Câncer
de Intestino Grosso ( Colorretal )
O
que é?
Câncer do intestino grosso,
ou colorretal, significa a presença de tumor
maligno em alguma parte do intestino grosso (cólon
ou reto). O cólon tem como função
a absorção de água e nutrientes
dos alimentos ingeridos, enquanto o reto funciona como
um reservatório de fezes, que serão eliminadas
pelo ânus.
O câncer colorretal é
o 5º mais comum no Brasil, e a maior parte dos
diagnósticos é realizada em pessoas com
idades entre 50 e 70 anos. Em alguns pacientes portadores
de alterações genéticas, o câncer
pode ocorrer antes dos 50 anos. O sexo feminino é
discretamente mais afetado do que o masculino. O melhor
prognóstico do câncer de intestino grosso
está relacionado à prevenção
e ao seu diagnóstico em fases iniciais.
Fatores
de Risco
Os principais fatores de risco
para o desenvolvimento do câncer colorretal são
a dieta rica em gorduras e pobre em substâncias
com fibras, o sedentarismo (ou falta de exercícios
físicos), a obesidade e o tabagismo. Sendo assim,
os hábitos que previnem o surgimento do câncer
do intestino grosso são uma dieta pobre em gordura
e rica em frutas, verduras e cereais, o abandono do
tabagismo, a realização regular de exercícios
físicos e a manutenção do peso
ideal.
Outros fatores de risco para
o câncer colorretal são a história
familiar deste tipo de câncer, principalmente
de parentes próximos (avós, pais, tios,
primos de 1º grau e irmãos), a presença
de doenças inflamatórias intestinais (doença
de Crohn e retocolite ulcerativa), além de doenças
genéticas que causam o câncer de intestino
grosso, como a polipose familiar adenomatosa e o câncer
colorretal hereditário não polipóide
(HNPCC).
Como
ocorre o câncer colorretal?
O desenvolvimento do câncer
colorretal ocorre de duas formas: através do
surgimento de lesões pré-malignas conhecidas
como pólipos intestinais, ou através de
alterações genéticas e hereditárias.
O câncer que surge a partir
dos pólipos intestinais é o mais comum
(85% dos casos), sendo mais freqüente no lado esquerdo
do cólon (sigmóide) e no reto, e acomete
pessoas acima dos 50 anos. Os pólipos são
lesões benignas, em geral assintomáticas,
mas que têm um potencial para a malignização,
ou seja, podem se tornar câncer com o passar do
tempo. O aparecimento dos pólipos deve estar
relacionado aos fatores ambientais, como dieta e tabagismo.
Desta forma, a melhor prevenção para o
câncer colorretal é a retirada destes pólipos
através de endoscopia digestiva baixa (colonoscopia).
Atualmente, a colonoscopia preventiva do câncer,
com o objetivo de diagnosticar e retirar estes pólipos
intestinais, e está indicada para todas as pessoas
acima de 50 anos.
Aproximadamente 15% dos tumores
malignos do intestino grosso estão relacionados
à hereditariedade, ou seja, estão presentes
em pessoas com alterações genéticas,
e são mais comuns em pacientes abaixo dos 50
anos. As duas doenças mais comuns são
a polipose adenomatosa familiar (PAF) e o câncer
colorretal hereditário não polipóide
(HNPCC). A polipose adenomatosa familiar se caracteriza
pelo surgimento de milhares de pólipos pré-malignos
no intestino grosso devido a um erro genético.
Como estes pólipos surgem na infância e
adolescência, a chance de um dos pólipos
se tornar um tumor de intestino durante a vida do paciente
é de 100%. Devido a isto, estes pacientes devem
ser submetidos à retirada de todo intestino grosso
como forma de prevenção ao câncer.
O câncer colorretal não
polipóide hereditário tem como característica
não apresentar uma lesão pré-maligna
(pólipo), ou seja, surge do tecido normal do
intestino. Aproximadamente 70% das pessoas que apresentam
esta alteração genética desenvolverão
câncer colorretal durante as suas vidas. Este
tipo de tumor ocorre mais comumente no lado direito
do cólon, tem um crescimento rápido, e
pode estar relacionado com tumores de outros órgãos,
como útero, ovários, estômago, rins
e intestino delgado. O diagnóstico preciso desta
doença é realizado através de estudos
genéticos, e o paciente deve ser submetido a
colonoscopia anualmente.
Sintomas
Em alguns casos, o câncer
colorretal não apresenta sintomas, o que reforça
ainda mais a necessidade de prevenção.
Os casos em que os sintomas são muito evidentes,
em geral, o tumor já pode estar em fase avançada,
com chances menores de cura.
Os sintomas mais comuns são
a alteração do hábito intestinal,
como a diarréia e a constipação,
a alteração na forma das fezes (afiladas
ou em “bolinhas”), a presença de
sangue vivo ou escuro (coagulado) com as fezes, dor
abdominal (principalmente cólica) e distensão
abdominal, presença de muco (“catarro”)
nas fezes, anemia e perda de peso.
Como se observa, os sintomas
do câncer de intestino grosso são muito
comuns, e não devem ser banalizados. Desta forma,
os pacientes devem sempre procurar um médico
para orientação. Deve-se também
lembrar de que nem todo sangramento anal ou nas fezes
é causado por hemorróidas.
Prevenção
e Diagnóstico
Alguns exames são realizados
para a prevenção e diagnóstico
do câncer colorretal, tais como a pesquisa de
sangue oculto nas fezes, o enema opaco, a retossigmoidoscopia
e a colonoscopia.
A pesquisa de sangue oculto
nas fezes se refere ao diagnóstico microscópico
de sangue nas fezes do paciente, mesmo que o paciente
não tenha percebido o sangramento. Nos casos
com resultado positivo, o paciente deve ser encaminhado
para a colonoscopia.
O enema opaco é um método
radiográfico (Raios X) em que se observa o intestino
grosso após a introdução de contraste
no intestino. Este método é pouco realizado
para o diagnóstico de tumores de intestino, já
que só observa lesões maiores e não
permite a realização de biópsias.
A retossigmoidoscopia é
um exame endoscópico em que se observa o reto
e o cólon sigmóide, locais do intestino
grosso mais comumente afetados pelo câncer colorretal
(70%), e é muito utilizado em check-ups. No entanto,
devido ao aumento do número de casos de câncer
em outros locais do intestino, este exame tem valor
limitado atualmente. Mais do que isto, um resultado
normal de retossigmoidoscopia não exclui de forma
alguma a possibilidade de câncer em outro segmento
do intestino grosso.
A colonoscopia é o melhor
exame para o diagnóstico e acompanhamento dos
pacientes com câncer colorretal, já que
permite o exame de todo o intestino grosso através
de endoscopia. Outra vantagem da colonoscopia é
a possibilidade de diagnosticar e, ao mesmo tempo, ressecar
os pólipos e outras lesões do intestino
que poderiam se transformar em tumores malignos. Em
alguns casos, a colonoscopia consegue retirar até
mesmo pólipos que já apresentam características
malignas, mas que ainda não se aprofundaram na
parede do intestino, ou seja, trata o tumor maligno
do intestino grosso no estágio mais inicial.
O antígeno carcinoembrionário
(CEA) é uma substância presente no sangue
em níveis muito baixos. No entanto, nos pacientes
com câncer de intestino grosso, principalmente
nas fases mais avançadas, o CEA se apresenta
aumentado.
Estadiamento
O estadiamento do câncer
de intestino grosso é baseado no grau de penetração
da parede do intestino pelo tumor, na presença
ou não de gânglios linfáticos comprometidos
e na presença de metástase (tumor em órgãos
distantes). Quanto menos a parede do intestino for penetrada
pelo tumor, menor é a possibilidade de invasão
dos gânglios linfáticos e de metástases,
e maior é a chance de cura. Os índices
de cura para o câncer colorretal são maiores
que 90% quando o tumor é diagnosticado na sua
fase inicial. No entanto, quando há o comprometimento
dos gânglios linfáticos, essa taxa cai
para 50%.
Os principais órgãos
comprometidos por metástases de tumores colorretais
são o fígado (principal) e o pulmão.
O diagnóstico destas metástases é
realizado através de exames de imagem, como ultra-sonografia,
radiografia (Raios-X), tomografia computadorizada e
ressonância magnética.
Tratamento
O tratamento para o câncer
colorretal consiste na ressecção (retirada)
do tumor, através de cirurgia. Durante a cirurgia,
o tumor é retirado junto com os gânglios
linfáticos próximos a ele, e que podem
estar comprometidos. Em seguida, o intestino é
reconstruído, unindo-se os segmentos que estavam
próximos ao tumor. Felizmente, o organismo se
adapta muito bem à retirada desta parte do intestino,
e o seu funcionamento volta ao normal em alguns meses.
Nos casos de tumores de reto,
quando muito próximos ao ânus, após
ressecado o tumor e reconstruído o trânsito
intestinal, realiza-se uma colostomia de proteção.
Colostomia é o nome dado à exteriorização
do intestino grosso na parede abdominal, sendo que as
fezes são coletadas em uma pequena bolsa fixada
na pele do paciente. A colostomia de proteção
é temporária, e tem como objetivo permitir
uma melhor cicatrização do reto.
Nos pacientes em que a musculatura
do ânus foi comprometida pelo tumor do reto, deve-se
realizar a retirada do reto e de todo o canal anal.
Desta forma, o paciente necessitará conviver
com uma colostomia definitiva. Deve-se lembrar, no entanto,
que com o avanço das técnicas cirúrgicas
e dos tratamentos adjuvantes (quimioterapia e radioterapia),
este procedimento é cada vez menos comum.
A cirurgia também tem
como objetivo a identificação e tratamento
de metástases, principalmente as localizadas
no fígado.
Quimioterapia
e Radioterapia
A cirurgia é a principal
forma de tratamento para o câncer colorretal.
No entanto, em alguns casos há a presença
microscópica de tumor, e que não é
completamente ressecada durante a cirurgia. Nestes casos,
deve-se realizar a quimioterapia (cólon) ou a
quimio/radioterapia (reto). Sabe-se hoje, que estes
tratamentos aumentam a chance de cura dos pacientes
em que o tumor não está apenas localizado
na parede do intestino, e já atingiu os gânglios
linfáticos ou outros órgãos.
Nos tumores de cólon,
a quimioterapia está indicada após a cirurgia,
e é realizada naqueles pacientes em que houve
comprometimento dos gânglios linfáticos,
metástase ou cirurgia de emergência devido
ao tumor intestinal (obstrução e perfuração
do tumor).
Nos tumores de reto, realiza-se
quimioterapia associada à radioterapia, e estes
tratamentos podem ser realizados antes ou após
a cirurgia. Quando realizados antes da cirurgia, têm
como objetivo diminuir o tamanho do tumor, reduzir a
extensão do comprometimento dos gânglios
linfáticos e facilitar a cirurgia. Após
a cirurgia, tem as mesmas indicações que
o tratamento para o câncer de cólon.
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