Úlcera
Péptica (estômago e duodeno)
O
que é?
As úlceras pépticas
são feridas que penetram na parede do estômago
e do duodeno (primeira porção do intestino
delgado). A úlcera péptica é uma
doença comum, e de 5 a 10% das pessoas apresentarão
seus sintomas durante a vida. Os homens apresentam incidência
duas vezes maior para o desenvolvimento da úlcera
do que as mulheres, principalmente quando se refere
às úlceras duodenais.
As úlceras duodenais
são mais comuns do que as úlceras gástricas
(estômago). A úlcera duodenal geralmente
provoca os primeiros sintomas entre os 25 e os 55 anos,
enquanto a úlcera gástrica, entre os 40
e 70 anos.
Por
que ocorre a Úlcera Péptica?
Uma bactéria conhecida
como Helicobacter pylori é a principal responsável
pelo desenvolvimento das úlceras pépticas,
e alguns estudos atuais sugerem que de 90 a 95% das
úlceras de estômago e duodeno sejam causadas
por ela. A infecção é adquirida
pela ingestão da bactéria, e ocorre principalmente
na infância, tornando-se uma infecção
crônica no adulto. A infecção por
esta bactéria é mais comumente observada
em países em desenvolvimento, e está associada
à água e saneamento básico. Nos
países industrializados, a transmissão
se faz principalmente de uma pessoa para a outra através
da saliva, vômito ou fezes.
A bactéria Helicobacter
pylori causa a úlcera péptica através
da destruição da proteção
da mucosa (camada de revestimento interno) do estômago
e duodeno. Desta forma, o ácido presente no estômago
e duodeno agiria diretamente sobre a mucosa, causando
a ferida conhecida como úlcera.
Outra causa importante para
o aparecimento das úlceras pépticas são
a utilização de medicamentos anti-inflamatórios.
Os anti-inflamatórios usados cronicamente também
destroem a proteção da mucosa, favorecendo
a ação do ácido contra a parede
do estômago e duodeno.
O tabagismo também é
relacionado como uma possível causa de úlcera
péptica.
Sintomas
A úlcera péptica
apresenta-se como um quadro doloroso na parte superior
do abdome, associada a náuseas e vômitos,
perda de apetite, emagrecimento, distensão abdominal
após as refeições, empachamento,
queimação e eructação freqüentes.
A dor abdominal é descrita
como uma queimação ou pontada, em geral
aliviada pela ingestão de alimentos. Os episódios
de dor são curtos, mas fortes, e duram alguns
minutos. O jejum prolongado pode desencadear o quadro
doloroso, e alguns pacientes referem acordar no meio
da noite devido a dor abdominal.
O exame físico é
pouco útil no diagnóstico da úlcera
péptica, e em geral ocorre apenas um desconforto
à palpação da região do
estômago.
Complicações
das Úlceras Pépticas
As úlceras pépticas
apresentam três complicações que
podem ser graves e fatais: a hemorragia (sangramento),
a perfuração e a obstrução.
O sangramento é a complicação
mais comum da úlcera péptica, e ocorre
em 15 a 20% dos pacientes com úlcera duodenal
e em 10 a 15% dos pacientes com úlcera de estômago.
A hemorragia é causada pela erosão de
um vaso sangüíneo no interior da úlcera,
e pode se manifestar clinicamente pelo vômito
com sangue ou a evacuação de fezes escurecidas
devido à presença de sangue. O paciente
pode apresentar sintomas relacionados ao sangramento,
como queda da pressão arterial, sudorese e aumento
da freqüência cardíaca (taquicardia).
A úlcera pode penetrar
de forma tão profunda na parede do estômago
e duodeno, que causará a perfuração
destes órgãos. A perfuração
da úlcera péptica causa dor abdominal
constante, súbita e de forte intensidade. A dor
inicia-se na região do estômago, mas logo
se irradia para todo o abdome devido à contaminação
da cavidade abdominal pelo suco gástrico. Ao
exame físico, o paciente apresenta muita dor
à palpação do abdome, além
de queda de pressão arterial e taquicardia.
A obstrução da
saída do estômago e duodeno ocorre devido
à cicatrização e do processo inflamatório
das úlceras, que diminuem o espaço para
a passagem dos alimentos. Este tipo de complicação
ocorre em úlceras com vários anos de duração.
A obstrução retarda o esvaziamento do
estômago, e geralmente causa náuseas, vômitos,
plenitude ou distensão do estômago, e até
mesmo, medo de comer. Pode ocorrer emagrecimento importante
devido à baixa ingestão de alimentos.
A dor abdominal está presente, mas é aliviada
pelo vômito.
Diagnóstico
O diagnóstico da úlcera
péptica é realizado através da
Endoscopia Digestiva Alta. Este exame permite a observação
da lesão ulcerosa, as suas características
e a localização no estômago e duodeno.
Além disso, este exame possibilita a realização
de biópsias, utilizadas para a confirmação
da infecção pelo Helicobacter pylori.
A Endoscopia Digestiva Alta,
alem de um método diagnóstico, também
pode ser uma forma de tratamento. Nos casos de úlceras
hemorrágicas, a endoscopia digestiva é
utilizada de forma terapêutica para interromper
o sangramento destas lesões, evitando muitas
vezes que estes pacientes necessitem de cirurgia.
Tratamento
O tratamento da úlcera
péptica se inicia com a erradicação
da bactéria helicobacter pylori, que é
a maior responsável pelo desenvolvimento desta
doença. O tratamento é realizado com medicamentos
que diminuam a acidez do estômago e com antibióticos.
A diminuição da acidez gástrica
torna o ambiente gástrico menos favorável
à bactéria, e desta forma ela fica mais
susceptível ao tratamento com os antibióticos.
O paciente deve sempre ter em mente que sem o tratamento
da infecção, não haverá
melhora do quadro ulceroso.
Nos casos em que a úlcera
péptica está associada ao uso de anti-inflamatórios,
estes devem ser evitados. Além disso, o paciente
deverá fazer uso de medicamentos que diminuam
a acidez gástrica, permitindo assim a cicatrização
da úlcera.
Medidas alimentares também
devem ser instituídas, como fazer uma dieta fracionada,
ou seja, várias refeições ao dia,
mas com redução no volume dos alimentos,
evitar alimentos ricos em gordura e frituras, condimentados,
doces, refrigerantes, bebidas alcoólicas e chocolates.
O tabagismo é apontado
como lesivo à cicatrização da úlcera,
e por isso deve ser abandonado.
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