Cálculo
de Vesícula Biliar ( Colelitíase )
O
que é?
Colelitíase é
a formação de cálculos (pedras)
no interior da vesícula biliar (90% dos casos)
ou dos ductos biliares (dentro e fora do fígado).
Nos últimos anos tem havido aumento da incidência
e do diagnóstico desta doença.
Com o uso cada vez maior da
ultra-sonografia abdominal em exames de rotina ou (check-up),
muitos casos de cálculos em vesícula biliar
têm sido diagnosticados, mesmo antes do paciente
apresentar qualquer sintoma.
Os tipos de cálculos
mais comuns são os de colesterol (90%), e em
segundo lugar os de bilirrubina (10%), que ocorrem em
pessoas portadoras de alguns tipos de anemia ou com
deficiência do metabolismo da bilirrubina (pigmento
metabolizado pelo fígado).
Quando
ocorre?
Os estudos têm demonstrado
claramente um aumento da incidência de cálculos
biliares com o passar da idade. Embora rara na população
pediátrica, as crianças com distúrbios
hematológicos (alguns tipos de anemia), e com
dificuldade de absorção de sais biliares
estão predispostas à formação
de cálculos biliares.
A calculose biliar é
mais comum em entre as mulheres, e deve estar ligado
a fatores hormonais, já que há um aumento
do número de casos com a gravidez. Esta variação
hormonal alteraria a motilidade da vesícula biliar,
causando uma dificuldade de esvaziamento, assim como
a alteração do metabolismo do colesterol.
A obesidade também é
um fator de risco, já que nestes pacientes há
um aumento da concentração de colesterol.
A diabetes também causa um aumento na incidência
dos cálculos na vesícula biliar, devido
a uma supersaturação do colesterol.
Sintomas
A presença de cálculos
na vesícula biliar pode se manifestar de várias
maneiras, sendo que muitos pacientes são assintomáticos
(mais de 50%) por vários anos. Nos casos sintomáticos,
a obstrução do ducto da vesícula
biliar por um cálculo pode causar dor no abdome,
principalmente do lado direito próximo às
costelas, conhecida como cólica biliar. A cólica
é causada pela contração da vesícula
biliar contra a resistência imposta pela obstrução
do ducto, e classicamente surge de 30 a 60 minutos depois
das refeições. Caso a obstrução
persista, pode haver a evolução para uma
inflamação aguda da vesícula biliar
(colecistite aguda).
A calculose biliar também
pode se apresentar como “má” digestão,
desconforto abdominal vago, náuseas e vômitos,
ou mesmo flatulência. Este quadro tende a piorar
com a ingestão de alimentos gordurosos, mas todos
os alimentos podem desencadear sintomas.
Diagnóstico
A ultra-sonografia do abdome
é o método de escolha para a avaliação
de pacientes com suspeita de cálculos biliares,
e apresenta um índice de acerto de 95 a 99%.
Tem como vantagens, além da eficácia,
ser um método não invasivo (sem anestesia
ou contraste), sem irradiação, razoavelmente
barato e desprovido de efeitos colaterais.
Os exames laboratoriais podem
mostrar a alteração de enzimas do fígado
e dos ductos biliares. O hemograma estará alterado
no caso de infecção.
Complicações
De todos os pacientes portadores
de cálculos biliares, de 15 a 20% apresentarão
complicações mais graves devido aos cálculos
biliares. Estas complicações podem ser
referentes à obstrução da vesícula
por cálculos maiores, como a colecistite aguda,
ou devido à migração dos cálculos
biliares pequenos da vesícula para os ductos
biliares, como a coledocolitíase, a colangite
e a pancreatite aguda. Um risco associado à presença
de cálculos de vesícula biliar é
o desenvolvimento de câncer de vesícula.
A colecistite aguda é
a complicação mais comum do cálculo
de vesícula. Ela ocorre devido à implantação
do cálculo biliar na saída da vesícula
biliar, causando a obstrução persistente
da vesícula, e conseqüente inflamação
e infecção. As características
da dor da colecistite aguda são parecidas com
a da cólica biliar, no entanto, de maior intensidade,
o que a difere da cólica biliar, e que pode persistir
por alguns dias. Os sintomas se completam com náusea,
vômito, anorexia (perda do apetite) e febre. A
ultra-sonografia mostra, além dos cálculos
no interior da vesícula, um espessamento da parede
(devido à inflamação) e distensão
(devido à obstrução) da vesícula
biliar. O tratamento consiste na ressecção
da vesícula biliar e a administração
de antibióticos.
Coledocolitíase é
o nome dado à impactação de cálculos
biliares no ducto biliar fora da vesícula (este
ducto é chamado de colédoco). Na sua grande
maioria, estes cálculos são originários
da vesícula biliar, que migram para o ducto colédoco.
Os sintomas são dor abdominal em cólica,
que pode ser contínua ou intermitente, associado
à náusea e vômitos. Dependendo da
intensidade da obstrução do ducto colédoco,
os pacientes apresentarão icterícia (coloração
amarelada na pele e olhos) e urina escura (cor de “chá
mate”). A icterícia ocorre devido ao acúmulo
de líquido biliar que não foi esvaziado
do ducto colédoco devido à obstrução.
O tratamento se inicia com a retirada do cálculo
do ducto colédoco através de endoscopia
digestiva ou durante o procedimento cirúrgico,
seguido da ressecção da vesícula
biliar, que é a formadora dos cálculos.
A colangite é a infecção
do ducto biliar causada pela impactação
do cálculo no ducto colédoco. Os sintomas
são febre, icterícia e dor abdominal.
Nos pacientes com infecção grave, pode
haver alteração da pressão sangüínea
e do pulso, assim como confusão mental. Os pacientes
com colangite devem ser internados de forma urgente,
devido ao risco de sepse (infecção generalizada).
O tratamento inicial é realizado com a administração
de antibióticos e hidratação. A
seguir, como na coledocolitíase, o cálculo
dever ser retirado do ducto biliar (colédoco).
A ressecção da vesícula também
deve ser realizada.
A pancreatite aguda é
a inflamação do pâncreas. Esta doença
decorre da obstrução do ducto do pâncreas
por um cálculo que migrou da vesícula.
Os sintomas são dor abdominal forte, febre, náusea
e vômito, além de distensão abdominal.
Em alguns casos a pancreatite pode ser severa, causando
necrose e hemorragia do pâncreas, com risco de
morte evidente. O paciente será submetido à
ressecção do cálculo, assim como
nos casos anteriores. A retirada da vesícula
biliar é realizada após a melhora dos
sintomas da pancreatite.
O câncer da vesícula
biliar é reconhecido como uma complicação
potencial dos pacientes com cálculos em vesícula.
Em particular, esta complicação é
mais freqüente em pacientes com cálculos
únicos e grandes (principalmente os maiores que
três centímetros). De 70 a 90% dos pacientes
com câncer de vesícula apresentam cálculo
biliar, e 0,4% de todos os pacientes com cálculo
de vesícula apresentarão câncer
na vesícula biliar.
Tratamento
Devido ao quadro clínico
da calculose da vesícula biliar, e dos riscos
de complicações sérias, tenho como
rotina em meus pacientes, pela ressecção
da vesícula biliar em pacientes sintomáticos
e/ou com cálculos múltiplos e pequenos
(risco de migração do cálculo).
Nos pacientes assintomáticos e com cálculo
único, a conduta não cirúrgica
e o acompanhamento clínico devem ser a regra.
O tratamento da calculose biliar
consiste na ressecção da vesícula
biliar. Atualmente o método utilizado é
a cirurgia vídeo-laparoscópica. Neste
método, são realizadas quatro pequenas
incisões (cortes) no abdome do paciente, por
onde são introduzidas as pinças e a câmera
de vídeo. O cirurgião realiza o procedimento
através de um monitor posicionado ao lado do
paciente. As vantagens da cirurgia vídeo-laparoscópica
são inúmeras. A recuperação
é rápida, já que a dor é
mínima, por não haver uma grande incisão
(corte). Isto permite que os pacientes retornem às
suas atividades profissionais no menor tempo possível.
O efeito estético também é bom,
porque as incisões apresentam dimensões
pequenas (variam de 0,5cm a 1cm).
Em geral, os pacientes recebem
alta hospitalar no dia seguinte ao da cirurgia.
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