Abscesso Anorretal
O
que é?
O abscesso anorretal é
um processo inflamatório agudo da região
anal, e geralmente é a primeira manifestação
de uma fístula anorretal. A fístula
é um trajeto (“túnel”) que
se forma entre a parede anorretal e os tecidos vizinhos
devido à obstrução de ductos
glandulares do canal anal, com o objetivo de drenar
(eliminar) um processo infeccioso.
Os abscessos anorretais podem
ser decorrentes de outras condições,
como: trauma, câncer, radiação,
queda da imunidade (AIDS, leucemia), dermatite, tuberculose,
doença de Crohn (doença inflamatória
intestinal) e fissura anal.
Abscessos e fístulas
anorretais ocorrem mais comumente em homens do que
mulheres, na proporção de dois homens
para cada mulher. No momento do diagnóstico,
dois terços dos pacientes estão entre
a terceira e quarta décadas de vida.
Sintomas
O abscesso é identificado
como um abaulamento muito doloroso na região
ao redor do ânus, e que causa grande desconforto
ao evacuar e sentar. Este abaulamento é muito
visível nos abscessos mais superficiais, mas
não é tão evidente nos mais profundos.
Nestes últimos, a valorização da
queixa dolorosa do paciente é a chave para um
diagnóstico correto.
No caso do abscesso que ocorre
dentro da parede do canal anal, ocorre dor retal e anal,
sendo que esta é exacerbada com a evacuação.
O paciente também refere a sensação
de reto “cheio”, podendo haver a saída
de pus e muco. O toque retal mostra a presença
do abaulamento dentro do canal anal. Este tipo de abscesso
dever ser sempre diferenciado da trombose hemorroidária
interna, que também é dolorosa e protuberante
no canal anal.
O pus geralmente está
presente no interior dos abscessos, o que pode ser comprovado
com uma simples punção com agulha no próprio
consultório. A presença do pus confirma
o diagnóstico e indica a necessidade de drenagem
cirúrgica. A febre pode estar presente, mas não
é uma regra.
O exame físico revela
uma área endurecida, quente, com vermelhidão
e muito dolorosa ao toque. Em alguns casos, é
até possível observar um local de saída
de secreção purulenta. No entanto, não
devemos esquecer que nos abscessos mais profundos a
história clínica pode ser mais evidente
do que o exame físico.
Nos casos de difícil
diagnóstico, o cirurgião pode sugerir
a realização de exames de imagem, como
a ultra-sonografia, a tomografia computadorizada ou
a ressonância magnética, que identificarão
o local e a extensão do abscesso.
Também está indicada
a realização de hemograma, para a avaliação
do grau da infecção, e de glicemia, devido
ao risco de diabetes associada.
Tratamento
O tratamento é cirúrgico,
e assim que se identifica o abscesso, este deve ser
drenado (esvaziado). Após a retirada do material
purulento, realiza-se a lavagem da região como
soro ou solução antisséptica.
Nos casos mais graves, há a necessidade de
se manter um dreno por alguns dias (24 a 72 horas),
até que toda a secreção residual
seja eliminada. Em alguns casos, pode ser realizada
a lavagem da cavidade drenada através do dreno.
No período pós-operatório,
o paciente deve realizar banhos de assento com água
quente, já que este tem um efeito antiinflamatório.
Os pacientes também
deverão fazer uso de antibióticos, principalmente
naqueles em que há história de diabetes,
doença cardíaca valvular e imunossupressão.
Quanto ao tratamento da fístula
anorretal, alguns cirurgiões apresentam a tendência
a tentar identificar o trajeto fistuloso no momento
da drenagem do abscesso. Na minha opinião,
este é um risco, já que como a área
se encontra muito inflamada, a chance de identificação
correta do trajeto é de 35 a 40%, e um erro
na avaliação pode “criar”
um novo trajeto. Sendo assim, prefiro que o paciente
apresente a cicatrização do abscesso
e que se defina o trajeto fistuloso. Desta forma,
a cirurgia para o tratamento da fístula pode
ser realizado em outra data e de forma mais segura
e definitiva.
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