diminuição da espessura da mucosa esofágica e aumento da sua permeabilidade, tornando o esôfago mais sensível à agressões (tanto do refluxo quanto alimentares).
Portanto, fica aqui o recado! Devemos estar atentos a outros mecanismos causadores de sintomas de refluxo e lembrar que nem sempre o tratamento tradicional (que reduz a acidez do estômago) é eficaz. Em casos atípicos é preciso que se pense além do óbvio.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é “uma condição que se desenvolve quando o conteúdo do estômago reflui para o esôfago causando sintomas e complicações”. Tradicionalmente, a DRGE é tratada com medicamentos que diminuem a produção de ácido pelo estômago (omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol), mas em pelo menos 30% DOS CASOS ESTES MEDICAMENTOS NÃO […]
10 fev 20
Dr. Fernando Valério – Certificado em Genética e Doença Celíaca

DOENÇA CELÍACA e GENÉTICA: CERTIFICADO!
O American College of Gastroenterology e o American Journal of Gastroenterology compartilham um programa de atualização sobre os mais diversos aspectos da Gastroenterologia e o disponibiliza para seus médicos associados.
Esta atividade consiste no estudo de material científico atualizado e proposto pelo colégio, culminando com testes de avaliação para comprovação de conhecimento de cada tema.
O Dr. Fernado Valério recebeu CERTIFICADO de atualização no estudo da “DOENÇA CELÍACA e SEUS ASPECTOS GENÉTICOS (genes HLAs)” após estudos e avaliação com teste.
Como médico, o Dr Fernando Valério considera  importante comprovar periodicamente que está atualizado sobre os aspectos mais importantes desta doença tão complexa. Isto traz segurança e melhores resultados.
Em relação aos pacientes, é importante saberem que estão sendo assistidos por profissionais atualizados e realmente capacitados. Isto aumenta o nível de confiança, as relações humanas se tornam mais produtivas, e as respostas clínicas são muito melhores.

Dr. Fernando Valério
Especialista em Doença Celíaca (glúten), alergias e intolerâncias alimentares e Doenças Intestinais Funcionais (Síndrome do Intestino Irritável).

DOENÇA CELÍACA e GENÉTICA: CERTIFICADO! O American College of Gastroenterology e o American Journal of Gastroenterology compartilham um programa de atualização sobre os mais diversos aspectos da Gastroenterologia e o disponibiliza para seus médicos associados. Esta atividade consiste no estudo de material científico atualizado e proposto pelo colégio, culminando com testes de avaliação para comprovação […]
06 fev 20
Doença Celíaca: a doença camaleão!

Camaleões são animais reconhecidos por sua capacidade de camuflagem, de se esconderem através da mudança da sua cor e de se misturar ao ambiente. Desta forma, evitam e confundem os seus predadores. Estes animais não têm um padrão único de apresentação, aparecem de várias formas!
A DOENÇA CELÍACA (DC) também apresenta esta falta de padrão, com sintomas e sinais muito amplos e variados. E pior, às vezes estes sintomas simplesmente não existem ou se apresentam na forma de outras doenças! Isto faz com que os médicos, “os predadores”, não a identifiquem com facilidade. Médicos de várias especialidades não enxergam a doença, mas ela está ali, olhando para eles! Esta é umas das razões para que apenas 15% dos pacientes celíacos estejam diagnosticados. O nosso cérebro é treinado para interpretar o que vemos, mas para o diagnóstico da doença celíaca também é preciso estar pronto para o que não vemos!
É importante ressaltar que diagnósticos precoces e uma vida isenta de glúten na dieta favorecem muito a evolução mais tranquila da doença celíaca e com muito menos complicações. Mas o contrário, infelizmente, também é verdadeiro, com doenças e comorbidades se instalando naqueles sem diagnóstico e que não se cuidam. Diagnosticar estes pacientes é um desafio que precisamos enfrentar com mais preparo e dedicação.
No seu início, a doença celíaca foi descrita como uma alteração gastrointestinal, que afetava principalmente as crianças de raça branca, geralmente mal nutridas. Esta era a forma “clássica”! Mas isto mudou muito nas últimas décadas, e hoje a doença é reconhecida como um problema sistêmico e de vários órgãos, podendo estar presente em qualquer idade e grupos étnicos. Sabe-se que o maior número de diagnósticos ocorre entre a terceira e quarta décadas de vida. E que 40% dos pacientes diagnosticados sofrem com o sobrepeso e obesidade. Preconceitos e estigmas não ajudam no diagnóstico desta doença tão complexa. O atípico virou típico!
Apesar de ser uma condição que afeta primariamente o intestino, médicos devem estar atentos que sintomas de má absorção de nutrientes e desnutrição não são a única regra no momento. Os sintomas classicamente descritos incluem diarreia, perda peso e baixa estatura. Mas sintomas não específicos como anorexia, vômitos, dor abdominal, aumento de gases e constipação também podem estar presentes. Quanto às manifestações atípicas, tão comuns hoje, estas incluem uma série de alterações em órgãos extra-intestinais, como anemia, hepatite autoimune, alterações ósseas (osteoporose), sintomas neurológicos, doenças de pele, alterações endócrinas e distúrbios ginecológicos, além das diversas doenças autoimunes e seus sintomas.
A anemia, por exemplo, é a alteração mais comum em adultos assintomáticos, ocorrendo em 10 a 20% dos celíacos adultos. E a enxaqueca, causa tão frequente em consultórios de neurologistas, também é um sintoma frequente. Diabetes tipo 1, sabia que 8 a10% destes pacientes são celíacos? E em quantas clínicas de fertilização o diagnóstico de doença celíaca é lembrado nos casos de infertilidade? E osteoporose em uma moça de 30 anos, isto não deveria chamar a nossa atenção?
Estes são alguns exemplos de “camuflagem” que ocorrem na doença celíaca, e por isso sempre que alguma destas alterações se apresenta e não há uma causa clara que as justifique, pergunte-se se não há um celíaco “camuflado” sentado à sua frente. É preciso estar atento ao que não é óbvio, e este um grande desafio! Pensar nos sintomas clássicos do passado é um grande erro e um atestado de falta de atualização sobre a doença.
O camaleão tem olhos que funcionam de forma independente, e isto faz com que tenham uma visão de 360°. Para se diagnosticar a doença celíaca é preciso estar atento e também ter uma visão ampla, habilidades que são conquistadas com estudo árduo e frequente. Mas lembre-se, ver é diferente de enxergar! Este é o maior segredo!

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e glúten, alergias e intolerâncias alimentares, e doenças intestinais funcionais.
Membro da International Society for the Study of Celiac Disease

Camaleões são animais reconhecidos por sua capacidade de camuflagem, de se esconderem através da mudança da sua cor e de se misturar ao ambiente. Desta forma, evitam e confundem os seus predadores. Estes animais não têm um padrão único de apresentação, aparecem de várias formas! A DOENÇA CELÍACA (DC) também apresenta esta falta de padrão, […]
27 fev 19
Doença celíaca (glúten) e as alterações neurológicas

Todos nós, em algum momento da vida, experimentaremos algum sintoma ou doença neurológica. Podemos apresentar algo simples, como uma dor de cabeça ou formigamento nas extremidades, ou algo mais complexo, como convulsões, acidente vascular cerebral ou uma paralisia. A doença celíaca é uma doença genética, desencadeada pela ingestão do glúten, e que gera um potente quadro inflamatório sistêmico e uma série de doenças autoimunes. Entre os sistemas afetados, está o neurológico, incluindo nervos e cérebro.

 

Algumas vezes, as manifestações neurológicas são as únicas manifestações da doença celíaca que um paciente pode apresentar. Este tipo de sintoma atípico faz com que ocorra um retardo no diagnóstico. Estão entre estas alterações as enxaquecas, neuropatias periféricas (dormência, formigamento em extremidades, dor ou pressão, perda de sensibilidade e fraqueza), ataxia (alterações de equilíbrio) e epilepsia. (convulsões). As alterações neurológicas citadas estão presentes em 8 a 10% das pessoas com doença celíaca.

A neuropatia periférica é um termo geral utilizado para condições em que nervos das extremidades do corpo não estão funcionando da maneira esperada. Isto resulta na principalmente na perda sensibilidade normal, e os sintomas estarão relacionados ao grupo nervoso que foi afetado. Mas se há o comprometimento de uma fibra nervosa motora, perda de força na região pode ocorrer. Na doença celíaca, as parte mais distantes do corpo como as mãos, dedos, pés, dedões, face e língua podem ser afetados. Aproximadamente 10% das pessoas com neuropatia periférica sem causa óbvia podem ter a doença celíaca. 


A epilepsia é a segunda doença neurológica mais comum, perdendo apenas para o acidente vascular cerebral.  Em celíacos, a incidência de epilepsia varia de 3 a 5%. Quanto à enxaqueca, muitos pacientes com doença celíaca se queixam de vários graus de dor de cabeça, mas que melhoram em intensidade e frequência com a instituição da dieta sem glúten.

 

Em relação à ataxia, 9 a 15% dos pacientes sem causa definida são celíacos. A ataxia se refere a distúrbios de equilíbrio causados pela perda de coordenação motora e de posicionamento. Os pacientes apresentam queda fácil, instabilidade e movimentos exagerados. A ataxia é uma das síndromes neurológicas mais frequentemente associadas a doença celíaca, e geralmente encontrada sem sintomas gastrointestinais associados.
Estas alterações são causadas por deficiências nutricionais bastante comuns na doença celíaca, como carência de cálcio e vitamina B12 e por processo inflamatório que ocorre como parte da resposta autoimune.
Depois de instaladas lesões e sintomas neurológicos, a retirada do glúten pode ter um efeito variável. Por isso é tão importante ter o diagnóstico precoce da doença celíaca. Assim, evitamos que lesões neurológicas se tornem irreversíveis.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologia e Nutrologia
Especialista em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

Todos nós, em algum momento da vida, experimentaremos algum sintoma ou doença neurológica. Podemos apresentar algo simples, como uma dor de cabeça ou formigamento nas extremidades, ou algo mais complexo, como convulsões, acidente vascular cerebral ou uma paralisia. A doença celíaca é uma doença genética, desencadeada pela ingestão do glúten, e que gera um potente […]
26 fev 19
“Neblina cerebral e glúten: quando a alimentação afeta a meteorologia do cérebro!

A “neblina cerebral” (do inglês “brain fog”) é um dos sintomas mais comuns relacionados à DOENÇA CELÍACA e SENSIBILIDADE ao GLÚTEN NÃO-CELÍACA. Este não é um termo de origem médica, e sim a descrição de sintomas criada pelos próprios pacientes. A neblina cerebral é descrita por sintomas como confusão mental, falta de clareza ou foco visuais, e esquecimento. E não é uma alteração relacionada exclusivamente ao glúten, e pode estar presente em pessoas com insônia, distúrbios neurológicos, estresse, estágios iniciais de demência, diabetes e efeitos colaterais de medicamentos.

Vários instrumentos e métodos para avaliar a capacidade de concentração, atenção, orientação, memórias recente e tardia, capacidade de aprender e trabalhar com uma nova informação, velocidade de processamento, linguagem e funções práticas, mostraram que estas habilidades estavam comprometidas em pacientes com problemas relacionados ao glúten e com diagnóstico de neblina cerebral. Mas que melhoraram conforme os resultados das biópsias e exames laboratoriais relacionados a doença celíaca e dieta sem glúten também apresentavam melhora.

Há um estudo australiano mostrando que a função cognitiva de celíacos recém diagnosticados aumentava paralelamente a cicatrização intestinal. Concluiu-se que níveis subótimos de cognição em pacientes celíacos sem tratamento poderiam afetar a realização de atividades diárias. Antes de introduzir a dieta sem glúten, é como se estes pacientes tivessem ingerido algumas poucas doses de álcool ou sob efeito de um Jet Lag (alterações causadas por voos longos e grandes alterações de fuso horários). Isto significa que estes pacientes poderiam correr sérios riscos em atividades profissionais e ao dirigir automóveis.

Um estudo sueco foi mais além e mostrou notas discretamente inferiores em alunos universitários celíacos previamente ao seu diagnóstico quando se comparou a alunos sem a doença e com a mesma idade. Isto demonstra o enorme prejuízo que a doença causa quando é banalizada e não diagnosticada, já que pode culminar com a perda de oportunidades por menor desempenho. Felizmente este quadro se reverte na grande maioria dos pacientes após a introdução rigorosa da dieta sem glúten, geralmente após 6 a 12 meses.

E como o glúten causa a neblina cerebral? Quando há uma resposta auto-imune ao glúten há um aumento da liberação de mediadores inflamatórios que podem interferir na barreira cérebro-sanguínea, causando danos à função cerebral. Outra explicação seriam as deficiências de vitaminas e minerais associadas à doença celíaca e outros distúrbios de má-absorção nutricional, que podem causar déficits neurológicos. E por último, mas não menos importante, as alterações no eixo intestino-cérebro e microbiota intestinal. A flora intestinal interage diretamente com a nossa alimentação e aspectos emocionais/neurológicos, e poderia ter relação com a neblina cerebral.
Mais uma vez conclui-se que devemos estar atentos a todos os sintomas que se relacionam com a doença celíaca e sensibilidade ao glúten, visto que manifestações diversas, como as neurológicas, podem nos ajudar no diagnóstico, prevenindo complicações mais sérias e melhorando muito a qualidade de vida destas pessoas.

A “neblina cerebral” (do inglês “brain fog”) é um dos sintomas mais comuns relacionados à DOENÇA CELÍACA e SENSIBILIDADE ao GLÚTEN NÃO-CELÍACA. Este não é um termo de origem médica, e sim a descrição de sintomas criada pelos próprios pacientes. A neblina cerebral é descrita por sintomas como confusão mental, falta de clareza ou foco […]
21 fev 19

A DOENÇA CELÍACA é uma alteração genética, que acomete de 1 a 3% da população. E se ela é uma doença genética, é muito justo que PAIS CELÍACOS se preocupem com o risco dos seus filhos desenvolverem a doença celíaca. Ninguém quer deixar como herança uma doença insidiosa, que traz distúrbios nutricionais e sintomas digestivos limitantes, além de uma série de doenças autoimunes correlacionadas! No entanto, sabemos que 30% da população geral têm algum gene positivo para o desenvolvimento da doença, mas que em somente 3 a 4% deste grupo isto realmente ocorrerá. Claramente há um fator ambiental, um gatilho, mas que ainda não entendemos bem!

E será que este gatilho tem relação com o modo com que introduzimos ou não o GLÚTEN na alimentação das crianças? Esta é uma preocupação de médicos e pais, e por isso alguns grupos de estudo e sociedades médicas têm se dedicado ao tema. Os questionamentos mais importantes são:

1- amamentar ou não reduz o risco da doença?

2- estar amamentando no momento da inclusão do glúten na dieta faz diferença?

3- o momento de introduzir o glúten na dieta muda algo? Três, quatro, seis, doze meses?

4- a quantidade de glúten tem importância?

5- o tipo de glúten (cereal) tem relevância?

A resposta é: NENHUMA destas medidas ou fatores se mostrou relevante para o desenvolvimento ou não da doença celíaca!

A única questão é que quando se estudam crianças com alto risco para a doença celíaca, a introdução do glúten na dieta aos seis meses de vida em vez de 12 meses antecipa o surgimento dos sintomas. E mais recentemente um estudo mostrou a associação de ingestão de glúten durante os primeiros 5 anos de vida com incidência de risco aumentado para autoimunidade celíaca e para doença celíaca em crianças com predisposição genética positiva (HLA DQ2 / DQ8 / DQ7). 

Ainda não há qualquer recomendação formal sobre a introdução do glúten em crianças com parentes de primeiro grau celíacos. Mas há uma óbvia preocupação especialmente com este grupo.

Mas lembro, o glúten é uma causa necessária para que a doença celíaca exista, e portanto é importante que se continue estudando a relação desta proteína com possíveis fatores desencadeantes.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especializado em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

A DOENÇA CELÍACA é uma alteração genética, que acomete de 1 a 3% da população. E se ela é uma doença genética, é muito justo que PAIS CELÍACOS se preocupem com o risco dos seus filhos desenvolverem a doença celíaca. Ninguém quer deixar como herança uma doença insidiosa, que traz distúrbios nutricionais e sintomas digestivos […]
19 fev 19
Dr. Fernando Valério: CERTIFICAÇÃO para o diagnóstico de DOENÇA CELÍACA em CRIANÇAS! (United European Gastroenterology e The European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition)

CERTIFICAÇÃO para o diagnóstico de DOENÇA CELÍACA em
CRIANÇAS!
A United European Gastroenterology (UEG) é uma organização médica profissional, sem
fins lucrativos, que promove o estudo das doenças digestivas em conjunto com
especialistas e sociedades médicas de todo o Mundo.
A UEG está ligada à International Society for the Study of Celiac Disease (ISSCD),
sociedade da qual fui aceito como membro, e promove um breve CURSO on line (com
validação de conhecimento através de prova) sobre o “DIAGNÓSTICO DA DOENÇA
CELÍACA EM CRIANÇAS”. Este curso se baseia no guia de conduta da The European
Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition (ESPGHAN), o mais
respeitado para o diagnóstico da doença celíaca nesta faixa etária.
O curso tem como público alvo gastropediatras e gastroenterologistas que atendam crianças. E aborda a definição da doença, etiologia, diagnóstico e sintomas, além de discutir os algoritmos de conduta para o diagnóstico de crianças com suspeita de doença celíaca.
A prova é realizada através de 24 questões divididas em temas gerais sobre a doença
(genética, laboratório, sintomas) e vários casos clínicos com casos de crianças.
Obviamente todos os médicos que se consideram especialistas já leram estes guia,
inclusive eu. Mas achei válido formalizar e comprovar o conhecimento sobre o tema e sobre este conteúdo. Isto traz mais segurança para mim no atendimento de crianças e
tranquilidade e confiança para os pais.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em doença celíaca, distúrbios do glúten, intolerâncias e alergias alimentares, Síndrome do Intestino Irritável e Doenças Digestivas Funcionais

CERTIFICAÇÃO para o diagnóstico de DOENÇA CELÍACA em CRIANÇAS! A United European Gastroenterology (UEG) é uma organização médica profissional, sem fins lucrativos, que promove o estudo das doenças digestivas em conjunto com especialistas e sociedades médicas de todo o Mundo. A UEG está ligada à International Society for the Study of Celiac Disease (ISSCD), sociedade […]
17 fev 19

O trato digestivo abriga um número enorme de microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus. Para se ter ideia da sua importância, o número de células destes microrganismos é maior que o número total de células do nosso corpo! As partes mais proximais do trato digestivo, como o estômago, duodeno e jejuno, têm uma flora mais discreta devido a ação suco gástrico ácido. Os microrganismos presentes nesta região são portanto os mais ácido-resistentes, como o Helicobacter pylori e os lactobacilos. Por outro lado, o íleo (porção mais distal do intestino delgado) e o intestino grosso têm uma quantidade muito maior destes organismos.

A flora intestinal desempenha várias funções, como formação de uma barreira contra organismos patogênicos invasores, regulação da função motora e imunológica, digestão de alimentos, produção de vitaminas, regulação da absorção e transporte de nutrientes e água pelas células do intestino, desintoxicação de substâncias agressoras e, principalmente, manter o equilíbrio geral do trato digestivo. Obviamente não podemos banalizar tantas funções! Manter a flora intestinal saudável, o que chamamos de “eubiose”, é essencial para que mantenhamos a nossa saúde.

Então podemos dizer que quanto mais bactérias tivermos em nosso intestino mais saudáveis seremos? A resposta é NÃO! Precisamos ter uma população de microrganismos no intestino de boa qualidade e nos segmentos intestinais corretos. Caso contrário, teremos uma alteração da flora chamada “disbiose”. Um exemplo muito importante de disbiose é o “Supercrescimento Bacteriano do Intestino Delgado” (SIBO – Small Intestinal Bacterial Overgrowth), que está presente em uma série de doenças e alterações.
A SIBO se caracteriza pelo crescimento anormal de bactérias no intestino delgado, região onde estas bactérias não seriam esperadas em grande número. Esta alteração está presente em pacientes com doença celíaca, síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn), cirurgias gástricas e intestinais, uso crônico e exagerado de medicamentos para o estômago, diabetes, intolerância à lactose, cirrose hepática, esteatose hepática não-alcoólica e pancreatite crônica.
Os sintomas decorrentes da SIBO podem advir da má absorção de nutrientes pelo trato digestivo, do aumento da permeabilidade da mucosa intestinal, dos efeitos inflamatórios causados no intestino e da ativação da imunidade intestinal. Desta forma, as queixas mais comuns são aumento de gases intestinais e flatulência, distensão e dores abdominais, diarreia, esteatorreia (gordura nas fezes) e fezes mais “pálidas”. Em relação aos aspectos nutricionais pode haver anemia (má absorção de ferro e vitamina B12), baixo crescimento em crianças e perda de peso. Os sintomas do SIBO tendem a ser crônicas, durando meses ou anos, e com flutuação na intensidade.

O diagnóstico é feito através de teste respiratório em que se analisam os gases expirados após a ingestão de lactulose. Caso a quantidade destes gases ultrapassem certos limites, isto significa que houve a fermentação exagera, o que é causado pelo excesso de bactérias no intestino.

O tratamento da SIBO consiste em usar antibióticos com o objetivo de restabelecer a flora intestinal normal, mas probióticos também são citados. Mas como a SIBO costuma ser uma consequência a outras alterações, é preciso também tratar e controlar as doenças e medicamentos que podem ter gerado o supercrescimento de bactérias. E nos casos com deficiências nutricionais, estas precisam ser tratadas.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologia e Nutrologia
Especialista em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

O trato digestivo abriga um número enorme de microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus. Para se ter ideia da sua importância, o número de células destes microrganismos é maior que o número total de células do nosso corpo! As partes mais proximais do trato digestivo, como o estômago, duodeno e jejuno, têm uma flora mais […]
08 fev 19
Flora intestinal e a sua relação com o tratamento do câncer.

A FLORA INTESTINAL é cada vez mais um assunto importante no estudo do CÂNCER, e tem impacto na EVOLUÇÃO da doença e na RESPOSTA ao tratamento. A relação entre a flora intestinal e o câncer vai muito além do estudo das causas e riscos de desenvolvimento de tumores. Anteriormente nos lembrávamos apenas de bactérias (Helicobacter pylori) e vírus  patogênicos (hepatites B e C, HPV, HIV) como causas de tumores, já que 17 % dos cânceres têm relação com estes microrganismos. Mas sabe-se hoje que a nossa microbiota é mais do que isto e que não age apenas no intestino, mas que também modifica as resposta imunológicas dos tumores intestinais e extra-intestinais, tendo um potencial terapêutico. A microbiota intestinal influencia nas respostas aos tratamentos quimioterápicos e nas imunoterapias, já que afeta a eficácia e toxicidade destas medicações, além da resposta imunológica do próprio paciente a estas terapias.

E sempre que se fala em flora intestinal se pensa qual será a família de bactérias que resolverá a nossa questão. Não é este o caso, já que o assunto é mais complexo que isto! Nenhum único microrganismo individual foi identificado como universalmente importante para a eficácia dos tratamentos ou prevenção de efeitos colaterais. Não há uma única espécie ou cepa de bactérias que nos protegerá ou nos ajudará. O segredo está na DIVERSIDADE da flora intestinal! A manipulação da flora intestinal como forma de colaborar no tratamento do câncer envolve suplementos de microrganismos (probióticos), modificação da dieta e composição da flora intestinal, ou até mesmo um transplante de microbiota (fezes). Já se mostrou que alguns pacientes com diversidade de flora tiveram melhor resposta, e que aqueles com flora carente desta diversidade tiveram mais efeitos colaterais e maior risco de infecção. Os pacientes com baixa diversidade de flora intestinal no momento da indução quimioterápica desenvolveram mais infecções e tiveram o seu intestino colonizado por floras patogênicas durante o tratamento.

E os antibióticos? Eles são salvadores em quadros de infecções graves, mas também alteram a diversidade da flora intestinal, a eficácia do tratamento e aumentam o risco de infecções futuras. Os antibióticos alteram rapidamente a capacidade funcional da nossa microbiota, o que associado a diminuição da imunidade pós-quimioterapia também coloca o paciente em risco de infecção.
Esta assunto aqui discutido reforça mais uma vez a importância de se ter uma flora intestinal saudável, boa alimentação e que se deve usar os antibióticos com sabedoria. E especificamente no caso do câncer, que estudar a nossa microbiota pode ter um efeito benéfico no tratamento.

 

Dr. Fernando Valério

Gastroenterologia, Nutrologia e Proctologia

 

A FLORA INTESTINAL é cada vez mais um assunto importante no estudo do CÂNCER, e tem impacto na EVOLUÇÃO da doença e na RESPOSTA ao tratamento. A relação entre a flora intestinal e o câncer vai muito além do estudo das causas e riscos de desenvolvimento de tumores. Anteriormente nos lembrávamos apenas de bactérias (Helicobacter […]
06 fev 19

Diabetes mellitus é uma alteração comum em nosso meio, sendo responsável por muitos casos de cegueira, insuficiência renal grave e doenças cardiovasculares. A preocupação é que um dos tipos de diabetes, a tipo 1 (insulino-dependente), está relacionada com a doença celíaca. Sabe-se que 8 a 10% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 1 são celíacos! A associação entre a doença celíaca e a diabetes tipo 1 já foi estabelecida há mais de 40 anos. Clínicas e médicos especializados em diabetes já fazem pesquisa para o diagnóstico de doença celíaca em portadores de diabetes tipo 1, mas infelizmente alguns outros não!

Diabetes mellitus é uma doença metabólica gerada pela deficiência ou falta de insulina, um hormônio que capacita o corpo a usar e estocar o açúcar. A glicose, o açúcar mais importante para o nosso organismo, é uma fonte nutricional indispensável para o funcionamento do nosso corpo, já que é a nossa principal fonte de energia. Mas na falta de insulina, este açúcar se mantém na circulação sanguínea, causando o que chamamos de hiperglicemia. Assim, a glicose não consegue entrar nas nossas células e desempenhar a sua função.

Como forma de preservar a glicose, um nutriente tão importante, os nossos rins filtram a glicose e a devolvem para a corrente sanguínea. Em pessoas sadias, a insulina consegue reutilizar este açúcar. Mas quando há uma sobrecarga de glicose no sangue, o rim tem dificuldade de reter este excesso, e o diabético passa a urinar a glicose, evento chamado de glicosúria. Este evento causa a produção de urina excessiva, com aumento de frequência urinária e sede. E como o corpo se ressente da disponibilização da sua fonte preferida de energia, a glicose, passa a buscar energia em outros locais, como no músculo e gordura. As consequências disto são a perda de peso, de massa muscular e aumento de apetite.

Há dois tipos principais de diabetes mellitus, o tipo 1 e o tipo 2. O tipo 1 é o insulino-dependente, conhecida como diabetes “juvenil”, que é uma doença auto-imune e que ocorre principalmente em pessoas jovens, mas que pode afetar adultos. Neste caso, o sistema imunológico ataca e destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Por isso, o uso de insulina é imprescindível para estes pacientes. Este é o tipo de diabetes relacionado com a doença celíaca! No diabetes tipo 2, ou diabetes não-insulino-dependente, o que ocorre é uma resistência à insulina. Esta forma é mais comum em adultos, e se caracteriza pela ineficácia da insulina produzida. A diabetes tipo 2 não é uma doença autoimune, e é mais comum em indivíduos mais velhos e obesos. Esta forma de diabetes é tratada inicialmente com orientação alimentar e uso de medicamentos hipoglicemiantes orais.

Em pacientes que apresentam a doença celíaca e a diabetes tipo 1, em geral a diabetes é diagnosticada primeiro. A doença celíaca é diagnosticada posteriormente quando sintomas como retardo de crescimento (crianças) intolerância à lactose, gases intestinais, diarreia, perda de peso inexplicada, fadiga extrema, anemia e dificuldade em controlar a diabetes estão presentes. Mas como os sintomas digestivos podem estar presentes na diabetes, algumas vezes toda responsabilidade destas queixas recai sobre a diabetes, e a doença celíaca acaba sendo negligenciada, mesmo com sintomas presentes.

A associação entre as duas doenças é explicada pelos seguintes mecanismos: predisposição genética e auto-imunidade. Em relação ao aspecto genético, ambas as doenças têm relação com o genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8. Mais estudos são necessários para identificar a função específica destes genes no desenvolvimento das doenças. Além da predisposição genética há também o componente auto-imune. Neste caso, o organismo produz anticorpos contra a insulina e/ou as células beta do pâncreas, que as são as responsáveis pela produção do hormônio. Estudos mostram que crianças recém-diagnosticadas para a doença celíaca têm uma prevalência significativamente maior de apresentarem estes anticorpos do que os não-celíacos. A boa notícia é que se a criança é diagnosticada para a doença celíaca precocemente e a diabetes ainda não se instalou, a dieta sem glúten causa a diminuição dos níveis de anticorpos contra a insulina e células do pâncreas.

Após o diagnóstico de ambas as doenças, a seguintes medidas devem ser tomadas:

  1. controle dos níveis séricos de açúcar (controle de glicemia)
  2. dieta sem glúten, observando a quantidade de carboidratos
  3. reconhecer e tratar as complicações de cada doença
  4. adequação de estilo de vida e comprometimento com as mudanças

Os pacientes com doença celíaca e diabetes tipo 1 não precisam apenas evitar o glúten, mas também deve haver um balanço entre as necessidades de insulina e os níveis de atividades diárias. A resposta glícêmica para muitos produtos gluten-free pode ser rápida e intensa, e isto pode afetar os níveis de insulina e estabelecer um padrão dietético. Isto ocorre porque muitos produtos gluten-free são ricos em amido e açúcares, mas pobre em fibras, quando comparamos com produtos similares com glúten (bolos, pães, cereais, bolachas). Por isso é ainda mais importante que se aprenda a ter uma alimentação sem glúten saudável e menos industrializada, o que é bem possível quando há boa orientação nutricional.

Apesar de ambas as doenças serem diagnosticadas em qualquer idade, é muito comum que este diagnóstico seja estabelecido em crianças, adolescentes e adultos jovens. Obviamente isto traz uma série de dificuldades emocionais e sociais para este grupo. Adolescentes e adultos jovens sem estas doenças já apresentam uma série de erros alimentares comuns à idade. E acrescentar duas doenças com tanto impacto na rotina alimentar gera uma enorme frustração e dificuldade de seguimento. Não é fácil ter que perguntar aos amigos “o que”, “quando” e “onde” comeremos todas as vezes que se pensa em uma atividade social, algo ainda mais impactante para esta faixa etária. Por mais difícil que seja, é preciso que se entenda que não respeitar regras alimentares necessárias culminará em pagar um preço muito caro no futuro, com diversas comorbidades associadas à doença celíaca e a diabetes. É sempre interessante pensar em acompanhamento psicológico para o paciente e sua família. A participação em grupos de apoio também traz bons resultados, tanto pelo aspecto solidário como pela troca de informações e orientação.

E quando se inicia a dieta sem glúten, o que muda? Muda muito! Com a restrição a ingestão do glúten a mucosa do intestino começará a desinflamar e a voltar ao seu funcionamento normal. Em pacientes com quadro severo de doença celíaca, a partir deste momento os carboidratos serão melhor absorvidos e poderão ser metabolizados pela insulina. Enquanto o intestino não está totalmente cicatrizado a absorção de carboidratos é variável, e é muito importante que ocorra a adequação da dose de insulina e de carboidratos ingeridos. Com o tempo os níveis de glicose no sangue se estabilizarão e o controle glicêmico se dará com mais facilidade.
Ter uma dieta sem glúten não irá curar alguém que já apresenta a diabetes tipo 1 ou reverter as suas complicações. Mas a produção de auto-anticorpos pode desaparecer e uma dieta gluten-free, e isto teria um efeito positivo em alguém com duas doenças autoimunes. Além disso, obviamente se evitaria o surgimento de outras doenças auto-imunes relacionadas à doença celíaca. Como se sabe, quem tem doença auto-imune pode ter outra!

Dr. Fernando Valério
Médico Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

Diabetes mellitus é uma alteração comum em nosso meio, sendo responsável por muitos casos de cegueira, insuficiência renal grave e doenças cardiovasculares. A preocupação é que um dos tipos de diabetes, a tipo 1 (insulino-dependente), está relacionada com a doença celíaca. Sabe-se que 8 a 10% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 1 são celíacos! A […]
30 jan 19
Dr. Fernando Valério e International Society for the Study of Celiac Disease (ISSCD)

O Dr. Fernando Valério recebeu esta semana a mensagem de que foi ACEITO como MEMBRO da International Society for the Study of CELIAC DISEASE (ISSCD), algo que nos traz muito orgulho.
A ISSCD é uma federação internacional compostas por profissionais que buscam promover a pesquisa sobre a doença celíaca, assim como orientar sobre os cuidados médicos em relação a esta doença.
A ISSCD está atualmente em processo de regionalização. Atualmente é composta pela European Society for Study of Coeliac Disease (ESCCD) e Society for Study of Celiac Disease (SSCD). A Sociedade Australiana também já está em progresso.
Nós temos vários grupos, associações e federação de celíacos muito organizados e que atuam há anos. Quem sabe um dia não façamos parte desta federação, mas não como membros individuais, e sim como uma organização nacional.
Mas o importante é que o Mundo científico continua se organizando para promover o bem estar dos pacientes celíacos.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologia e Nutrologia
Especialista em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

O Dr. Fernando Valério recebeu esta semana a mensagem de que foi ACEITO como MEMBRO da International Society for the Study of CELIAC DISEASE (ISSCD), algo que nos traz muito orgulho. A ISSCD é uma federação internacional compostas por profissionais que buscam promover a pesquisa sobre a doença celíaca, assim como orientar sobre os cuidados […]
30 jan 19
Intolerância à lactose e alergia ao leite: quais as diferenças?

Reações adversas aos alimentos podem ser divididas em dois grandes grupos: ALERGIAS e INTOLERÂNCIAS. Devido a similaridade de sintomas digestivos entre as duas e a melhora clínica após a retirada do leite e derivados, a alergia ao leite é comumente confundida com a intolerância à lactose. Mas há diferença sim, e ela é IMUNOLÓGICA.

A alergia é uma resposta imunológica inapropriada caracterizada pela ativação de anticorpos (IgE) e que é induzida por PROTEÍNAS existentes nos alimentos. Neste caso, o nosso sistema imunológico identifica um alimento como um invasor ou agressor, e tenta neutralizá-lo. Esta resposta é imediata, e os sintomas podem surgir em segundos, minutos ou algumas horas. A alergia ao leite é geralmente diagnosticada na infância, e as proteínas mais importantes envolvidas são a caseína, alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina.

A intolerância alimentar é uma reação não-imunológica aos alimentos e que pode ser causada por qualquer substância NÃO-PROTEICA contida em um alimento, sendo muito mais comum que as alergias alimentares. Ou seja, temos a dificuldade digestiva em lidar com algum alimento, mas não o vemos como um inimigo. Simplesmente não nos damos bem! No caso do leite, a intolerância está ligada à LACTOSE.

A lactose é um açúcar presente no leite, e que é digerida no intestino delgado através da enzima chamada LACTASE. Nos pacientes intolerantes à lactose, há uma deficiência da produção de lactase, tornado-nos inaptos a digerir este açúcar. Esta falha na produção da lactase pode ser primária, e decorre da programação genética que algumas pessoas têm de diminuir a produção de lactase durante a vida. Este processo ocorre em 25% das pessoas. Ou secundária, que é o resultado de uma doença que afeta o intestino e torna-o incapaz a produzir a lactase. Um bom exemplo disto é a doença celíaca, quando uma inflamação intestinal auto-imune gerada pelo glúten impede que o intestino produza a lactase, tornando os celíacos intolerantes à lactose.

Quanto aos sintomas, as queixas mais comuns são dor abdominal, diarreia, má-digestão (dispepsia), náusea, distensão abdominal, gases intestinais e flatulência. A alergia também causa alterações na pele, coceira, edema ou asma. Em casos extremos, há o choque anafilático.

Alérgicos ao leite devem evitar a ingestão deste alimento e seus derivados. E lembrar que para este grupo não há qualquer vantagem em ingerir produtos sem lactose, visto que o seu problema está nas proteínas do leite, e não no açúcar. Ou seja, ingerir leite sem lactose é estar tomando as proteínas do leite da mesma forma! A boa notícia é que a alergia ao leite costuma ceder após a primeira década de vida.

No caso da intolerância à lactose primária, pacientes podem tomar suplementos de lactase quando desejam ingerir leite e derivados ou simplesmente deixar de ingerir estes produtos. O mesmo ocorre com pessoas com intolerância secundária, mas estas geralmente se tornam novamente tolerantes quando o intestino doente cicatriza e a produção de lactase volta ao normal.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

Reações adversas aos alimentos podem ser divididas em dois grandes grupos: ALERGIAS e INTOLERÂNCIAS. Devido a similaridade de sintomas digestivos entre as duas e a melhora clínica após a retirada do leite e derivados, a alergia ao leite é comumente confundida com a intolerância à lactose. Mas há diferença sim, e ela é IMUNOLÓGICA. A […]
20 jan 19

A SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL (SII) é a doença gastrointestinal FUNCIONAL mais comum, acometendo de 14 a 20% da população. A SII se caracteriza por DOR ABDOMINAL, aumento de GASES INTESTINAIS, DISTENSÃO abdominal, DIARREIA ou CONSTIPAÇÃO.
Há muitas evidências de que a FLORA INTESTINAL (microbiota) tenha papel importante no desenvolvimento desta doença em algumas pessoas. O nosso intestino tem um ecossistema que precisa viver em equilíbrio constante, e quando isto se rompe ele pode alterar o seu funcionamento normal, nos causando muitos sintomas e comprometendo a nossa QUALIDADE de VIDA.
Conseguimos justificar esta teoria pelos exemplos abaixo:
Primeiro, uma porção significativa de pacientes com a SII começou a apresentar sintomas após um quadro de gastroenterite, que geralmente são causadas por bactérias, vírus ou parasitas. Chamamos este quadro de SII PÓS-INFECCIOSA. Sabe-se que de 7 a 15% dos pacientes com gastroenterite aguda desenvolverão sintomas gastrointestinais crônicos compatíveis com o diagnóstico de SII.
Segundo, estudos sugerem que crianças submetidas a vários tratamento com antibióticos durante a infância têm probabilidade aumentada de desenvolverem a SII em algum momento da vida. Antibióticos costumam resolver as nossas infecções, mas infelizmente comprometem a nossa flora normal. E há ainda o risco de termos o intestino colonizado por microrganismos que nos prejudicam, já que a flora normal que nos protegia foi atacada”. Antibióticos devem ser prescritos com critério!
Terceiro, medidas estratégicas para a melhorar a flora intestinal, como PROBIÓTICOS, ALIMENTAÇÃO e ANTIBIÓTICOS (contra microrganismos patogênicos) oferecem alguns benefícios para pacientes com SII. Isto mostra que quando intervimos na nossa flora de maneira a estimulá-la e preservá-la, conseguimos restabelecer um ambiente sadio no nosso intestino.
PROBIÓTICOS são bactérias, que quando consumidas em quantidades suficientes, podem conferir benefícios de saúde ao seu hospedeiro. Há vários mecanismos de atividade dos probióticos que podem ajudar pessoas com a SII, como a proteção da mucosa intestinal contra bactérias patogênicas, ativando a imunidade intestinal e controlando a permeabilidade intestinal. Mas ainda enfrentamos muitos desafios quanto ao uso dos probióticos na SII e em outras doenças, como a formulação correta destes produtos, a escolha das famílias de bactérias para cada alteração, a dose correta e a manutenção da viabilidade dos microrganismos. Usar probióticos de maneira correta é muito mais complexo do que ir em uma farmácia comprar aquele probiótico que oferece o maior número de bactérias simplesmente. Alguns estudos atuais sugerem que possa haver benefício no uso de probióticos em pacientes com a SII, mas precisamos aguardar mais respostas antes tornarmos o uso de probióticos uma regra.
E a ALIMENTAÇÃO, o quanto ela nos ajuda em relação a nossa flora? Alguns alimentos de cadeia ricos em açúcares de cadeia molecular pequenas, os FODMAPs (mono, di, oligossacarídeos e polióis fermentáveis), têm digestão e absorção difíceis. Substratos não digeridos destes açúcares são fermentados por bactérias do intestino, gerando gases e exercendo efeito sobre a microbiota, permeabilidade intestinal e imunidade intestinal.
Um outro aspecto são os ANTIBIÓTICOS como forma de tratamento da SII. Na verdade, o objetivo destes medicamentos é o de controlar a microbiota através da eliminação de bactérias não desejadas em nossa flora intestinal. Alguns estudos mostram que o uso de antibióticos podem trazer melhora para os pacientes com SII.
Quanto mais entendermos esta comunidade de microrganismos que nos habita, mais chances teremos de intervir sobre ela, prevenir e tratar doenças. A Síndrome do Intestino Irritável é uma destas doenças merecem o todo o foco nesta relação microbiota-hospedeiro.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologia e Nutrologia
Especialista em Doença Celíaca e Doenças Intestinais Funcionais

A SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL (SII) é a doença gastrointestinal FUNCIONAL mais comum, acometendo de 14 a 20% da população. A SII se caracteriza por DOR ABDOMINAL, aumento de GASES INTESTINAIS, DISTENSÃO abdominal, DIARREIA ou CONSTIPAÇÃO. Há muitas evidências de que a FLORA INTESTINAL (microbiota) tenha papel importante no desenvolvimento desta doença em algumas pessoas. O nosso […]
19 jan 19
Diverticulite aguda: sementes e grãos são os verdadeiros vilões?

DIVERTICULITE AGUDA: SEMENTES E GRÃOS SÃO OS VERDADEIROS VILÕES?
DIVERTÍCULOS são saculações que se desenvolvem na parede do intestino grosso com o passar dos anos, e que ocorrem em pontos de fraqueza desta parede. Sabe-se que 50% das pessoas com mais de 60 anos apresentam divertículos intestinais (DIVERTICULOSE INTESTINAL). Mas o grande medo por portadores da diverticulose, que muitas vezes é assintomática, é evoluir com um quadro de DIVERTICULITE AGUDA, algo que ocorre em 5% dos casos.
A diverticulite aguda é uma inflamação que acontece nos divertículos, podendo causar dor abdominal forte (lado esquerdo inferior do abdome), parada da eliminação de gases e fezes, febre e distensão abdominal. O diagnóstico é confirmado através de hemograma e exames de imagem (ultrassonografia e tomografia computadorizada). O tratamento requer dieta, antibióticos e, em alguns casos mais graves, internações e cirurgia.
Mas a questão é: QUAIS OS REAIS FATORES DE RISCO PARA A DIVERTICULITE AGUDA?
Durante muito tempo se pensou que este quadro era causado pela obstrução dos divertículos por fezes e alimentos. E aí foi fácil associarmos as sementes e grãos como os maiores vilões. Por anos colocamos a culpa no milho, nas castanhas, pipoca e sementes de frutas (tomate, kiwi, mamão, uva). Mas erramos! Na verdade, a ingestão destes alimentos não está relacionado ao desenvolvimento da diverticulite. Pelo contrário! A ingestão de fibras nos protege.
Mas QUEM DEVEMOS CULPAR então? Em pelo menos 50% dos casos os verdadeiros causadores da diverticulite aguda são a obesidade (abdominal em particular), uso de anti-inflamatórios, sedentarismo, dieta rica em gordura (principalmente carne vermelha) e pobre em fibras.
E COMO EVITAR AS CRISES de diverticulite aguda em portadores de diverticulose intestinal? Com adequação de ESTILO DE VIDA e ALIMENTAÇÃO, como as que seguem abaixo:
– manter-se com peso adequado (índice de massa corpórea normal)
– não ingerir mais que quatro porções de carne vermelha por semana
– ingerir mais que 23 gramas de fibras ao dia
– praticar atividades físicas por mais de duas horas por semana
– não fumar
E caso você já tenha sofrido com alguma crise de diverticulite previamente, adeque-se o quanto antes a estas medidas. A cada crise as chances de recidiva da inflamação aumentam exponencialmente.
Mais do que procurar um gastroenterologista ou cirurgião nos momentos críticos, busque orientação prévia para ter orientações alimentares e de estilo de vida. Além de diminuir os riscos de crises de diverticulite, estará realmente promovendo mais saúde ao seu corpo e se protegendo de outras doenças causadas pelos mesmos fatores de risco.

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologista e Nutrólogo
Especialista em doenças intestinais funcionais, doença celíaca e distúrbios relacionados ao glúten, intolerâncias e alergias alimentares, síndrome do intestino irritável

DIVERTICULITE AGUDA: SEMENTES E GRÃOS SÃO OS VERDADEIROS VILÕES? DIVERTÍCULOS são saculações que se desenvolvem na parede do intestino grosso com o passar dos anos, e que ocorrem em pontos de fraqueza desta parede. Sabe-se que 50% das pessoas com mais de 60 anos apresentam divertículos intestinais (DIVERTICULOSE INTESTINAL). Mas o grande medo por portadores […]
11 jan 19
Gases intestinais e dieta

Muitas pessoas se queixam de FLATULÊNCIA e DISTENSÃO ABDOMINAL, sintomas associados ao aumento de GASES INTESTINAIS e que geralmente trazem desconforto e constrangimento. A produção de gases é variável entre as pessoas, mas está associada a hábitos alimentares e fatores individuais. Além disso, os gases intestinais podem estar presentes em algumas doenças intestinais, como a doença celíaca e sensibilidade ao glúten, constipação intestinal, síndrome do intestino irritável, alergias alimentares, alterações da flora intestinal e em quadros obstrutivos do intestino.
IDENTIFICAR AS CAUSAS DOS GASES INTESTINAIS AUMENTADOS É IMPORTANTE!
Este é um sintoma que deve estimular a procura por um diagnóstico correto, visto que está associado a doenças relevantes, como a doença celíaca e câncer, por exemplo.
A produção de gás no intestino é decorrente da ação fermentativa de bactérias aí localizadas e da digestão de proteínas, açúcares e gorduras. Os gases intestinais têm em sua composição o gás carbônico, o hidrogênio e o metano.
Em relação aos açúcares, com a intenção reduzir a fermentação intestinal foi descrita uma dieta que consiste em restringir alimentos ricos em açúcares de cadeia curta e que são mal absorvidos pelo intestino. Surgiu assim a dieta “low FODMAP’s” (que significa oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis). Os FODMAP’s incluem alimentos ricos em frutose (mel, maçã, pêra, manga, melancia, frutas secas, doces), frutanos (trigo, centeio, cevada, cebola, alho, aspargos, alcachofra, brócolis), lactose (leite e derivados), galactanos (repolho, feijão, lentilha, soja) e polióis (ameixa, cogumelos, abacate, cereja, couve-flor e adoçantes artificiais). Como é possível observar, a dieta descrita baseia-se na exclusão de vários alimentos ricos em nutrientes. Por esta razão, é sempre importante que exista uma compensação nutricional para que não ocorra um desequilíbrio alimentar e para que o tempo de exclusão destes alimentos não seja exagerada.
Em relação à doença celíaca e sensibilidade ao glúten, esta proteína deve ser rigorosamente excluída da dieta. Mas sabe-se que 18% dos pacientes celíacos não responsivos a dieta sem glúten apresentam quadro de Síndrome do Intestino Irritável associado. Nestes casos a dieta Low FODMAPs pode ser interessante. Mas deve-se ter certeza absoluta de que não está ocorrendo contaminação cruzada e ingestão inadvertida do glúten.
Quanto às alergias, os desencadeantes identificados também devem ser eliminados da dieta. Também são associados a produção de gases intestinais os alimentos gordurosos e frituras, cafeína, pimentas e pimentões.

 

Dr. Fernando Valério
Especialista em Doença Celíaca, Síndrome do Intestino Irritável e Doenças Intestinais Funcionais

Muitas pessoas se queixam de FLATULÊNCIA e DISTENSÃO ABDOMINAL, sintomas associados ao aumento de GASES INTESTINAIS e que geralmente trazem desconforto e constrangimento. A produção de gases é variável entre as pessoas, mas está associada a hábitos alimentares e fatores individuais. Além disso, os gases intestinais podem estar presentes em algumas doenças intestinais, como a […]
01 jan 19
Doença celíaca e Obesidade: isto é possível?

DOENÇA CELÍACA e OBESIDADE: isto é possível?
Há alguns dias eu atendi uma paciente com diagnóstico de DOENÇA CELÍACA e ela me disse algo bastante curioso: “me falaram que eu não poderia ser celíaca por estar ACIMA do PESO”.
Não é bem assim! Precisamos estar mais atentos ao que vem acontecendo com o comportamento da doença celíaca nas últimas décadas. Pacientes com sobrepeso e obesos não são diagnosticados corretamente porque os livros médicos tradicionais sempre trouxeram a informação de que a doença celíaca estava associada a síndrome de má absorção nutricional e perda de peso. Mas estes pacientes magros e com com déficits nutricionais não são mais uma regra. O quadro clínico clássico ainda é a forma predominante de apresentação inicial da doença, mas é cada vez menos frequente. Enquanto isso, a formas subclínicas e não-clássicas (doenças autoimunes) já representam 30 a 50% dos casos no momento do diagnóstico.
Sabe-se que atualmente de 20 a 40% dos pacientes se apresentam com sobrepeso ou obesidade. Ou seja, ÍNDICES DE MASSA CORPÓREA MAIS ALTOS PODEM COEXISTIR COM A DOENÇA CELÍACA!
Mas como alguém que tem o seu intestino inflamado e com possíveis distúrbios nutricionais pode estar acima do peso? Ainda não há uma resposta concreta sobre as razões da relação entre a doença celíaca com o sobrepeso e obesidade. Mas a principal explicação é de que o corpo pode ser extremamente eficiente para absorver nutrientes em condições adversas. No caso da doença celíaca, os segmentos mais acometidos são os proximais ao duodeno, e portanto há ainda alguns metros de intestino com capacidade de absorver açúcares e gorduras que são ingeridos. Desta forma, os segmentos de intestino não afetados passam a exercer uma compensação, tornando-se mais eficientes na absorção de nutrientes. Esta situação também ocorre em doenças inflamatórias intestinais (Crohn), cirurgias bariátricas e quando grandes segmentos intestinais são retirados.
O mecanismo compensatório consiste no aumento das vilosidades e células intestinais não afetadas pela doença celíaca. Mas se o mecanismo de absorção se torna exagerado, associado a uma dieta rica em gorduras e açúcares, a obesidade pode estar presente.
O DIAGNÓSTICO DA DOENÇA CELÍACA NÃO PERMITE PRECONCEITOS! Idade, sexo e composição corporal não podem ser limitantes para que um paciente celíaco seja diagnosticado.

 

Dr. Fernando Valério
Gastroenterologia e Nutrologia
Especialista em Doença Celíaca, Síndrome do Intestino Irritável, intolerâncias e alergias alimentares.

DOENÇA CELÍACA e OBESIDADE: isto é possível? Há alguns dias eu atendi uma paciente com diagnóstico de DOENÇA CELÍACA e ela me disse algo bastante curioso: “me falaram que eu não poderia ser celíaca por estar ACIMA do PESO”. Não é bem assim! Precisamos estar mais atentos ao que vem acontecendo com o comportamento da […]
24 mai 22
Dr. Fernando Valério e DrSchar: DOENÇA CELÍACA E SUAS CURIOSIDADES!

Olá! Este post compartilha um artigo publicado pelo Dr. Fernando Valério em parceria com a DrSchar, em celebração ao Maio Verde, mês de conscientização sobre a doença celíaca.
Esta publicação descreve algumas das inúmeras curiosidades que cercam a doença celíaca.
Genética, sintomas intestinais e extra-intestinais, diagnóstico, doença autoimunes associadas e tratamento, são alguns dos tópicos importantes discutidos.

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LINK DOENÇA CELÍACA e CURIOSIDADES

Olá! Este post compartilha um artigo publicado pelo Dr. Fernando Valério em parceria com a DrSchar, em celebração ao Maio Verde, mês de conscientização sobre a doença celíaca. Esta publicação descreve algumas das inúmeras curiosidades que cercam a doença celíaca. Genética, sintomas intestinais e extra-intestinais, diagnóstico, doença autoimunes associadas e tratamento, são alguns dos tópicos […]